O idiota do Meu Vizinho.

Capítulo 2.

Por sorte, Sofi estava em casa até então, porém, passaria a noite na casa do namorado, o Lucca.

Como o Gui ia passar a noite lá em casa, e eu não estava nada afim de passar tempo com ele, sai da casa da Sô somente cinco minutos antes do Luc chegar. Mandei uma mensagem para o amadinho da minha mãe:

"Estou saindo da casa da Sofia. Espero que não esteja de pegação no meu sofá. M."

Três minutos depois, sinto meu telefone vibrar no meu bolso:

"Não esquenta, gata. São somente duas minas. G."

Começo a rir sozinha. Realmente será uma longa semana.

Entro em casa sem bater na porta, por óbvio. Espero dar de cara com o Guilherme no sofá da sala, mas não. Estranho, mas logo vou para o meu quarto, onde começo a me despir para entrar no banho.

- Nada mal. Mas acho que poderia ser um pouco mais atrevida com as cores da sua langerrie.- QUE BOSTA ESTAVA ACONTECENDO?

-GUILHERME! SAI DAQUI AGORA!- Grito enquanto jogo meu travesseiro na cara dele. Como o guri se atreve?!

-Hahahahahah! Calma, gata fica tranks. Não vou contar pra ninguém que o teu corpo é bonitinho.- Primeiro: quem fala "Fica tranks"? E segundo, BONITINHO? SÉRIO MESMO? EU MALHEI O ANO INTEIRO PARA UM GURI CHEGAR E FALAR QUE O MEU CORPO É BONITINHO? Tá bom, eu não sou nenhuma deusa, mas se for pra falar do meu corpo tenha um pouco de respeito. Meu Deus, Melissa. Desde quando tu liga para o que esse guri pensa? Respiro e conto até 10 para não bater na cara dele.

-Gui, por favor, eu quero tomar um banho e descansar. Você pode ficar na tua casa hoje de noite, eu não vou morrer por passar uma noite sozinha.

-Eu sei que não vai. Mas faço questão de que tu tenha a minha ilustre companhia, vizinha.

Ignoro a fala dele e vou para o banheiro. Espero que quando a água quente entre em contato com a minha pele eu possa finalmente relaxar um pouco. Meus pensamentos vagam pelos assuntos mais banais possíveis até chegar no Miguel. Ah, o Miguel... Nós éramos felizes, muito felizes. Mas de um tempo para cá, tudo o que construímos juntos pareceu desmoronar de um minuto para outro. Acho que nunca sofri tanto em minha vida.

"Deixe esse assunto para lá, se concentre em ti mesma. Aproveita que está na companhia de um garoto em casa para superar de vez esse menino", meu subconsciente diz. Eu devo estar louca mesmo. Desde quando eu uso os outros? Além do mais, desde quando o Guilherme ia ter algum tipo de atração por mim? NUNCA.

-Melissa, vem que a pizza chegou!- ele grita

-Deixa eu me vestir! Já desço!

Chegando lá embaixo, avisto o Gui deitado no sofá sem camisa com apenas com uma calça de moletom cinza. Me permito pensar que aquela visão é realmente o ponto alto do meu dia.

-Belo pijama...- diz ele. Olho para baixo e vejo os ursinhos que estão estampados na minha camisola curta. Deveria ter escolhido outra coisa para usar. Sinto minhas bochechas avermelharem quando percebo que gostei do comentário dele.

-Hm... Vou comer a pizza lá no meu quarto, se você não se importa.

-Tem razão. Eu me importo.- Oh. Não esperava essa resposta. Ele senta no sofá e olha para o lugar vago ao seu lado indicando que eu deveria me sentar ali. Nada vai acontecer. Não é como se ele quisesse me beijar ou nada.

-Ok..

Quando sento ao seu lado, sinto a eletricidade do seu toque na minha perna se espalhar por todo o meu corpo. Me afasto. Ele olha para mim, provavelmente pensando qual o meu problema.

-Ahn, Gui, tu quer refri?- pergunto, tentando escapar dos pensamentos estranhos que corriam na minha cabeça. Ah, que nojo.

-Não, sem sede hoje.- ele diz.

-Ok, vou ligar o Netflix então.

-Sua casa, se sinta a vontade.

Enquanto olhamos Pretty Little Liars, depois de uma grande disputa, começo a pensar. Nossa, ando muito pensativa.

Começo a pensar em diversas hipóteses do que essa semana com o Guilherme vai causar: uma briga fatal entre nós, o início de uma mera amizade, ou de um relacionamento.

SOCORRO.

O que tá acontecendo comigo?

Eu nem gosto dele. Gosto?

Em qualquer hipótese, não posso me apaixonar por ele.

Não posso e não vou.