Prólogo

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Preste bastante atenção, talvez esta seja a última oportunidade da minha vida. Talvez seja a última vez que contarei minha história. Talvez, você seja a última pessoa a saber como eu me sinto, como vivi cada dia dos últimos nove meses desde que tomei a decisão de não fazer com que ninguém sofra.
Preciso admitir, é uma decisão tola. Sempre farei com que alguém sofra, mesmo não querendo, afinal, não é fácil estar com câncer terminal, leucemia, para ser exato. Eu tenho ideia do que deve estar pensando, "Leucemia tem tratamento. Há como vencê-la.", bem, não pra mim. Tivemos o diagnóstico tarde demais. As chances do tratamento fazer efeito era de 25%, eu sei, quase nada mas, o suficiente para fazer com que os outros tenham esperança.
Sempre achei que eu seria algo grande. Sempre tive grandes planos, sonhos, expectativas, tudo perdido e deixado pra trás com simples palavras: "Seu estado é crítico. O câncer está muito avançado. As chances de um tratamento ser um sucesso são baixas, infelizmente, não há nada que possamos fazer, além das sessões de quimioterapia. Sinto muito.". Este foi meu médico, há doze meses atrás, dando meu diagnóstico, dizendo pra mim, que minha vida era limitada. Não que todas não sejam, mas sabe, você nunca sabe quanto tempo tem de vida. Eu sabia, 16 meses, somente isso. Era o suficiente pra viver tudo o que tinha para viver? Deixarei que descubra isso depois.
Hoje eu estou aqui, há três semanas meu estado ficou crítico e estou internado. Perdi muitos quilos, muito cabelos, muita esperança. Só o que me resta agora, além de minha família, é a figura que está dormindo na poltrona ao lado. Eu vejo ele, é como um anjo, dormindo profundamente, as expressões serenas, calmo e relaxado. Diferente do que eu me acostumei nas últimas três semanas. Ele não sai daqui, não importa o que eu diga, ele não sai. No fundo, eu agradeço por isto, a última coisa que eu queria neste momento é perdê-lo. Se isso acontecesse, eu não teria porquê lutar.
Está prestando atenção? Eu conto com você para que perpetue esta história. Para que ela nunca morra, mesmo depois de eu ter partido.
Este sou eu, Igor Bastos, 20 anos, 1,75m, 54 kg, uma aparência assustadora, devo admitir, mas o que esperar de um paciente nos últimos dias de sua vida, por conta de um maldito câncer?! Eu nem sempre fui assim... Há algum tempo atrás a história era diferente... Espere, ele acordou.

Até o Fim(Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora