Até o Fim(Romance Gay)

Capítulo 1

Deixe eu te contar tudo o que aconteceu, desde o primeiro dia deste longo pesadelo. Eu estava com 19 anos, 1,75m, 76kg. Diferente não?
Eu sou moreno, tenho cabelos e olhos escuros, com um corpo bem cuidado, saudável. Quem me viu nesta época, nunca advinharia o que aconteceria na minha vida nos próximos meses. Enfim, sem mais enrolação...

Já está na hora? É tão tarde assim?
Este sou eu, quando o sinal da última aula da faculdade toca. Segundo dia de aula, primeiro dia no trabalho. Ainda estou me adaptando a esta nova rotina. Se ela é cansativa? Ainda não sei. Descobrirei isso esta semana.
Eu estou no primeiro período no curso de Administração, e consegui um emprego como auxiliar de escritório, uma breve experiência de como seria minha vida depois de quatro anos de curso.

Eram 12:10hrs da tarde, eu tinha exatamente 45 minutos para almoçar e chegar no trabalho, pelo conheci do meu chefe, ele não é de tolerar atrasos, principalmente no primeiro dia. Eu sabia disso, por isso peguei um táxi - a opção mais segura e rápida, mas nada barata - e fui direto para o escritório. Estava decidido a não me atrasar e fazer somente um lanche rápido em uma lanchonete qualquer próxima ao trabalho.

Eu sabia que minha vida, daquele dia em diante, mudaria completamente, se era para pior ou melhor, só o destino poderia dizer. Eu só tinha a certeza de uma coisa, que eu não poderia ter as mesmas atitudes que antes, que estava na hora de agir como adulto, eu deveria amadurecer. Cheguei em frente ao escritório era 12:43hrs da tarde e como previsto, somente um lanche rápido estava ao meu alcance neste momento.

Deixe eu lhes contar sobre o trabalho, foi uma parte essencial da minha vida, por mais curto que tivesse sido o período. Eu trabalharia, a partir daquele dia, em um escritório de contabilidade, a A.G. Contabilidade Associada, era um prédio pequeno, somente dois andares, feitos de mármore e vidro. As cores eram cinza e branco, mas a fachada era toda planejada com um jardim bem colorido, o que dava uma aparência aconchegante ao local. Era uma empresa pequena, tinha apenas 20 funcionários e duas pessoas eram os donos, com uma delas eu trabalharia diretamente, de segunda à sexta-feira. Seu Augusto era um dos donos, ele era o contador da empresa, era um senhor já, beirando seus cinqüenta-e-tantos-anos, mas não se engane, conseguia contabilizar qualquer movimento financeiro de qualquer empresa, era um homem admirável. Um senhor super educado e bem carismático, nos demos bem logo na entrevista, mas ele me disse que não seria meu chefe, que ele já tinha sua assistente e que seu sócio era quem precisava de alguém para lhe "aturar", sim, ele usou esta palavra. Seu sócio era um administrador. Tomava conta de uma das empresas das quais Seu Augusto fazia a contabilidade e, como é meu primeiro emprego, e é na minha área, eu não tinha porque reclamar.

Eu viria a conhecer meu chefe naquele dia, mais um motivo para evitar o atraso, não queria dar motivos para desentendimentos já no primeiro dia. Eu sabia como deveria agir e faria o possível para ser o funcionário perfeito. Eu entrei na empresa, eram 12:55hrs da tarde, estava na hora, pontual. Quando entrei, uma das recepcionistas me atendeu.

- Igor?
- Este sou eu. E você é?
- Eu sou Juliana. É um prazer conhecê-lo.

Juliana era branca e ruiva, tinha um sorriso caloroso e acolhedor. Era bem elegante, alta e magra e usava um terninho azul marinho que combinava com sua aparência. Aparentava ter seus 24 anos. Parecia ser o tipo de recepcionista que qualquer lugar precisa.

- Igualmente, Juliana.
- Seu Augusto deixou umas instruções sobre você e estou responsável em lhe apresentar a empresa e aos funcionários.
- Ele não está na empresa?
- Não. Precisou fazer uma viagem para apresentar o balanço mensal de um cliente, retornará na sexta-feira. Mas ele deixou avisado que não era com ele que você iria trabalhar?
- Sim, já estava ciente disto. Só achei que ele quem iria me apresentar a empresa. Perdão, mas você é a assistente dele?
- Não, sou somente a recepcionista. Beatriz é a assistente de Seu Augusto, mas quando há a necessidade dele viajar, ela precisa acompanhá-lo.

Confesso que fiquei assustado naquele momento. Ele não havia mencionado nada sobre viagens. Eu não poderia deixar uma semana de viagem atrapalhar nos meus estudos.

- Tudo bem. Mas ele não mencionou viagens durante a entrevista. Disse tenso.
Juliana sorriu de um modo tranquilizador e disse:
- Isto é porque somente ele viaja. O seu Gabriel nunca viaja. Administra tudo do escritório mesmo, em vídeo conferências. Por isso a necessidade de alguém para auxiliá-lo.
- Entendo. Então posso começar?
- Animado?
- Um pouco ansioso.
- Não fique, avisarei Seu Gabriel sobre sua chegada, assim ele fica ciente de que não houve atraso e depois eu te mostro a empresa, tudo bem?
- Tudo sim.

Fiquei imaginando como seria a aparência do meu chefe, como ele poderia ser para passar uma imagem de um homem tão rigoroso.

- Seu Gabriel, incomodo? Já chegou... Exato. Dentro de uma hora. Confortável. Não consideraria esta vez, o garoto nunca trabalhou e aparenta ser bem educado e está entusiasmado com o emprego. Tudo bem então.

Eu ficava me perguntando quais perguntas meu futuro chefe teria feito para ter aquelas respostas. E o que, exatamente, era confortável?

- Igor, me acompanhe.

Senti que algo incomodava Juliana e ela tinha ficado nervosa. Isso me causou um certo desconforto. Parecia que meu chefe era mesmo bem severo. Precisava perguntar o que tinha acontecido e onde eu estava me metendo naquele momento.

- Juliana, você está bem?
- Sim, só houve um problema.
- E está relacionado à mim?
- Sim.
- E o que é, exatamente?
- Suas roupas...
- O que tem elas?
- Seu Gabriel faz questão que todos os funcionários que lidam diretamente com ele e com clientes estejam vestidos de forma social.
- Disto eu não sabia.

Eu não sabia de verdade. Na minha mente, eu ficaria preso em algum lugar, e só saíria quando meu chefe me chamasse ou algo do tipo, mas lidar diretamente com clientes era novidade para mim.

- Se houver problema, eu posso ir em casa trocá-las.
- Não, tudo bem.

Era incrível, Juliana sabia como tranquilizar alguém.

Depois de, mais ou menos, quarenta minutos, já tinha conhecido toda a empresa e seus funcionários, faltava, enfim, meu chefe.