Capítulo 12

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— Pode me dizer quem promoveu você ao papel de meu conselheiro? Que inferno! — Simon esbravejou. Estava farto de toda a conversa de Paul.

— Bem, como você tem o dom de afastar as pessoas que o amam, a única opção que tem sou eu! — Paul respondeu, tentando aparentar calma.

Mas Simon podia ver o quão no fim de suas próprias forças seu amigo estava. Ele não poupara palavras ou expressões para demonstrar seu desagrado quanto a sua atitude em relação à Leigh. Paul havia insistido exaustivamente que Leigh e Simon eram almas gêmeas, e Simon respondeu com um sorriso irônico.

Ele não tinha uma alma gêmea... Nunca teria.

Simon recostou-se em sua cadeira, jogando irritado a caneta sobre a mesa.

— Vamos lá, por que você interrompeu meu dia de trabalho? Diga o que quer de uma vez! — concedeu, brutalmente. Não queria ouvir o que Paul tinha a dizer, mas tampouco o queria invadindo seu escritório.

— Você sabe que essa mascara de vilão não me convence, não é? — Paul sentou-se calmamente, encarando-o. — Eu o conheço bem demais.

— Assim você diz! — a ironia tinha como objetivo ofender a Paul, mas Simon sabia que não adiantaria.

— Sabe... — Paul olhava pensativamente para Simon. — Pergunto-me como você consegue conviver consigo mesmo depois da canalhice que fez...

— Paul! — Simon o interrompeu, batendo a mão na mesa, enquanto se levantava, furioso. — Ouça com atenção, por que será a última vez que lhe direi isso. Não se meta! Que inferno, eu não quero a sua opinião! Fiz o que tinha que fazer e pronto! Acabou! — ergueu as mãos em desespero. — Meu deus, como eu queria que você seguisse com sua vida e esquecesse meus assuntos!

— Não! Escute-me você, Simon! Quem pensa que é para brincar com a vida de outra pessoa dessa forma, para usar seus sentimentos...

— Dois meses, Paul... Exatos dois meses que você me importuna com esse assunto, e eu realmente estou no meu limite. — seu tom era ameaçador, mas não surtiu qualquer efeito em Paul.

— Não, Simon, você não sabe o que é estar no limite... Eu estou! Eu estou no limite por que sabia o que você iria fazer, mas me mantive calado... Por que eu via o quanto você estava envolvido com ela e pensava... — toda a raiva que brilhava nos olhos de Paul desapareceu, enquanto ele suspirava pesadamente. Parecia triste e cansado. — Mas estou começando a acreditar que você não tem mais nada de bom, Simon. Que realmente morreu junto com Kara, e não posso mais alcança-lo. Eu tinha esperanças que Leigh poderia ressuscitar você, mas acho que, afinal, você está perdido.

Simon o encarou boquiaberto e desconcertado. Não tinha palavras para responder a ele. Paul era seu melhor amigo, seu único amigo. Era seu irmão, e Simon precisava dele. Ele o mantinha são.

— Não estou perdido, amigo. As coisas só foram como tinham que ser. Estava preparado para isso. Eu precisava fazer isso... Por ela. Ela precisava de justiça...

— Uma justiça que não cabia a você, Simon. Sei que é difícil aceitar que ela se foi, mas você precisa. — os olhos de Paul estavam tristes, mortos. — Não consigo ser seu amigo se não puder admirar você.

O ultimato deixou um silêncio desconfortável. Simon já havia perdido muito, não podia perder Paul também.

— Eu vou seguir em frente, amigo. — Simon declarou, e surpreendeu-se ao soar tão angustiado. Não podia não lembrar que Leigh dissera as mesmas palavras. — Você não tem que se preocupar com isso.

Paul suspirou novamente, passando a mão pelo cabelo.

— Ela está indo embora hoje, Simon.

Fogo queimou dentro dele, consumindo seu coração. Não havia um dia desde que Leigh saíra de sua vida que ele não pensasse nela, que não a desejasse. Depois de todas aquelas manhãs na praia, acordar sem ela na cama agora era vazio. Ele estava dormindo no sofá desde então, embora lá também tivesse lembranças dela.

Dois Caminhos, Um DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora