A Muralha OcidentalO tenente Mac Gillen, da Guarda da Rainha de Fells, encolheu-se sob o vento que uivava dos
descampados ao norte e a oeste. Amarrando as rédeas na frente da sela, ele deixou seu cavalo,
Marauder, percorrer por conta própria a meia milha final da descida até a casa da guarnição de
Portal Ocidental.
Gillen merecia mais que aquele trabalho miserável naquele canto miserável do reino de Fells.
Patrulhar a fronteira era um serviço para o exército: mercenários estrangeiros, os chamados "cães
de guerra", ou a guarda nacional das Terras Altas. Não para um integrante da elite da Guarda da
Rainha.
Estava longe da cidade havia apenas um mês, mas sentia falta da vizinhança agitada de Ponte
Austral, onde havia muita distração nas rondas noturnas: tabernas, salões de jogo e prostitutas.
Na capital, ele tinha bons contatos - gente endinheirada -, o que significava muitas chances
de fazer trabalho privado extra.
Então tudo dera errado. Tinha havido um motim de prisioneiros na Casa da Guarda de Ponte
Austral, e uma rata de rua dos Trapilhos, chamada Rebecca, enfiara uma tocha ardente no rosto
dele, cegando um dos olhos e deixando a pele vermelha, brilhante e enrugada com uma cicatriz.
No fim do verão, ele levara Magot, Sloat e alguns outros para recuperar um amuleto roubado
em Feira dos Trapilhos. Ele fizera o trabalho às escondidas, sob as ordens de lorde Bayar, Grão
Mago e conselheiro da rainha. Eles reviraram o estábulo arruinado de cima a baixo e até cavaram
o terreno, mas não encontraram o faz-feitiço nem Alister Algema, o ladrão de rua que o havia
roubado.
Quando eles interrogaram a gentalha que morava ali, a mulher e a pirralha disseram que
nunca tinham ouvido falar em Alister Algema e que não sabiam nada sobre amuletos. No fim,
Gillen incendiara o lugar com as duas lá dentro. Um aviso a todos os ladrões e mentirosos.
Percebendo a distração de Gillen, Marauder prendeu o freio entre os dentes e partiu em um
galope desajeitado. Gillen recuperou as rédeas e retomou o controle depois de alguns sacolejos
que chamaram a atenção dos outros guardas. O tenente olhou de cara feia para os homens e fez
desaparecer o sorriso do rosto dele.
Era só o que faltava - levar um tombo e quebrar o pescoço em uma corrida morro abaixo
para lugar nenhum.
Alguns chamariam a transferência de Gillen para a Muralha Ocidental de promoção. Ele
recebera um distintivo de tenente, o comando de um torreão imenso e sombrio e uma centena
de outros exilados - todos membros do exército regular -, além de seu próprio esquadrão de casacos azuis. Era um comando maior que seu posto anterior na Casa da Guarda de Ponte
Austral.
Como se ele fosse comemorar por comandar um monte de esterco.
O torreão do Portal Ocidental guardava a Muralha Ocidental e a vila funesta e arruinada de
Portal Ocidental. A muralha separava as montanhas de Fells dos Pântanos Gélidos. Uma terra de
lodaçais e brejos, os Pântanos eram densos demais para nadar e ralos demais para arar,
intransponíveis a não ser a pé até as fortes geadas após o solstício.
No fim das contas, o controle do torreão gerava pouca oportunidade para um homem de
ação como Mac Gillen. Ele reconhecia seu novo posto pelo que era: uma punição por não
entregar a lorde Bayar o que ele queria.
O tenente tivera sorte em sobreviver à decepção do Grão Mago.
Gillen e seu grupo se espalharam pelas ruas de pedra da vila e desmontaram no terreno do
estábulo do torreão.
Quando Gillen conduziu Marauder à estrebaria, o oficial de serviço, Robbie Sloat, levou a
mão à testa como saudação.
- Temos três visitantes de Fellsmarch que querem vê-lo, senhor - disse Sloat. - Eles estão
esperando por você no torreão.
A esperança surgiu em Gillen. Isso poderia significar novas ordens da capital, finalmente. E
talvez um fim ao seu injusto exílio.
- Eles deram o nome? - Gillen jogou as luvas e a capa encharcada para Sloat e passou os
dedos pelo cabelo para arrumá-lo.
- Eles disseram que só falariam com o senhor - respondeu Sloat. Ele hesitou. - São bebês
de sangue azul. Não mais que garotos.
O lampejo de esperança se extinguiu. Provavelmente eram filhos arrogantes da nobreza a
caminho das academias de Vau de Oden. Justamente o que ele não precisava.
- Eles pediram alojamento na ala dos oficiais - emendou Sloat, confirmando os temores de
Gillen.
- Alguns nobres parecem pensar que a gente está cuidando de um albergue para pirralhos de
sangue azul - resmungou Gillen. - Onde eles estão?
Sloat deu de ombros.
- Estão no salão dos oficiais, senhor.
Sacudindo-se para se livrar da chuva, Gillen caminhou até o torreão. Antes de cruzar o pátio
interno, ele ouviu música: uma basilka e uma flauta.
Gillen empurrou as portas do salão dos oficiais com os ombros e deparou com os três garotos,
que mal deviam ter completado a maioridade, juntos ao redor do fogo. O barril de cerveja no
aparador fora aberto e havia canecas vazias diante deles. Os garotos tinham a expressão
preguiçosa e satisfeita de quem havia se banqueteado. Os restos do que fora uma refeição
suntuosa estavam espalhados pela mesa, incluindo o cadáver remexido de um presunto imenso
que Gillen estava guardando para si mesmo.
Em um canto estavam os músicos, uma garota bonita com a flauta e um homem - o pai,
provavelmente - com a basilka. Gillen se lembrou de já tê-los visto na vila, tocando por cobres
nas esquinas.
Quando Gillen entrou, a música parou, e os músicos ficaram imóveis, pálidos e de olhos
arregalados, feito animais capturados antes de morrer. O pai puxou a filha, que tremia, para
debaixo do braço dele, afagou a cabeça loura e falou umas poucas palavras para ela.
Ignorando a entrada de Gillen, os garotos ao redor do fogo bateram palmas preguiçosamente.
- Não é ótimo, mas é melhor que nada - falou um deles com um sorrisinho. - Igual às
acomodações.
- Eu sou Gillen - anunciou ele em voz alta, já convencido de que nada de bom viria
daquele encontro.
O mais alto dos três rapazes ficou de pé graciosamente e jogou para trás a cabeleira negra. Ao
ver o rosto de Gillen, cheio de cicatrizes, o garoto se encolheu e seu rosto nobre se contorceu
com nojo.
Gillen trincou os dentes.
- O cabo Sloat falou que vocês queriam me ver - disse ele.
- Sim, tenente Gillen. Eu sou Micah Bayar, e esses são meus primos, Arkeda e Miphis
Mander. - Ele fez um gesto na direção dos outros dois, que eram ruivos: um magro e o outro
corpulento. - Estamos viajando para a academia em Vau de Oden, mas, como íamos passar por
aqui, me pediram que trouxesse uma mensagem de Fellsmarch para você. - Ele desviou os olhos
na direção da sala de serviço vazia. - Talvez a gente possa conversar ali dentro.
O coração de Gillen acelerou. O homem olhou para as estolas nos ombros do garoto,
bordadas com falcões. A insígnia da família Bayar.
Sim. Reparando melhor, via a semelhança - algo no formato dos olhos do garoto e na
pronunciada estrutura óssea do rosto. O cabelo preto do jovem Bayar estava rajado com o
vermelho dos magos.
Os outros dois também usavam estolas, embora com uma insígnia diferente. Gatos das Torres.
Eles eram três aprendizes de mago, então, e um deles era o filho do Grão Mago.
Gillen limpou a garganta, nervoso e ansioso.
- Certamente, certamente, Vossa Senhoria. Espero que a comida e a bebida tenham sido do
seu agrado.
- Estavam... satisfatórias, tenente - retrucou o jovem Bayar. - Mas agora temo que
tenham caído mal. - Ele afagou a barriga com dois dedos e os outros dois garotos riram.
Gillen pensou que era hora de mudar o assunto.
- Você se parece com seu pai, sabe. Dá para ver em um instante que você é filho dele.
O jovem Bayar franziu a testa, lançou um olhar aos músicos, depois de volta a Gillen. Ele
abriu a boca para falar, mas Gillen se adiantou, querendo terminar o que tinha a dizer:
- Sabe, não foi minha culpa aquela história do amuleto. O tal Alister Algema é um selvagem
e sabe se virar nas ruas. Mas vocês escolheram o homem certo para o serviço. Se alguém pode encontrá-lo, sou eu, e vou trazer o faz-feitiço de volta também. Preciso apenas voltar para a
cidade.
O garoto ficou totalmente imóvel e fitou Gillen com os olhos semicerrados, os lábios
comprimidos em desaprovação. Depois, balançando a cabeça, ele se virou para os primos:
- Miphis. Arkeda. Fiquem aqui. Tomem mais um pouco de cerveja se aguentarem. - Ele
agitou a mão na direção dos músicos. - Mantenham esses dois por perto e não os deixem sair.
O jovem Bayar balançou o dedo para Gillen.
- Você. Venha comigo. - Sem olhar para trás, para ver se Gillen o acompanhava,
caminhou até a sala de serviço.
Confuso, Gillen o seguiu. O jovem Bayar estava olhando pela janela que dava para os
estábulos e apoiou a mão no peitoril de pedra. Ele aguardou que a porta se fechasse atrás dele
antes de se virar para Gillen.
- Seu... cretino - falou o garoto, com o rosto pálido, olhos duros e reluzentes como carvão
de Delfos. - Não posso acreditar que meu pai contrataria alguém tão estúpido. Ninguém deve
saber que você está a serviço do meu pai, entendeu? Se isso chegasse aos ouvidos do comandante
Byrne, as consequências poderiam ser graves. Meu pai poderia ser acusado de traição.
A boca de Gillen ficou seca.
- Sim. É claro - gaguejou. - Eu... hum... pensei que os outros aprendizes de mago
estivessem com você e...
- Você não é pago para pensar, tenente Gillen - disse Bayar. Ele andou até Gillen, com as
costas muito eretas, as estolas balançando com a brisa que entrava pela janela. Conforme Bayar
avançava, Gillen recuou até encostar na escrivaninha. - Quando eu digo ninguém, é ninguém
mesmo - falou Bayar, e tocou no pingente de aparência maligna em seu pescoço. Era um falcão
entalhado em uma gema vermelha e brilhante; um faz-feitiço, como aquele que Gillen tinha
falhado em encontrar em Feira dos Trapilhos. - A quem mais você contou sobre isso?
- A ninguém, juro pelo sangue do demônio que não contei a mais ninguém - murmurou
Gillen, e o medo era como uma faca em suas entranhas. Ele estava parado, os pés ligeiramente
afastados, pronto para se desviar se o aprendiz de mago lançasse chamas nele. - Eu só queria ter
certeza de que Vossa Senhoria sabia que eu fiz o melhor que pude para encontrar aquela joia,
mas que ela não estava em lugar nenhum.
Um lampejo de desprezo passou pelo rosto do garoto, como se aquele fosse um assunto no
qual não queria tocar.
- Você sabia que, enquanto fazia buscas em Feira dos Trapilhos, atrás do amuleto, Alister
atacou meu pai e quase o matou?
Sangue e ossos, pensou Gillen, estremecendo. Como antigo dono da rua da gangue dos
Trapilhos, Alister era conhecido por ser temerário, violento e implacável. Pelo visto o garoto
também era um suicida.
- Lor... lorde Bayar está bem? - Será que Alister está morto?
O jovem Bayar respondeu à pergunta feita e à que não foi feita:
- Meu pai se recuperou. Infelizmente, Alister escapou. Meu pai considera a incompetência
algo difícil de perdoar. Em qualquer um. - A ponta de amargura na voz do garoto pegou Gillen
desprevenido.
- Hum... certo - falou Gillen. Ele emendou, se vendo obrigado a se defender: - É um
desperdício me manter aqui, milorde. Me mande de volta para a cidade, e eu vou encontrar o
garoto, eu juro. Conheço as ruas e as gangues que tomam conta delas. Mais cedo ou mais tarde,
Alister vai aparecer em Feira dos Trapilhos, mesmo que a mãe e a irmã tenham dito que ele não
ia lá havia semanas.
Os olhos do jovem Bayar se estreitaram e ele se inclinou para a frente, com os punhos
cerrados.
- A mãe e a irmã? Alister tem mãe e irmã? Ainda estão em Fellsmarch?
Gillen sorriu.
- Elas foram queimadas, eu acredito. Incendiamos o lugar com elas dentro.
- Você matou as duas? - O jovem Bayar olhou para ele. - Elas estão mortas?
Gillen lambeu os lábios, sem saber ao certo onde havia errado.
- Bem, eu imaginei que isso mostraria a todo mundo que é melhor falar a verdade quando
Mac Gillen faz uma pergunta.
- Você é um idiota! - Bayar balançou a cabeça devagar, com os olhos fixos no rosto de
Gillen. - Nós poderíamos ter usado a mãe e a irmã de Alister a fim de atraí-lo para fora do
esconderijo. Poderíamos ter algo para oferecer em troca do amuleto. - Ele fechou o punho no
ar. - Nós poderíamos pegá-lo.
Ossos, pensou Gillen. Ele nunca conseguia dizer a coisa certa para um mago.
- Você acha que sim, mas, acredite, um dono da rua como Alister tem o coração frio como
o rio Dyrnne. Você acha que ele se importa com o que acontece à mãe e à irmã? Não. Ele não se
importa com ninguém, além de si mesmo.
O jovem Bayar dispensou aquilo com um gesto da mão.
- Agora nunca saberemos, não é? De qualquer modo, meu pai não precisa mais dos seus
serviços na caça a Alister. Ele enviou outras pessoas para essa tarefa. Eles conseguiram tirar as
gangues de rua da cidade, mas não tiveram sorte em encontrar Alister. Temos razões para
acreditar que ele saiu de Fellsmarch.
O garoto esfregou a testa com a palma da mão, como se estivesse com dor de cabeça.
- De qualquer forma, se um dia cruzarem com Alister, por acidente ou de outra forma, meu
pai quer que o tragam vivo e ileso, com o amuleto. Se você pudesse providenciar isso, seria, é
claro, muito bem recompensado. - O jovem Bayar tentou soar indiferente, mas a rigidez ao
redor de seus olhos o contradizia.
O garoto odeia Alister, pensou Gillen. Era pelo fato de Alister ter tentando matar o pai dele?
De qualquer forma, Gillen podia ver que não havia razão para insistir em seu retorno a
Fellsmarch.
- Muito bem, então - disse, fazendo um esforço para disfarçar a decepção. - Então. O
que o traz ao Portal Ocidental? Você disse que tinha uma mensagem para mim.
- Uma questão delicada, tenente. E vai exigir discrição. - O garoto deixou claro que
duvidava da discrição de Gillen. O que quer que isso fosse.
- Mas é claro, milorde, pode contar comigo - falou Gillen com ansiedade.
- Você ouviu falar que a princesa Raisa está desaparecida? - perguntou Bayar
abruptamente.
Gillen tentou manter a expressão neutra. Competente. Cheio de discrição.
- Desaparecida? Não, milorde, não sabia disso. Recebemos poucas notícias aqui. Eles têm
alguma ideia...
- Acreditamos que há uma chance de ela ter saído do país.
Ô-ou, pensou Gillen. Então ela fugira. Será que tinha sido uma briga entre mãe e filha? Um
romance proibido? Um plebeu, quem sabe? As princesas Lobo Gris eram conhecidas por serem
teimosas e aventureiras.
Ele tinha visto a princesa Raisa de perto uma vez. Ela era pequena, mas tinha um corpo
bonito, uma cintura que um homem poderia envolver com as mãos. Ela o olhara de relance com
aqueles olhos verdes de feiticeira, depois murmurara alguma coisa para a mulher ao lado dela.
Isso tinha sido antes. Agora, as mulheres viravam o rosto quando ele se oferecia para lhes
pagar uma bebida.
Antes, a princesa poderia ter se deixado levar por alguém como ele - um militar, homem do
mundo. Ele até pensara em como seria...
A voz de Bayar o interrompeu:
- Você está escutando, tenente?
Gillen forçou a mente a voltar para o assunto em questão.
- Sim, milorde. Claro. Hum. Qual foi a última parte?
- Eu falei que ela também pode ter se refugiado com os parentes ruivos do pai, no Campo
Demonai ou no Campo Pinhos Marisa. - Bayar deu de ombros. - Eles dizem que ela não está
com eles, que deve ter ido para o sul, saído do reino. Mas a fronteira ao sul está bem protegida.
Portanto, ela poderia tentar sair pelo Portal Ocidental.
- Mas... para onde ela iria? Tem guerra por toda parte.
- Ela pode não estar raciocinando claramente - disse Bayar, sua face pálida corando. -
Por isso é importante que a gente a encontre. A princesa-herdeira poderia se colocar em perigo.
Ela poderia ir para algum lugar onde a gente não possa alcançá-la. Isso seria... desastroso. - O
garoto fechou os olhos, remexendo nas mangas. Quando os abriu e viu Gillen fitando-o, deu
meia-volta e olhou de novo pela janela.
Hum, pensou Gillen. Ou o garoto é um bom ator ou está realmente preocupado.
- Então precisamos ficar de sentinela aqui no Portal Ocidental - disse Gillen. - É isso que
você está dizendo?
Bayar acenou sem se virar.
- Nós tentamos abafar o assunto, mas a notícia de que ela fugiu se espalhou. Se os inimigos
da rainha a encontrarem antes de nós, bem... você compreende.
- Certamente - falou Gillen. - Ah, acham que ela está... viajando com alguém? - Aí
estava. Essa era uma maneira inteligente de colocar a coisa, para descobrir se ela fugira com
algum rapaz.
- Nós não sabemos. Pode estar sozinha ou talvez esteja viajando com os ruivos.
- O que exatamente lorde Bayar gostaria que eu fizesse? - perguntou Gillen,
empertigando-se um pouco.
Agora o garoto se virou para encará-lo.
- Duas coisas. Queremos que você organize uma patrulha para a princesa Raisa na fronteira
e a intercepte se ela tentar cruzar o Portal Ocidental. E precisamos de um grupo de guardas de
confiança para cavalgar até o Campo Demonai e verificar se ela não está mesmo lá.
- Demonai! - falou Gillen, menos animado. - Mas... você não... você não acha que
vamos enfrentar os guerreiros Demonai, não é?
- Claro que não - disse Bayar, como se Gillen fosse um idiota. - A rainha notificou os
Demonai de que a guarda visitará os campos das terras altas para conversar com os selvagens.
Eles não podem recusar. Claro, eles vão saber que vocês estão chegando, então você vai ter que
cavar mais fundo para descobrir onde está ou esteve a princesa.
- Você tem certeza de que eles estão nos esperando? - perguntou Gillen. Os Andarilhos das
Águas eram uma coisa. Eles sequer usavam armas de metal. Mas os Demonai... ele não tinha a
menor vontade de enfrentá-los. - Não quero acabar cheio de flechas dos ruivos. Os Demonai
têm venenos que apodrecem o...
- Não se preocupe, tenente Gillen. - O tom de Bayar era ríspido. - Você ficará
perfeitamente seguro... a menos, é claro, que seja pego xeretando por aí.
Ele enviaria Magot e Sloat, decidiu. Eles estavam mais bem-preparados para essa tarefa. Era
melhor que ele ficasse ali, e atento à princesa. Isso precisaria ser tratado com cuidado e cabeça
fria. Além de discrição.
- Imagino que você precise de, pelo menos, um batalhão de soldados para fazer uma busca
completa.
- Um batalhão! Eu tenho apenas uma centena de soldados, além de alguns guardas - falou
Gillen. - Eu não confio nos mercenários nem nos soldados das Terras Altas. Vai ter que ser um
esquadrão, isso é tudo que posso dispensar.
Bayar deu de ombros; não cabia a ele resolver os problemas de Gillen.
- Um esquadrão, então. Eu iria pessoalmente, mas, como sou um mago, é claro que estou
proibido de me aventurar nas Montanhas Espirituais. - Bayar novamente acariciou a joia
chamativa que pendia de seu pescoço. - E meu envolvimento não poderia deixar de levantar
perguntas difíceis.
Sem dúvida levantaria perguntas, pensou Gillen. E por que um aprendiz de mago se
intrometeria em questões militares? Proteger as rainhas Lobo Gris era tarefa da Guarda da Rainha e do exército.
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A Rainha Exilada
Ngẫu nhiênComo eu promete, aq está a continuação da história do livro O Rei Demônio.