Fria como o inverno.

Fria como o inverno. Capítulo 1 - Lembranças vem a tona, dezembro.

     - Isabela Louise, deixa de frescura e coloque logo alguma roupa, a gente vai ir no mercado, não em um desfile de moda, menina! - minha mãe falou da escada. Já fazia trinta minutos que eu estava no quarto escolhendo uma roupa. Eu realmente precisava estar bonita, nunca se sabe quem podemos encontrar..

     - Já vai, mãe! - eu gritei de volta, mas na real, eu vou demorar e ela sabe disso..

          (Uma hora depois)

     - Eu ainda não acredito que não deixaram a gente comprar todas as coisas. - cheguei bufando em casa.

     - Claro né filha! Você demorou para se arrumar e quando a gente chegou, o mercado já estava quase fechando, nem começa a reclamar. - ela já veio botando toda a culpa em mim e pra completar... - e sem falar que você só ficava encarando aquele menino do caixa! - eu sabia que ela ia tocar no assunto.. Eu realmente não vejo problema em ficar encarando esses gatos por aí, afinal, olhar não tira pedaço e nem quer dizer que eu quero algum! Deus me livre, não quero ninguém por um bom tempo.

     Eu fiquei olhando minha mãe, encarando.. E chegou um momento que ela se irritou e saiu a passos. Eu amo fazer isso, pelo menos ela me deixa em paz! Fui direto para um banho, estava precisando, realmente meu cabelo estava horrível.. Saindo de lá, coloquei meu pijama e deitei na cama.. E então, do nada veio aquelas lembranças e junto as lágrimas. Por que justo hoje? Estava tudo tão bem até agora..

          Flashback on...

     Foi no meu aniversário de treze anos.. Era um dia muito frio, e eu estava em casa, como sempre, peguei meu cobertor e fui para a sala, dei uma passada no banheiro e me olhei no espelho, sempre quis ser bonita, mas olha para mim, por que isso? Por que sou tão feia assim? Decidi que não iria sair de casa, de jeito nenhum.. (Pelo menos era isso o que eu achava.)
     Mais tarde minha mãe avisou que iria no mercado e que eu iria junto de qualquer maneira, e eu queria mesmo, sabia que ela iria me dar vários doces e porcarias.
     Coloquei qualquer roupa e fui. Eu quase pirei, minha mãe me deixou escolher tudo o que eu queria, e no final ela pediu para eu ajudar o moço a levar as compras no carro, mas eu não vi moço nenhum, e fui levando, e de repente esbarrei em um menino um pouco mais alto que eu, loiro, olhos azuis, a pele meio bronzeada, o menino mais lindo que eu já vi, a gente se esbarrou tão forte, que ele acabou caindo e eu por cima dele, foi o momento mais constrangedor da minha vida, e por outro lado não, ele levantou e me ajudou a levantar também, e a gente ficou sorrindo, se olhando e se admirando [...]

          Flashback off...

     Eu não queria lembrar disso, eu achei que tudo iria dar certo, eu acreditei nisso e acabou, de uma hora para outra, acabou tudo. Ali estava eu, chorando sem parar, nada me fazia parar, nada mesmo.

          (No dia seguinte)

     - Bom dia, minha chorona. - eu não acredito que minha mãe chamou ele, eu sei que ele é meu melhor amigo, e que sempre me ajuda, mas eu não queria ver ninguém.

     - O que você está fazendo aqui? - minha voz estava horrível devido ao que aconteceu na noite passada.

     Matheus, era meu melhor amigo desde criança, a gente cresceu juntos. Ele sabe toda a minha vida, todos os meus medos, todos os meus traumas, e sabia também porque eu estava chorando. Ele sempre foi um anjo pra mim, no meu aniversário de 15 anos, que havia acontecido em agosto, ele esteve comigo desde o momento que eu acordei, até o último minuto da minha festa, e também foi meu par de honra, porque só ele para me aguentar todos esses anos. Ele tem uma pele mais morena, cabelos castanhos, olhos verdes, e um sorriso de pirar qualquer mulher, com certeza, ele era muito bonito, no fundo eu achava ele muito bonito pra ser só meu melhor amigo...

     - Calma mulher, eu vim te ajudar, e não foi sua mãe que me chamou aqui. Eu vi o que você postou no twitter.. "eu não acredito que estou chorando por causa daquele idiota", vamos combinar né amiga, ninguém precisa me avisar nada quando se tem rede social. - ele falou de um jeito tão clichê imitando minha voz que eu cai na gargalhada..

     - É por isso que eu te amo!! - falei, lhe dando um abraço.

     - Ok, eu sei, eu também Isa, mas agora vai tomar um banho, se vestir, passar uma maquiagem, porque você está com uma cara amassada, pelo amor, e depois vamos tomar um sorvete, como eu sei que você iria demorar vim bem cedo, vou conversar um pouco com sua mãe, vou me arrumar e volto em uma hora pra te buscar. - ele falou, e eu fiquei admirando como ele me conhecia tão bem.

     - Ninguém me conhece tão bem quanto você. - lhe dei um beijo, arrastei ele porta a fora, e fui para o banho.