Heart of Stone

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Eu era apenas um mero escritor de algo que as adolescentes chamam de fanfiction.

As histórias continham grande parte de sentimentos e acontecimentos da minha vida e de repente: Parei.

Parei de escrever, parei de prosseguir com minha vida.

Sintia falta daquele fogo ardente que era minha criatividade, principalmente de momentos, por mais simples que fossem, alegres.

"Um mundo de mentiras".

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- Levi, hoje você tem que ir comigo naquela praça, vai ter músicos de rua e acho que pode acabar te alegrando também! - ouvia Hanji Zoe comentar, fechando seu livro de auto ajuda, seja lá o que for.

Hanji seria o que vocês chamam de "hermafrodita". Seu sexo indefinido e o modo extrovertido, imperativo me causava ânsia, por mais amigo (a) que fosse. Nunca tive problemas em dizer a verdade.

- Sabe o que acho de seus costumes de sair e fazer o alegrinho. Para mim tanto faz... - falo me levantando da poltrona e abrindo a cortinha da janela, vendo as pequenas pessoas andarem para lá e para cá na avenida. - A vida já fora alguma coisa, Zoe.

Fechei a cortina e a encarei.

Hanji não tinha mais o sorriso em seu rosto, mas segurava uma cartela de remédios e um copo d'água. Ambos estendidos em minha direção. Minha expressão se tornou carrancuda. Sabia que ela queria que eu os usasse.

- Não irei utilizar os anti-depressivos que aquela péssima psicologa me receitou. Se depressão fosse algo de se resolver com a merda de um remédio, não teria essa porra de ir pra um consultório, sentar em qualquer lugar que ele indicasse e mandar você dizer coisas fúteis de sua vida inútil. - cuspi indo até minha amiga e peguei a cartela de suas mãos, a esmagando e jogando na lata de lixo mais próxima.

- Levi não precisa...

- Não precisa o que, sua quatro-olhos maldita? - perguntei com raiva. Estava de saco cheio por saber que ela também queria cuidar da minha vida. - Não posso ser capaz de viver sozinho, tenho que ter uma babá como você também!

Ele fungou audivelmente, dando inicio a um choro silencioso.

- Ah, pelo amor! Vai chorar agora, princesinha? - falei debochando e então puxei seu pulso, apertando-o, fazendo Zoe ficar mais próximo de meu rosto. - Por que você não vai e corre pra trás do rabo de saia da tua mãe? Está com medo, criança?

- Pa-pa-para Levi. Está me machucando... - Hanji dizia em sussurros. Soltei seu braço e a empurrei após abrir a porta de meu apartamento.

- Suma da minha frente. Suma da minha vida, sua infeliz.

- Levi, para! EU SÓ QUIS TE AJUDAR! - ela gritou e eu apenas fiz a coisa mais sensata. Bati a porta com tudo em sua cara.

Ouvi um choro alto e soluços vindos da mesma pessoa que expulsei porta à fora. Eu estava preocupado com ela, não queria que me levasse a mal, porém era o único modo de afastar ela de vez das ondas que me tragavam para o fundo do mar escuro e tempestuoso.

Me escorei na porta, na esperança de que me desse algum apoio físico, apenas ouvindo o barulho surdo da porta do elevador sendo fechada e do impacto de meu peso de 51kg contra a madeira. Escorreguei ao mesmo tempo que cada gota de lágrima caía dos olhos acinzentados e sem vida, molhando minha camiseta dos Beatles.

A calça que eu usava já não era mais a mesma. Todas em meu guarda-roupa caíam, obrigando-me a utilizar cintos de diversos tipos. Zoe havia me presenteado com suspensórios azuis, pretos e vermelhos, os quais mais me deixavam confortável do que um pedaço de couro afivelado na cintura.

Meu cabelo beirava o meio das costas e vagamente me fazia lembrar dos elogios que meu ex dizia. Ele gostava de cabelos longos para ser possível puxa-los e que meu rosto era feminino demais para ter algum cabelo de corte masculino. Fazia-me vestir mais arrumado como mulher para compensar seu lado desleixado, seus cabelos mal lavados e de tom laranja com fios castanhos.

"Poderia simplesmente ignorar essas porcaria de memória mas pra que? Não adianta lutar, elas sempre voltam."

Fazia duas semanas que eu terminei com meu ex em uma briga pública. Fomos parar na psicóloga, onde nos xingamos de tudo quanto é nome. Ele, para provar, ainda ousou postar em redes sociais que havia deixado eu me fazer de vítima. Que eu era um coitado.

Mal sabia que os tapas e socos desferidos após uma conversa aos gritos por parte dele, com um tapa leve de brincadeira vindo de mim, poderiam resultar em sua ida para o hospital. Sim, eu era mais forte do que ele, mas quem disse que consegui continuar a cotovelada direcionada ao seu rosto?

Orgulho. Senti orgulho por saber que não havia batido, apenas disse "Não vou revidar porque não vou me rebaixar ao seu nível, queridinho" e saí porta a fora das três testemunhas que agora me veem à cabeça. Vejo eles até hoje em lugares que já frequentei.

Saí de meu topor e recordações ao ouvir o telefone tocar. Levantei-me do chão e andei o que era necessário para chegar ao aparelho, clicando na bolinha verde e atendendo.

- Levi, por que fez aquilo com a Hanji? - a voz de Smith preenchia meus ouvidos trazendo mais um pesar.

- Você sabe muito bem. Ela me irrita fácil. - respondi com desprezo. Precisava soar convincente, não poderia ter falado tudo aquilo para não resultar em nada.

- Levi...

- JÁ CHEGA TÁ? EU ODEIO VOCÊS PREOCUPADOS EM RELAÇÃO À MIM! EU ODEIO SER TRATADO COMO FILHO DE VOCÊS! FODA-SE A AMIZADE QUE PENSEI ALGUM DIA TER ENTRE NÓS TRÊS! VÊ SE ME ESQUECE, PRAGA. - gritei, tacando o celular com tudo na parede mais longe do ambiente.

Não me contentando em ve-lô destruído no chão, peguei os portas-retrato com as fotos de Mike, Erwin, Hanji e Nanaba, quebrando-os no chão, os pisoteando. Peguei os vasos que ganhei em um de nossos amigos ocultos e espatifei ambos no chão.

Revirei os panos que cobriam o sofá e os taquei em algum lugar, assim como as almofadas que abri com a droga de um canivete que carregava em meu bolso. Canetas, livros, estantes, aparadores sofreram com meu surto.

Parei. Observei.

As minhas lembranças (fotos), rasgadas em pedacinhos.

Os livros que meus pais me deram, com falta de páginas.

O colar com a foto de minha mãe, jogado no chão entre aquela bagunça.

Tudo se encontrava quebrado e estraçalhado.

Era um reflexo nítido.

De mim.


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Oi pessoas, tudo bem?

Deixa eu explicar direito como essa fanfic funciona.

A fic é baseada em minha vida, porque não acho que reter certas coisas dentro de mim seria algo positivo e achei um caminho pra me "libertar", no caso escrever. Não sou muito fã de recordar do passado, até porque já passou, mas tem coisas que a gente não esquece, por mais pequena que seja.

Essas lembranças podem ser mal traduzidas ou até uma droga pra vocês mas é que cada um tem sua realidade de vida e essa foi a minha antes de arranjar minha namorada atual que me ajuda a me tornar mais forte a cada dia c:

Espero que gostem e comentem, qualquer coisa.

(OBS.: Não revisei esse primeiro capítulo por preguiça e porque estou passando mal só de escrever, desculpa pelos erros ortográficos e de concordância)


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⏰ Última atualização: Aug 02, 2015 ⏰

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