Destino#NYC

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"Come ti vidi m'innamorai, e tu sorridi perché lo sai."

"Quando te vi, me apaixonei, e você sorriu porque sabia."

Arrigo Boito




Prólogo

As movimentações peculiares que eram as festas de final de ano na casa da tia Josi nos deixavam extasiadas. Repletas de parentes, agregados e amigos, a véspera do Natal tinha se tornado um acontecimento social importante e altamente esperado inclusive pelas crianças, o ano todo. Sem contar que o papai Noel já tinha aparecido e nos enchido de presentes!

A casa tinha um perfume singular. Uma mistura do frescor do pinheiro natural, que todos os anos buscávamos no Ceasa, com a elegância dos perfumes franceses dos convidados, misturado com a tentação cítrica do peru de Natal, temperado com Laranja.

Não se encontrava um só cômodo que tivesse sido esquecido na arte da decoração em vermelho e verde, típica desta época do ano. Sem dúvida era o mês mais aguardado por todos os Mendes.

Nossos olhos brilhavam como os piscas na enorme arvore no canto da sala, onde agora só havia papéis de presentes rasgados e fitas amassadas.

Karen e eu nos acomodamos atrás do sofá vinho enorme, onde minha mãe e tias fofocavam e fizemos nosso pequeno mundo particular entre almofadas e cortinas.

-Karen, esse gatinho que o papai Noel te deu não pode chamar Papel! Precisa ser algo mais fofo, como algodão, mingau, bolinha...

-Ele só quer saber de comer papel, Sofy! Vai chamar papel sim... ou então Honduras.

-Mas o que é isso? É nome?

-Acho que sim, escutei a tia Mariana falar que vai para lá.

-Neste caso prefiro Papel... afinal, ele é branco igual a uma folha.

Ficamos rindo e brincando com nossos mimos até percebermos que quatro senhoras, incluindo nossas mães, se esgueiravam para sussurrar sobre alguma conhecida. Somos mulheres e acima de tudo, curiosas por natureza... ou eu diria investigativas desprovidas de interesses profanos.

Sem precisar dizer uma só palavra, Karen entende meu sinal e encostamos nossos corpos o máximo possível para escutar o que tanto cochichavam.

-Não pode ser verdade que a Maria Paula está na rua da amargura! Isso deve ser algum comentário maldoso que surgiu. Alguma invejosa.

-É verdade. - responde minha mãe que nunca mente- O Artur me disse que não sobrou nada da herança. Depois de três anos de casada, o safado do Tomás perdeu tudo, como se não bastasse todo o sofrimento que nós a vimos passar estes anos, sendo traída incessantemente por ele.

-Coitada! Deve estar sofrendo horrores. Dizem que se refugiou na casa de campo da irmã para tentar tomar algum rumo na vida, depois que ele fugiu para Europa com a contadora.

-Ele deve ter planejado tudo! Casou-se com esta intensão. Só ficou o tempo necessário de vender os bens e transferir todo o dinheiro para alguma conta na Suíça.

-Não creio nisto, Rita! Eles pareciam se gostar quando casaram.

-Catarina, não seja ingênua. Des do começo dava para notar a prepotência e ambição dele. Era somente um funcionário da empresa do pai dela que aproveitou a herdeira romântica e aplicou o golpe mais manjado de todos!- minha tia Josi sempre se achou esperta, e não acreditava no poder do amor.

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