O cara gato.

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Bom, eu estou aqui por que acabei de assistir um filme melancólico que me fez chorar horrores, litros e litros de lágrimas ouriçadas por um romance cujo fim foi triste até demais em minha sincera opinião, ah e antes que me esqueça, me chamo Beatriz, tecnicamente a menina mais tristonha da face de todo esse planeta designado a me ferrar, basicamente me ferrar e ferrar.

-Menina, saia desse quarto logo, ou vai se atrasar para seu psicólogo!. - Uma mulher aborrecida cujo por natureza infelizmente é minha mãe disse, quer dizer, gritou.

A ignoro completamente, eu fico trancada quase 24 horas por dia nesse quarto enjoativo que leva uma decoração infantil. Meus pais nunca ligaram para mim, não estão preocupados com meu estado emocional nem físico. As lágrimas teimosas ainda caíam pela minha face, oh droga de conto romântico que me fez chorar.

-Saia logo, antes que seu pai arrombe essa porta!. - Aquela mulher estava com um tom mais agressivo e então resolvi responder, não podia ficar sem uma porta no meu refúgio.

- Grande bosta!Que inferno, já estou indo!. - Gritei e por imediato escutei passos daquela mulher que provavelmente estava descendo as escadas.

Quem disse que eu preciso de psicólogo? Tá, tá talvez eu precise mesmo, mas ninguém precisa ficar sabendo. E bom, não estou afim de ficar despejando praticamente todos meus problemas adolescentes para um desconhecido que estava sendo pago para tal ato.

Coloquei uma roupa qualquer, pois não tinha muitas para poder escolher. Resolvi então, descer e encarar todas aquelas pessoas que de fato me odiavam bastante.

- Finalmente garota, vamos. - Meu querido pai exclamou nervoso e me puxou até aquele carro luxuoso nojento.

Depois de 30 minutos escutando músicas horríveis e balançando naquela estrada com lombadas elevadas até demais, chegamos ao meu destino.

- Comporte-se. - Minha mãe exclamou com um olhar fuzilador, oh que medo.

- Sejam bem vindos, essa é a? -Um homem apareceu com um sorriso enorme que para mim não fazia diferença alguma.

- Beatriz, minha querida filha. - Escutei o tom de nojo da minha querida mamãe que ousou colocar seus braços em volta de meu corpo.

- Que droga, tire suas patas de mim!. - Eu exclamei e todos daquele lugar me olharam incrédulos. - Vamos ser diretos, quero ir embora logo dessa porcaria. - Eu disse e o senhor me encaminhou até uma sala totalmente branca.

- E então, pode começar a contar, sei que você encara todos eles como seus inimigos, mas aqui, sou  seu amigo e não apenas um profissional. - Ele disse sorrindo.

Depois de horas naquela bosta de sala com um total desconhecido, finalmente pude ir embora, sozinha. Estava caminhando por um local totalmente vazio onde não se encontrava uma alma sequer, momento perfeito para uma garota entolada de problemas e tristezas desabar.

- Ah grande merda. Vida perfeita não existe. Carros de luxos são apenas faixadas de uma vida totalmente desgraçada por uma garota que só sabe trazer problemas. Não existe amor verdadeiro, não existe!Que droga!.Um sorriso pode esconder um presente infeliz e merda... Eu sou um problema!. - Gritei e minha voz frustada ecoou pelo ambiante vazio.

- Profundo. - Escutei uma voz masculina atrás de mim. - Mas descordo. - Ele disse com um tom seriamente bizarro.

- Talvez eu não tenha pedido sua opinião, e talvez, eu nem te conheça, então não faz diferença nenhuma na minha vida. - Eu disse sínica e então me virei para ver a pessoa que escutou meu desabafo.

- E talvez, você seja uma pessoa infeliz que desconta seu fracasso nos outros, ou, uma pessoa muito que ousou me desafiar. - O tal garoto disse sarcástico e humorado ao mesmo tempo.

Que garoto maravilhoso. Seus fios castanhos, seus olhos profundamente azuis. Que me lembravam mais que o mar. Mais que o fundo do oceano. Me lembravam algo tão único e especial, que eu podia ficar um dia inteiro apenas os observando.

- Bom, eu faço parte dessas duas opções, mas me considero mais do que infeliz, ou talvez, uma infeliz ... - Disse e apenas me embolei toda, nem a pessoa com o QI mais alto do mundo poderia entender ou compreender todos esses sentimentos estranhos que estavam atacando meu estômago e me trazendo espontaneamente uma vontade imensa de sorrir, que droga.

- Eu, acho que você é uma pessoa má que adoraria tomar um sorvete comigo. - Ele jogou uma piscadela e se aproximou.

- E por que eu deveria? Você pode ser muito bem um assassino que está prestes a me matar e depois me esquartejar em milhões ou talvez trilhões de pedacinhos. - Disse humorada.

- Só vai descobrir, se me acompanhar. - Ele disse e sorriu sarcástico.

- Isso é golpe baixo, talvez devesse saber que sou uma pessoa a tal que é tão curiosa que sairia com um estuprador ou assassino do governo só para descartar ou comprovar hipóteses que aprofundaram-se em sua mente. - Eu disse e ele sorriu humorado.

- Vamos senhora curiosa que está prestes a sair com um assassino perigoso? - Ele disse com um tom de esportiva e eu apenas assenti, saímos andando pelas ruas frias de outono até uma sorveteria.

- Mas está frio, vamos parecer basicamente loucos a tomar sorvete nesse total colapso de inverno. - Eu disse.

- Vamos considerar que estamos no outono e não no inverno. - Ele deu novamente uma piscadela e eu rolei meus olhos.

- Se estiver me chamando de burra eu... - Deixo a frase no ar e gargalhamos juntos.

- Me dê seu número vai. - Ele disse apressado.

- Tá bom, mas se for um assassino eu não me importo se levar minha mãe. - Eu disse e ele me olhou incrédulo. - Brincadeira. - Levei minhas mãos como defesa e sorri falsa. - Aqui. - Lhe entreguei um papel que levava meu número anotado e ele saiu andando sem despedidas.

- Que maluco. - Suspirei e sai andando em direção a minha querida casa. 

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