Nicholas James, o homem mais lindo do planeta, estava completamente sem roupa, com apenas umlaço cobrindo seu pau.Steph ficou boquiaberta. E não apenas isso, com o queixo caído mesmo, e com os olhosarregalados. Sem pensar duas vezes, ela removeu o laço de fita vermelha e ficou babando ao ver oque ele escondia. Ai. Meu. Deus."Minha nossa, Steph", murmurou Elaine, sua assistente jurídica, trazendo-a subitamente de volta aoambiente festivo da sala de reuniões do escritório, envolvido pelo som de Frank Sinatra entoandocanções natalinas. "Não é possível que o seu presente de amigo secreto seja tão ruim assim. Deixa euver." Ela estendeu a mão, mostrando as longas unhas postiças com desenhinhos de bonecos de neve.Segurando a caixa embalada em papel metalizado junto ao peito, Steph entregou o vale-presente dorestaurante, que estava por cima da foto - aquela com o lacinho estrategicamente colado paraimpedir que ela tivesse uma visão completa."Aaaahh, que legal. Eu adoro o Dominico's." A boca pintada de vermelho de Elaine se curvou emum sorriso. "Eu quero ir com você. Os caras com quem eu costumo sair são sovinas demais para melevar lá.""Hã..." Steph virou a cabeça à procura do homem nu de seus sonhos. Obviamente, Nicholas nãoestava sem roupa naquele momento. Não em plena festa de Natal da Mitchell, Jones & Clark. Eleestava vestido com sua belíssima calça azul-marinho feita sob medida, uma camisa imaculadamentebranca, uma gravata azul e um colete branco de seda. O fato de ele usar sempre o terno completo eramais um motivo de admiração para ela. De alguma forma, a elegância daquelas roupas acentuavaainda mais o apelo rústico e másculo de seu corpo. Ele era solteiro e maravilhoso e, como todos oshomens com essas características, tinha um estilo de vida que colaborava com a manutenção de suaboa forma.Era o tipo de cara por quem as mulheres caíam de quatro. Ela, porém, procurava evitá-lo como odiabo foge da cruz. Já havia aprendido aquela lição muito bem da primeira vez.Steph ficou sem fôlego.Ele estava parado junto à porta.Com sua altura imponente e seus ombros largos, apoiado contra o batente da porta em uma posecasual, era impossível não notá-lo. Seus cabelos pretos brilhavam sob as luzes de Natal. Ele estavaolhando para ela com um sorrisinho malicioso.E ainda deu uma piscadinha.Foi quando ela percebeu o que estava acontecendo, e levou um tremendo susto.De alguma forma, ele havia tido acesso a sua lista de desejos. Aquela com suas fantasias. Suaestúpida e inofensiva lista de desejos safadinhos.Ai. Meu. Deus.Nick percebeu o exato momento em que Steph se deu conta do que estava acontecendo. Ela ficoutoda vermelha, desde o rosto até o colo, exposto pela gola em V da blusa de seda que vestia.Finalmente! Depois de quase um ano de paqueras à distância que renderam no máximo algumasereções em momentos impróprios, ele ganharia o que realmente queria como presente de Natal: aoportunidade de provar que era o homem perfeito para ela. Nick bem que gostaria de dizer queconquistou Stephanie usando apenas seu charme, mas não era bem assim. Foi preciso que o destinoentrasse em cena e fizesse com que ele sorteasse o nome dela no amigo secreto do escritório. Quandoabriu o papelzinho e leu o nome Stephanie Martin, começou a rir sozinho, como um idiota.Por mais ou menos um segundo.Nick logo percebeu que precisaria encontrar um presente que, além de espetacular, ela só pudessecompartilhar com ele, e não com os outros abutres que ficavam rondando Steph no escritório. Elepercorreu dezenas de shoppings lotados, navegou em milhares de sites de compras e pediu sugestõespara todas as mulheres que conhecia - tudo sem sucesso. Elas não conseguiam entender por que elenão podia simplesmente convidar Stephanie para sair em vez de bolar um plano mirabolante paramostrar que estava interessado.A resposta era muito simples. Ele tinha uma baita fama de mulherengo. Ela sabia disso, e por essemotivo não queria nada com ele. Portanto, chamá-la para sair não adiantaria nada. Antes, eleprecisava convencê-la de que suas intenções eram sérias.A resistência de Steph não era exatamente uma experiência nova para Nick. A maioria dasmulheres com quem ele mantinha apenas uma relação de amizade eram aquelas que deixavam claroque estavam esperando pelo cara certo, e não topavam se divertir com qualquer um que aparecesseenquanto isso. Desde os tempos de colégio, Nick sempre foi bem-sucedido em transmitir sua imagemde solteirão e conquistador convicto. Não que ele nunca tivesse assumido um compromisso. Issoacontecia. Só não era o tipo de relacionamento destinado a durar para sempre.Sendo assim, ele fazia de tudo para respeitar o distanciamento de Steph, mas o desejo o estavaconsumindo por dentro. Ele a desejava - desejava agarrar com força aqueles cabelos pretoscompridos, desejava ver aqueles olhos castanhos escuros cheios de tesão, desejava arrancar oterninho daquele corpo curvilíneo e vê-lo nu em sua cama. Apesar de saber que aquiloprovavelmente nunca iria acontecer, Nick não parava de fantasiar a respeito.Steph era maravilhosa - tinha um belo corpo e era inteligente e confiante. Conhecia bem seuspontos fortes, e sabia como explorá-los. Mas ela também era do tipo que sabia valorizar a si mesma,e queria um homem que também fizesse isso. Como foi mesmo que ela falou uma vez?Um homem que está sempre com um pé lá e outro cá nunca está em lugar nenhum.No entanto, Nick não fazia exatamente o tipo cafajeste. Ele cuidava muito bem das mulheres comquem se relacionava; se esforçava para saber do que elas gostavam, ou não gostavam. Não era tãodifícil assim. Bastava um pouco de dedicação, e Nick tinha disposição de sobra para isso. Gostavade ver a surpresa no rosto delas quando ele se lembrava de seus escritores favoritos, ou de suasmúsicas prediletas, ou dos lugares em que preferiam ser tocadas e acariciadas. Por causa disso, eleainda era amigo da maioria de suas ex-namoradas."Você não está sendo nada discreto", disse uma voz a seu lado, em tom de provocação.Nick desviou o foco de sua atenção dos olhos arregalados de Steph para a mulher que havia faladocom ele."Pelo jeito ela gostou do presente", comentou Amanda com um sorriso. "Por que eu nunca ganheifotos suas sem roupa quando a gente namorava?""Você nunca pediu."Stephanie também não, pelo menos não abertamente. Aconteceu em um dia em que ele estavafazendo hora extra. Sua intenção nesse caso era dupla - ganhar algum dinheiro a mais para as festasde fim de ano e se esquecer do fato de não ter conseguido encontrar um presente capaz de esquentaras coisas entre ele e Steph. Mas Nick não estava conseguindo se concentrar, e por isso começou aandar de um lado para o outro pelo espaço circular entre a mesa da recepção e os elevadores.Foi quando ele viu uma bolinha de papel deixada para trás pela equipe de limpeza da noite. Estavacaída no chão, ao lado do pé de madeira polida do sofá da sala de espera. Ele a apanhou com aintenção de jogar no lixo, mas os tons de rosa e verde do papel chamaram sua atenção. Steph estavausando um bloquinho colorido todo enfeitado naquele mês. O Natal era uma das épocas favoritasdela no ano, o que a pequena árvore montada em sua mesa deixava bem claro. Ele imediatamente sedeu conta de que aquele lixo festivo tinha vindo da mesa dela, o que fez a bolinha de papel ganhar umnovo significado.Sentindo-se um tanto envergonhado, mas incapaz de se controlar, Nick desamassou o papel...E desde aquele dia não parou mais de agradecer sua estrela da sorte.No alto do papel listradinho, liam-se as palavras Lista de desejos, impressas em uma fonte criadapara parecer uma letra de criança. Logo abaixo, havia as anotações com a letra caprichada de Steph.Mãe - máquina de fazer pãoPai - equipamento de pescaSam - vale-presenteMas ela rasurou aquela lista e começou uma nova.Minha lista de desejos (safadinhos)Nicholas James sem roupa, embrulhado apenas em um laço.Nick me beijando até eu perder os sentidos.Nick cozinhando pelado para mim (para eu poder ficar olhando a bunda dele).Uma chupada em Nick (humm).Nick me chupando (humm em dobro).Trepar com Nick até não conseguir nem andar no dia seguinte.A surpresa provocada pela lista foi tamanha que ele caiu sentado no sofá. Nick percebeu queStephanie o estava enganando o tempo todo, assim como fazia quando estava diante de um júri.Fingiu que não tinha o menor interesse, quando na verdade estava tão a fim quanto ele. Mulhernenhuma tem fantasias tão detalhadas com um cara se o seu desejo por ele não for para valer. Elaclaramente vinha pensando nele fazia um bom tempo.As imagens inspiradas pelas palavras dela começaram a pipocar em sua mente. Seu pau ficou duro,e ele se perguntou como faria para voltar ao escritório naquele estado, ou ao estacionamento, dezoitoandares abaixo.Mas ele não precisou se preocupar com isso por muito tempo. A lista seguinte, escrita com umacaligrafia trêmula, cortou totalmente seu barato.Minha lista de desejos (comportadinhos)Parar de pensar em Nicholas James ou pedir transferência.Nesse momento, teve consciência de duas coisas. A primeira era que, por mais que ela desejasseseu corpo, isso não significava que quisesse alguma coisa com ele. Tanto que estava disposta a pedirtransferência para o outro escritório da empresa, que ficava do outro lado da cidade.A segunda - a ideia de não vê-la mais quase todos os dias - o atingiu como um soco noestômago, doloroso demais para um interesse meramente casual. Foi nesse instante que ele entendeuo que aquele nó no estômago significava.Em algum momento, o desejo unicamente sexual que sentia por ela se transformou em algo mais.Talvez aquilo tenha acontecido no último caso em que trabalharam juntos, quando ele ficouimpressionadíssimo com a inteligência dela. Ou então pode ter sido quando ela chorou por causa deum veredicto, e não fez nenhuma questão de esconder aquilo. Fosse como fosse, ele se sentiria muitomal caso seu passado atrapalhasse algo que ambos queriam muito.Neste Natal, Nick garantiria que todos os desejos de Stephanie Martin se tornassem realidade.
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A lista de desejos
RomanceDedicatória Para Raelene Gorlinsky, por me dar a oportunidade de escrever uma história sobre Natal, um tema que eu sempre quis abordar. E para Helen Kay Dimon, minha colega escritora e também advogada, que muito gentilmente respondeu às minhas pergu...