O reencontro

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O vento soprava fortemente junto da chuva que caía sem para, as ruas estavam praticamente desertas, pouca gente se atrevia a sair de casa com a tempestade que se estava a criar. As poucas pessoas que estavam na rua corriam para acabar seus afazeres e poderem ir para casa, salvas daquele temporal.

No cemitério havia uma rapariga, que diferente de todas as outras pessoas não estava preocupada com a tempestade e muito menos se podia ou não apanhar uma grande constipação. Estava parada a olhar para uma lápide que se encontrava à sua frente.

Luke Scarlett

05.07.1969 - 31.10.2002

Bethany Scarlett

12.08.1970- 31.10.2002

Isto não é um adeus, é um até já...

A rapariga caiu de joelhos à frente da lápide, chorava em silêncio para não incomodar os mortos, suas lágrimas misturavam-se com a chuva, seus cabelos loiros estavam grudados  à sua cara, sua face estava vermelha e os olhos inchados, seus lábios estavam espremidos um contra o outro para controlar o choro. Já se passara tantos anos e continuava a doer tanto como quando lhe deram a notícia. Já estivera muito perto de estar enfiada num caixão junto deles, mas no último momento não a deixaram seguir a sua vontade. A rapariga deixou o bouquet de rosas vermelhas ao lado da lápide, limpou as lágrimas e foi-se embora.

- Isto não é um adeus, é um até já... - sussurrou para si própria com os olhos novamente marejados caminhando sem rumo.

A loira caminhava calmamente pela rua enquanto uma tempestade se fazia à sua volta, não existia ninguém a não ser ela na rua. Lágrimas continuavam a sair dos seus olhos, ela nunca desabafara com ninguém, isso piorava o seu estado, mas ela não queria encher as pessoas com os seus problemas já que as mesmas já tinham os seus próprios problemas, foi obrigada a ir a um psicólogo, nunca mentira como mentiu naquelas horas que esteve lá, mentiu com unhas e dentes, deu o sorriso mais falso que alguma vez dera e a conclusão do psicólogo fora que ela inacreditavelmente estava bem psicologicamente. Naquele momento só lhe apetecera rir, qualquer pessoa que desperdiçasse um bocado tempo a olhar para ela, em vez de estar às mensagens com a namorada, percebia que ela não estava bem e que precisava urgentemente de ajuda, mas para sua sorte (que não queria ajuda)  ninguém lhe dava a mínima atenção.

Encharcada a loira chegou à estação de comboios, iria sair Drouver (a sua terra natal) para ir estudar e como segundo objetivo conseguir sarar as feridas, mesmo que esse também fosse um objetivo, nada a convencia que alguma vez conseguiria as fechar.

Pelo caminho os seus olhos azuis fitavam a paisagem, observavam cada pormenor que era possível observar, desde que partira o branco que cobria a sua terra e o cinzento que escondia o sol iam desaparecendo, deixando aparecer o sol e os campos verdes que só por si transmitiam alguma alegria.

Finalmente a sua viagem tinha acabado, tinha chegado à cidade de Wrouxtol. A loira iria viver na casa de uma amiga de infância, uma amiga por quem tinha um profundo carinho e em troca ajudaria a pagar a renda da casa mesmo que a dona da casa tivesse recusado logo a ideia da loira.

Foi-se ouvido duas batidas na porta, um abafado já vou, a porta a ser destrancada e logo de seguida um grito histérico.

- Wendy!! - gritou a amiga de infância da loira, com os olhos marejados Melissa devido à adrenalina de ver a amiga caiu de joelhos fazendo seus cabelos ruivos espalharem-se pelo chão

Melissa Denver, a amiga de infância de Wendy e sua melhor e única amiga. Melissa vivia na mesma cidade que Wendy mas devido a uns problemas que teve em criança teve de vir morar para Wrouxtol, deixando de poder ver Wendy. Este fora primeiro encontro desde há muito tempo atrás, ambas tinham crescido e amadurecido, as saudades com o tempo foram crescendo, e ambas esperavam ansiosamente pelo momento em que poderiam saciar essa saudade. 

- Olá Melissa! - disse Wendy acenando docemente enquanto via a sua amiga a derramar umas quantas lágrimas dos seus olhos cor de esmeralda

As amigas entraram dentro de casa, não era nada assim de outro mundo e muito menos luxuoso, era uma casinha modesta e acolhedora digna de ser chamada de lar.

- Tens uma casa muito bonita. - elogiou Wendy que carregava a sua malinha com todos os seus pertences

- Obrigada. - agradeceu Melissa sorrindo, quando reparou que ainda não tinha apresentado o quarto para a Wendy - Ohhh desculpa Wendy, ainda não te levei ao teu novo quarto. Anda, vem comigo. - as duas subiram para o segundo andar, lá havia três portas uma do lado esquerdo em que estava escrito Melissa, outra mesmo à frente das escadas e uma do lado direito - Bem como já deves ter reparado o meu quarto é o da esquerda, a porta da frente é da casa de banho e a do lado direito é o teu quarto. Espero que gostes.

Wendy entrou no seu novo quarto, ela esperava encontrar um quarto infantil, um quarto que ela amaria em criança, afinal de contas ela ainda era uma criança quando esteve a ultima vez com a Melissa.

O quarto era o mais pequeno da casa, o que o tornava mais acolhedor do que os outros, aos olhos da Wendy. As paredes estavam todas pintadas de azul clarinho. Encostada a uma das paredes estava a sua cama coberta com um edredom azul e onde rapidamente Wendy pousou o seu grande peluche que tinha desde que se lembra. Em cima, estavam penduradas umas luzinhas brancas, que no ponto de vista da Wendy pareciam estrelas, algo que ela sempre admirou. Na mesma parede em que estava encostada a cama havia uma grande janela deixando quem tivesse deitado na cama ver as estrelas e a lua. Na mesinha de cabeceira estava uma pequena caixinha de madeira com o seu nome, onde estavam algumas pedrinhas da sorte que ela e Melissa apanharam nas grutas de uma praia em Drouver quando eram crianças. Ao lado da caixa, estava um simples candeeiro branco. Na parede paralela à da cama estava uma secretaria branca de madeira com uma cadeira giratória azul e ao lado da mesma estava uma estante ainda vazia à espera de ser preenchida com livros e cadernos. O resto era só um armário e um espelho de corpo inteiro.

- Tu nunca foste uma criança normal - comentou Melissa encostada na porta do quarto, atraindo a atenção de Wendy - Sempre foste mais madura que as outras crianças, mais responsável, mais determinada, mesmo quando andavas com um peluche maior que tu às costas. És como uma irmã mais velha - Melissa mandou um sorriso carinhoso para Wendy - Mesmo eu sendo uns meses mais velha que tu - concluiu com uma pequena risada devido ao seu próprio comentário

- Já tu continuas a mesma ruivinha sardenta... - Wendy debochou com um pequeno sorriso

Passaram-se alguns minutos em silêncio, ambas observavam-se minuciosamente querendo gravar todos os detalhes na memória, retê-las para todo o sempre.

Quanto Wendy num ato de impulsividade correu para abraçar Melissa que rapidamente retribuiu o gesto carinhoso.

Melissa era tudo para a Wendy, nada nem ninguém era tão importante para Wendy como ela, Melissa era a sua melhor e única amiga, sua confidente, o seu porto seguro, a sua ancora, Melissa era o que impedia Wendy de se suicidar...

Nota da autora:
Espero que gostem da minha história e por favor comentem e votem é muito importante para mim.
P.s - Perdão pelos erros gramaticais

I lost MyselfOnde histórias criam vida. Descubra agora