Querida Laura,
Ontem você passou por mim mais uma vez. Mas, por alguma razão, você não reparou em mim. Seu sorriso é tão radiante de manha que por um segundo sinto inveja do que te fez sorrir dessa maneira. Como gostaria que fosse eu o motivo desse sorriso. Mas você ao menos me notou. Passou ao meu lado jogando seus cabelos brilhosos para todos os lados e eu apenas te fitei indo embora novamente. Como aconteceu todos os dias durante esses últimos dez anos. Gosto de te ver passar, parece que é ali que o meu dia começa. Só consigo ser feliz depois de ver seu sorriso. E depois que você passa, eu te escrevo. Teve dias que escrevi com dedos trêmulos, quase sem energia. Teve outros em que não pude te ver passar, mas mesmo assim escrevi. Nunca consegui coragem de entregá-las. Sempre tive medo de sua resposta. Já deveria ter acostumado com o seu silêncio. E as vezes até prefiro que seja assim, pois desse jeito posso imaginar-te da minha maneira. Sua voz, seu jeito, suas manias… Todas eu sei de cor, todas que eu inventei. A mulher dos meus sonhos. Será que você nunca teve curiosidade de conversar comigo? Mesmo depois de tanto tempo? Preciso dizer que eu ainda lembro da primeira vez em que eu te vi passar. Estava tão radiante (aliás, nunca a vi triste.) Deveria ter uns dezesseis anos, apenas dois a menos que eu. Depois de perceber que você passava ali todos os dias, comecei a te esperar. E desde então eu te escrevo. Eu ao menos sei o seu nome, Laura, mas você faz minha vida ser mais feliz.
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Cartas de um Amor Platônico
RomanceQuanto tempo você demoraria para declarar o seu sentimento para o seu amor platônico?