Prologue

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-- Romeu e Julieta, o famoso romance de William Shakespeare, mostra a todos como o amor incondicional supera as barreiras da vida. Mostra como o amor nos deixa insanos, doentes, infantis e tira a nossa inteligência completamente.

"Romeu e Julieta queriam ficar juntos pelo resto de suas vidas medíocres, mesmo com a constante interferência dos pais. Essa obsessão pela vida perfeita foi o que levará, no futuro, à morte dos dois.

"Ambos cadáveres. Um envenenado e o outro apunhalado na barriga por si mesmo. Isso nos mostra o quão errado é o amor e que na vida o mais previsível é a morte.

-- Clarke?

-- Sim, professor?

-- Acho que você não entendeu a essência da peça.

-- Na verdade professor, Shakespeare é arte e arte tem diversas interpretações.

-- Tinha que ser algo tão deprimente?

-- Não tenho culpa se minha mente está ligada diretamente com a depressão.

-- Com licença professor. -- Ouvi a voz da diretora.

-- Sim? -- Aquele cara ridículo que vai de paletó pro colégio e força os alunos a lerem e depois fazerem peças chatas de adolescentes perguntou.

-- Preciso retirar dois de seus alunos. Vai atrapalhar muito a sua aula?

-- Não. Tudo bem. Fique a vontade.

-- Lexa, Clarke, venham comigo.

Meu nome foi chamado. O que eu fiz? Meu Deus. Eu não faço nada. Eu só fico quieta no meu canto. Será que é por causa dos garotos? Será que descobriram o que fizeram comigo? Céus! Se descobriram eles vão me bater de novo. Quem poderia ter dito? Com certeza não foi o Bellamy. Não pode ter sido ele. Ele me prometeu. Foi o Bellamy. Ele foi o único que viu. Ele me prometeu, mas promessas não são nada. Eu sabia que não podia confiar em ninguém. Ai meu Deus. Eu tô tão lascada. Eu não quero morrer. Não desse jeito. Não quero ser espancada até a morte. Quero morrer nos meus termos. Esses não são meus termos.

-- Lexa? -- A diretora chamou minha atenção.

Percebi que Clarke já estava na porta e que o olhar de todos estava sobre mim. Tudo o que eu mais queria era poder sumir.

-- Lexa, você tem que vir. -- A velha me pressionou.

Comecei a ouvir alguns risos e cochichos. "A esquisitona perdeu os movimentos?" uma loira que senta ao meu lado perguntou para a amiga e começaram a rir.

Deus, por que eu vim pra esse colégio? Está tudo tão pior do que antes.

-- Lexa, não me faça ameaçar chamar seus pais.

A turma nem se preocupa em segurar os risos. Deus, por que eu não posso ser invisível? Por que eu nasci?

□■□

Me sentei na cadeira ao lado da Clarke. A diretora estava na nossa frente com uma cara de poucos amigos. Olhei desesperada para Clarke, mas ela pareceu não notar pois estava olhando para um ponto infinito. Isso as vezes acontecia comigo, mas ela parecia viver nesse ponto pela aula inteira. Não sei como ela é a melhor da turma.

Adeus, Romeu (Clexa AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora