Meu corpo deslizou pelo pequeno espaço em uma velocidade que nao compreendi. Mas eles sumiram atras de mim. E a queda pareceu longa ate eu tocar a agua. Gelada. Muito gelada. Precisei de alguns segundos ate conseguir subir a superficie,meu peito parecia ter sido esmagado,uma sensaçao horrivel fazia tudo queimar por dentro. Minha visão foi voltando aos poucos,ate conseguir formular tudo o que via. Nao sei como consegui nadar,nao me lembro de saber isso. Me apoiei em uma barra de ferro,consegui chegar a uma pequena ponte. Havia barcos por todos os lados,velhos,destruidos.
O céu estava cinza e de repente o ar era escasso. Nao conseguia respirar. Tentei pensar em alguma coisa,mas minha cabeça nao me permitia pensar. Abafei o grito. Me arrastei pelos escombros retorcidos,um passo de cada vez,e meu peito parecia se esmagar. Um som alto doia meus ouvidos,pequenos avioes,ou algo parecido com eles passavam como borroes pelo céu. Tudo o que fiz foi me atirar embaixo do primeiro carro que vi. Fechei os olhos,meu corpo todo tremia,mas nao era frio,era medo. Eu precisava respirar. Precisava respirar fundo. Passei a noite ali,me esquivando de feiches de luz por todos os lados,e o som alto cada vez mais perto. Meu coraçao bateu mais rapido quando enormes cachorros começaram a se agitar em minha direçao. Um frio na espinha quase me fez gritar,essa foi a primeira vez que me senti tao presa dentro de mim mesma.
Consegui apagar por um tempo,meu corpo ainda tremia. Tudo ainda parecia fora do lugar. Enquanto meu corpo parecia se perder,minha mente se arrastava,minha cabeça doia.
"Ela nao vai morre!"
"Ela pode morrer. Nunca fizemos isso antes."
"Um pouco tarde. Ela é nova...."
"Ela é uma criança!"
"Ela é minha filha. E esta decido."
Abri os olhos,ainda estava escuro. Tudo ainda estava escuro. Uma luz brilhava longe,uma torre? Mãe...a palavra saiu sem que eu realmente percebesse. Mas me amaldiçoei quando ela se formulou em meu consciente. Ela nao é nada sua. E ela te deixou,eles te deixaram. Eles te destruiram. Cravei as unhas no chão tentando sentir alguma dor,mas tudo o que sentia era um incomodo.
"Nao sabemos o que eles sao."
"Mas eles parecem saber quem somos. Substimamos a sorte,precisamos estar preparados."
"Megan,ela nao será forte."
Senti meu corpo enrigecer. Minha mao escorregou quando a pressao percorreu todo o meu corpo.
"Ela vai."
"Esta fazendo uma experiencia com sua filha?"
"Como acha que ela vai resistir nos primeiros meses?"
"Meses? E depois?"
Senti sua mao tocar tocar meu rosto. Ela nao respondeu.
Meus dedos estavam sagrando e parei de me torturar. Eu so queria saber o que estava acontecendo. Mas ja sabia que esse nao era o meu tempo. Quanto tempo havia se passado? Vinte anos? Trinta? Me arrastei para fora do carro,meus pés estavam escorregando,minha roupa ainda estava molhada,dois dias nao foram o suficiente.
Caminhei,por horas. E as coisas foram mudando durante o percuso. Essa era a primeira vez que eu sentia fome,um portao enorme me impedia de passar. O escalei passando facilmente para o outro lado. Me escondi quando enormes carros entraram em um galpão,mais duas horas no mesmo lugar e consegui sair. Consegui entender que eu sou a caça e eles estavam longe de serem os mocinhos. Mas,como eles eram tao iguais a mim? Consegui correr e me afastar daquele lugar,meus pés realmente estavam doendo e meu estomago começou a me castigar. O tempo passou muito rapido,precisei escalar uma arvore quando ouvi os latidos dos cachorros.
Percebi tambem que o sol nao ficava muito longe da terra,ele foi sumindo aos poucos e a noite era incrivelmente gelada. Um alarme soou,era o mesmo alarme de onde estive presa. Isso fez os cachorros se afastarem. Pessoas como eu estavam presas,eram experiencias. Uma dor se alojou em minha nuca e apertei as maos contra o pescoço. Imagens sem sentido se misturavam com minhas lembranças.
"Novas descobertas...Plano A....Perdidos....Experiencias....Laboratorio subterraneo...Ela precisa ficar...Eles ja sabiam sobre nós...Sao avançados..."
-Chega!-Gritei. E minha voz ecoou por todo o espaço. Essa era a primeira vez que a ouvia com clareza.
Uma luz forte iluminou onde eu estava. Meu corpo tremeu,mas antes que eu conseguisse formular qualquer açao,meu corpo se jogou do alto,o impacto foi terrivel com o chão,mas consegui correr enquanto a luz me seguia.
"Codigo 7,encontramos prisioneira. Norte,ainda no perimetro." "Codigo 7,perimetro"
A pequena nave me seguia,isso nao era um aviao. Isso nao existia. Mais duas luzes vinha em outra direçao,ouvi os cachorros mais uma vez e as lagrimas me castigarem. Eles nao vao me pegar,nao podem me pegar. Eu nao serei uma experiencia.
"Atirar no alvo. Saindo do perimetro,repito,saindo do perimetro"
Me joguei contra o mato alto,secos e pontiagudos. Mas senti quando o alvo foi atingido. Algo dentro de mim,parecia queimar. Alvo desativado. Eles me pegaram.
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Desert Human
Science FictionEles nao perguntaram se era isso que eu queria. Apenas se decidiram por mim. Decidiram me deixar em um tempo que não é meu.