Quando Karen acordou, e ao abrir a janela viu os raios de sol penetrarem no seu quarto, não conseguiu conter um breve e veraz sorriso. Afinal de contas, não eram todos os dias que as ruas de Manchester podiam dispor de um ardente e madrugador céu limpo. Olhou mais uma vez pela janela e ficou a admirar as pessoas. Karen era uma sábia apreciadora de pessoas. A forma apressada e ágil como se deslocavam, era para ela uma dristação do mundo. Para aproveitar o bom dia que se fazia sentir, vestiu o seu robe de dormir e dirigiu-se à varanda. Debruçada sobre a cidade que a viu nascer, reviveu de um modo nostálgico alguns dos mais expressivos momentos da sua infância.
O Parque Central, agora pouco movimentado devido ao horário prematuro, relembrava-lhe as noites de fuga. Eram as noites, em que ela e os irmãos esperavam que os pais fossem dormir para se poderem tornar agentes secretos. Desde o Ryan - o rapaz mais bonito da escola - até ao Sr. Nathan - o sigiloso motorista que ninguém sabia ao certo onde vivia - nenhum deles conseguia escapar aos seus serviços secretos. Eram períodos de alegria e de uma euforia profunda. Talvez tivessem sido as melhores noites de toda a sua vida, se aquele detestável carro não se tivesse despistado. Certamente o teriam sido, se Karen não tivesse oprimido Christian, Daisy e David a aventurarem-se naquela noite obscura. Fora ela a culpada de tudo o que acontecera nessa já madrugada de Sábado. De súbito o bom tempo desvaneceu, os raios de sol desapareceram do seu quarto, e deram lugar a uma chuva de lágrimas.
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Talvez Um Dia
Random" -Não te posso jurar que jamais chegará o dia em que nos revoltaremos com o que nos rodeia, não te posso jurar que jamais chegará a noite em que nos indignaremos com nós próprios, mas posso te prometer que faremos tudo isso juntos". - Karen Collins