Capítulo 2

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Os corredores estavam saturados de pequenos e grandes quadros pintados por alunos, muitos deles eram retratos, levemente pintados a aguarela e que transmitiam na perfeição a beleza da modelo. Outros tinha a mesma ciência que um desenho de uma criança de três anos.

A escola já tinha ganho vários concursos de arte, desporto e literatura. Existia uma parede repleta de troféus e diplomas, várias fotografias de equipas de anos anteriores e livros que os próprios alunos tinham escrito.

No final do corredor subimos as escadas, no segundo piso já era possível ouvir as centenas de estudantes a falar e a gargalhar. Chegámos ao quarto e último piso e virámos à direita, o auditório era a última porta do lado esquerdo. Grupos de alunos abraçavam-se e tiravam fotografias. Quando viram a Amy ficaram ainda mais felizes, como se a vida não fizesse sentido sem a miúda rebelde que já tinha levado com as culpas por algo que não fez e eles a idolatrem por isso.

- Amy! - gritou um rapaz de tez escura.

- Estávamos a pensar que este ano os teus pais te tinham enfiado num colégio interno. - disse uma rapariga com peso a mais enquanto gargalhava ruidosamente.

- Acham mesmo que vos ia deixar? Já agora, esta é a Meg, ela é nova cá.  Este é o Will e esta é a Su.

- Não te preocupes, miúda, nós tomamos conta de ti. Afinal este é o nosso último ano nesta miserável escola. - respondeu o Will.

- Estás em que ano? -  perguntou a Su.

- Décimo primeiro.

Um professor saiu do auditório e chamou os restantes alunos que permaneciam no corredor. Sentámo-nos na última fila e fiquei paralisada ao ver a quantidade de alunos presentes, o auditório estava cheio e havia pessoas em pé atrás de nós que não conseguiram lugar.

Um senhor de fato azul escuro e gravata preta deslocou-se até ao centro do palco, do lado esquerdo estavam mais três cadeiras e em cada uma estava sentada uma mulher.

- Bem vindos a mais um ano, caros alunos. Eu sou o direto Nicholas e professor de inglês. A nossa escola possui um lugar de destaque com base no esforço e dedicação de todos os professores e alunos que já a frequentaram. Já recebemos várias e numerosas vezes certificados devido à melhor educação que podemos fornecer aos nossos alunos. No passado já criámos verdadeiros génios, cientistas, médicos, advogados, atletas, escritores, professores e artistas. É com muito orgulho que posso afirmar que além dos trinta clubes existentes, este ano, teremos mais um, o clube de desenho. Nos anos anteriores muitos dos alunos demonstraram interesse em criá-lo para que pudessem melhorar as suas capacidades artísticas e este ano já é possível. O professor Richard estará encarregue pelo mesmo. Este ano, como muitos de vocês já notaram, foi acrescentado mais um campo de golfe. A nossa escola já sofreu diversas mudanças ao logo dos anos para que vocês, caros alunos, tenham a melhor educação. Já sabem...

- Nós criamos o nosso futuro com base na nossa educação, e nós temos a melhor! - disseram em coro a Amy, o Will e a Su.

Pelos visto esta era a frase chave do diretor Nicholas. Todos os alunos que frequentaram a escola em anos anteriores conheciam a famosa frase e , caso não se lembrassem, estava escrita na maioria das salas de aula.

Uma das mulheres que estava sentada levantou-se e deu o lugar ao diretor Nicholas. Dirigiu-se ao centro do palco e começou a ler as folhas que trazia na mão.

- Alunos, como sabem sou a professora Rute de música e agora vou chamar as turmas do décimo ano. Façam o favor de formar filas conforme digo os vossos nomes.

Depois de chamar as sete turmas do décimo ano, desceu do palco e levou-as para fora do auditório.

A segunda mulher levantou-se, endireitou a saia e deslocou-se.

- Bom dia, sou a professora Liz de artes e vou chamar as turmas do décimo primeiro ano. As indicações são as mesmas que os vossos colegas do décimo ano.

Chamou quatro turmas, nome a nome. Aos poucos a sala ia ficando com lugares vazios.

- Passamos para a quinta turma do décimo primeiro ano. Nathan Jonathan, Emily Isaac, Margareth Thomas, Liz Gibson...

Ao ouvir o meu nome levantei-me e fui em direção ao palco. À medida que me aproximava podia ouvir o meu coração a bater cada vez mais rápido. Passei pelas quatro filas e dirigi-me para a quinta. Estar em cima de um palco era assustador, as luzes encadeiam e sentia que todas as pessoas que continuavam sentadas olhavam para mim. Era aterrador.

Foram chamadas as seis turmas e depois saímos do palco.

-É a nossa miúda! - ouvi a Amy a gritar ao fundo do auditório.

Dirigimo-nos à porta do auditório, descemos as escadas e fomos para um jardim que se encontrava do outro lado da escola.

- Podem sentar-se, meninos. - todos obedeceram, apesar de alguns hesitarem - Agora que todos sabem as vossas turmas podem ir buscar os horários e amanhã encontramo-nos de novo. Alguém tem alguma dúvida? Não? Era suposto ler-vos mais um discurso maçador mas acho que já sofreram bastante com o do diretor Nicholas. - disse sorrindo.

Os alunos começaram a levantar-se aos poucos e a dirigirem-se ao outro lado da escola. Uma rapariga de óculos aproximou-se.

- Olá, eu sou a Jenifer. Somos da mesma turma.

- Olá, sou a Meg.

- É o meu primeiro ano nesta escola, fui transferida.

O meu telemóvel tocou.

- Desculpa, tenho que atender.

- Não faz mal, encontramo-nos amanhã.

- Adeus.

Atendi o telemóvel e regressei a casa. Sentia-me estranha. O meu primeiro dia tinha sido bom, algo que não esperava. Aquela sensação de ser nova na escola desapareceu assim que percebi que existiam muitos alunos na mesma situação. A ideia de que o acidente tinha acontecido para um bem melhor passou-me pela cabeça.




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