100$ dólares

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Era quase sete horas da noite quando escutei a buzina do carro de Peter. Olhei pela janela e vi o seu carro estacionado na frente de casa.
Peguei minha bolsa e tranquei o meu quarto. Meu padrasto estava jogado no sofá com algumas garrafas e maços de cigarro ao seu redor. Ele estava tão focado em assistir o jogo de futebol que nem me viu sair.
Caminhei ate o carro e me sentei no banco de trás.
- Oii. - Falei para Peter e Melissa.
- Olá. - Eles responderam. Peter deu a partida no carro deixando a minha casa para trás.
Peter e Melissa discutiam sobre um cliente da noite passada, ela parecia bem furiosa com o jeito que Peter havia tratado o seu cliente.
Observei pela janela a fila que se formava na frente da boate ainda fechada. Me dava nojo de ver aqueles caras a espera de entrar num lugar fútil como aquele, cujo lugar onde trabalho.
" Trabalho "
Peter estacionou o carro atrás da boate e pela porta dos fundos entramos. Algumas meninas ensaiavam no palco, alguns homens ajeitavam as luzes e as moças da limpeza davam um trato em tudo. Vi Robert, nosso chef, observar as garotas com um sorriso no rosto.
Eu e Peter nos direcionamos ao bar, para começar a arrumar as bebidas, enquanto Melissa ia em direção ao seu camarim para se arrumar.
Peguei meu avental e o amarrei em minha cintura, Peter fez o mesmo, assim nós dois começamos a fazer nossas obrigações. Enquanto Peter cuidava das mesas, eu tratei de secar os copos e arrumar as fichas.
- May. - Robert disse enquanto se sentava num banco à minha frente.
- Robert. - Joguei o pano de prato em meu ombro e o olhei. - O de sempre? - Ele assentiu e eu coloquei em sua frente um copo com voodka pura. O vi tomar numa sentada só e logo depois fazer careta.
- Para dar uma animada. - Ele disse rindo e batendo no balcão. Faltando 5 minutos para as portas se abrirem, todos os funcionários colocaram suas mascaras e se prepararam para a noite. Me olhei num espelho que tinha no bolso e ajeitei minha mascara, passei meu batom vermelho e suspirei. Hoje seria uma noite longa.
Aos poucos os homens iam entrando e eu conhecia cada um, havia sim alguns rostos novos mas nada muito diferente do habitual. Homens velhos, geralmente com problemas na relação ou ate divorciados, eram os que mais vinham na casa, mal podiam esperar por ver algumas moças novas dançando agarradas a um poste.
Os homens iam chegando e eu ja ate sabia o que eles iriam pedir. Por sorte, pelo menos comigo eles eram respeitosos, já com as dançarinas...
Observei um homem entrar, eu nunca o tinha visto ali, ele aparentava ser novo e não tinha cara de ter problemas na relação. O vi olhar todos os cantos da boate, pelo visto estava procurando alguém. Ele então olhou em direção ao bar e veio em minha direção.
- Posso ajuda-lo? - Perguntei o olhando. O homem, que agora olhando mais de perto mais aparentava ser um garoto, me olhou e assentiu sentando-se na minha frente.
- Você conhece todos aqui não é? - Assenti. - Então deve conhecer Melissa Becker, não é?
- Hum. - O olhei curioso. - E se eu a conhecer? O que quer com ela?
- Quero falar com ela, assunto particular. - Ele não parecia ser um cliente ou algo do tipo.
- Mel é minha melhor amiga, me diga o que quer que eu direi aonde ela esta. - Ele bufou e o vi tirar do bolso sua carteira, o observei tirar uma nota de 100$ dólares e colocar na minha frente.
- E agora? Pode me dizer? - Olhei para nota e empurrei para seu lado.
- Não vai conseguir me comprar. - Novamente o vi bufar e guardar o dinheiro.
- É assunto de família. - Arqueei uma sobrancelha.
- O que você é da Mel?
- Irmão. - Engoli seco. Esse seria o tal irmão que ela não via a muitos anos e que havia certo rancor.
- O que você quer com ela?
- Pelo visto ela ira te contar, então depois ela te fala tudo. Só me leva ate ela. - Bufei e assenti. Olhei para Peter e fiz um sinal pedindo para ele ficar de olho no balcão por mim, ele apenas assentiu e olhou curioso pro irmão de Melissa.
Subimos pela escada que dava para o segundo andar aonde ficava os quartos, até formos barrados por Chris, o segurança que cobrava as estadias nos quartos.
- É uma emergencia Chris, preciso falar com a Melissa. - Ele olhou para nós dois e assentiu.
- Terceiro quarto a direita. - Sorri e agradeci.
- Fica aqui. - Pedi para o garoto. Bati na porta e quem atendeu foi um cara semi-nu.
- O que quer? - Ele perguntou meio impaciente.
- Preciso falar com a Melissa.
- Agora ela ta ocupada. - Ele disse olhando para dentro do quarto.
- É urgente, serio. - O encarei.
- Melissa, tem uma garota aqui querendo falar contigo. - Ele abriu mais a porta e ela caminhou em minha direção enrolada num lençol.
- May? Aconteceu alguma coisa.
- Sim, tem uma pessoa querendo falar com você.
- Quem? - Ela perguntou o cenho franzido.
- Melhor você colocar uma roupa e ver com seus próprios olhos. - Ela assentiu e fechou a porta. Olhei para o garoto e ele estava um tanto quanto vermelho.
- Cade ela?
- Ela ja vem. Espera aqui. - Ele assentiu.
- Obrigado. - Apenas balancei a cabeça e o dei as costas, desci as escadas e voltei para o balcão voltando a atender.
- O que aquele cara queria? - Peter perguntou.
- Falar com a Melissa, parece ser o irmão sumido dela. - Ele arqueou uma sobrancelha.
Peter ia falar alguma coisa mas a visão de Melissa andando apressada e seu irmão logo atras bravo nos chamou a atenção. Os dois pareciam estar soltando faíscas pelo rosto de tão furiosos que pareciam.
- Será que eu devo ir atras? - Peter perguntou.
- Não, isso é coisa de familia.
Eu e Peter continuamos com nosso trabalho no decorrer da noite, mas algo estava me angustiando, eu precisava falar com Melissa.

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