Capítulo 04: dia que nunca acaba

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Eu e Rebecca saímos do parque assim que começou a anoitecer.
Descobri que os funcionários de casa possuem apartamentos num prédio praticamente ao lado. Quando chegamos lá era umas seis horas, e Rebecca decidiu ir direto pro apê dela, enquanto eu fiquei indecisa se aceitava o convite pra ir pra lá ou se ia pra casa mesmo.

Entro na sala de casa bisbilhotando todos os lados pra ver se encontro algum vestígio de moleque metido a pirracento. Nada. Subo as escadas encarando o corredor ainda desconhecido e mal iluminado nesse início de noite.

Ouço um som de violão fraquinho traçando uns trechos de uma música desconhecida, mas bonita. Sigo o som. Vem de um quarto com uma porta grande e branca fechada. Encosto um ouvido na madeira da porta tentando escutar melhor.

Som increvelmente lindo, cada nota brinca com meus ouvidos juntamente com uma voz perfeitamente trabalhada cantarolando... De repente o som para. E Tibuum!!!

Olho para os pés calçados de havaianas levantando a cabeça até encarar o dono deles. Estremeço por dentro. Sem reação dou um sorrisinho pra Matheus que está parado ainda com a mão no trinco da porta, que foi aberta de supetão me derrupando feito uma jaca madura. Ele me encara e dá uma gargalhada.

_ Como você é lerda Isabela!!

_ Não te perguntei não idiota! - falo me levantando e ficando cada vez mais vermelha.

_ Não era eu quem estava parado escorado numa porta me metendo na vida dos outros. - fala ele sarcasticamente.

_ Jura? - começo a falar mas sinto uma pontada no joelho - Aaii!!!

_ Você está bem? - ele pergunta preocupado.

_ To!! E eu não preciso da sua ajuda! - saio com passos pesados indo em direção ao meu quarto.

Sento na cama esfregando o joelho dolorido. Ai meu Deus, ele é tão idiota!!! Juro que acho que este dia não vai acabar nunca. O que eu faço agora? Vou conversar com a Chris! É isso. Pego meu notebook que veio expremido na mala e abro meu e-mail, mas antes que eu possa iniciar meu chat, sou interrompida por uma batida na porta. Ai esse Matheus não tem mais o que fazer?!

_ Posso entrar filha? - meu pai pergunta ainda do lado de fora.

_ Ah! Pode sim. - respondo. Ele entra.

_ Filhota! Como foi seu dia? Está se acostumando?

_ Foi bom...eu conheci a Rebecca e eu fui num parque... To tentando me acostumar. - não consigo esconder a verdade. Ele me encara preocupado.

_ Olha, que tal uma pizzaria? Eu, você, Ágata e Matheus? - ele tenta me animar.

_ Okay. - não posso negar.

_ Então saimos às oito. Que tal? - balanço a cabeça que sim e dou um sorriso.

Assim que ele sai do quarto respiro fundo e começo a me arrumar. Escolho uma blusa fina rosa claro e de manguinha, um short jeans cheio de spikes e um tenis dourado.

Tomo um banho, visto a roupa e parto pra make: um lápis de olho preto na linha d'água superior, um rimel extra volume, um deliniador fininho, corretivo e um gloss rosa salmão de pêssego (preferia baton vermelho mas hoje vou inovar). Também passo chapa no meu cabelo deixando bem liso.

Me encaro no espelho. É. Eu estou ótima. Eu vou ficar bem. Senhooorrr!! Não me deixa na mão não, me livra de todo e qualquer tipo de acaso que venha arruinar a minha vida e minha reputação. E outra! Que eu não me envolva com esse... Sou interrompida por uma batida na porta.

_ Isabela! O pai está querendo saber se podemos ir. - é justamente o filho da mãe. - Olha eu estou entrando viu? - ele escancara a porta meio que de propósito ignorando o fato de eu poder estar pelada!

Minha vida é um acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora