4° Capitulo

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Sim, eu esperava e clamava por aquilo, apesar de ter me assustado com sua reação, a emoção foi maior e antes que eu note, já estou chorando.

"Isso meu amor reaja, levante-se dai. Eu sei que consegue!"

- Estou aqui, amor ! Você me escuta? - sua mão me aperta mais forte como se dissesse "eu sempre escutei."

Corro e chamo seus médicos, eles dizem não haver melhoras em seu quadro clínico, mas eu sei o que vi, sei o que senti!

Mais uma semana se passa e leio um livro chamado "Bom Dia Espirito Santo". Sempre deixando minha mão colada na sua, para que não haja perigo de uma reação e eu não notar.
Li uma frase linda que havia ali, que é um versículo bíblico .

"Toma sua cama e anda."

Naquele momento seus olhos abriram e eu tão concentrada no livro não percebo, ele aperta minha mão forte e olho para ele. Me deparo com seus lindos olhos castanhos escuros, e sorrio.

- Meu amor que saudades dos seus olhos.

"Que saudade de ver a cor deles, de ver como me olha."

Seu olhar é de encanto e agradecimento, como se me dissesse obrigado, por estar ali, mas não me sentia merecedora daquele olhar, afinal eu me sentia no dever de estar ali, de cuidar dele.

Chamo os médicos que acreditam ser só mais uma alucinação minha, mas se impressionam assim que batem os olhos nele.

***

Seis meses depois e sua melhora era evidente, já falava e mexia as mãos normalmente, até já conseguia dar alguns soquinhos em mim, quando eu zoava com sua cara, ou ria dele. Ele também já conseguia me olhar com aquele irritante, e lindo, olhar irônico que ele sabe que me irritava então vivia fazendo para me provocar.

Sua familia o visitava sempre e eu já senti cada um deles mais animados. Enquanto ele brinca com seu irmão, observo sua mãe, o olhar com que ela o observa para ele, tenho quase a certeza que está agradecendo a Deus por isso .

Eles vão embora e ficamos sozinhos chega sua comida a qual eu sempre tinha que enfiar em sua garganta para que ele comesse.

- Eu odeio essa comida é sem sal e sem gosto, eu preciso da comida da minha mãe. - reclama ele

- Terá a comida da sua mãe quando voltar para casa. E como vai voltar se não comer para ficar melhor? - retruco querendo fazer sua cabeça.

Ele reclama mas come. A cada garfada é uma careta e eu me divertia com aquilo. Depois de nove meses de muita dedicação nas fisioterapias ele recebe alta para ir para a casa.

Ele abre um belíssimo sorriso ao ver seu cachorro Ralf, vindo correndo todo alegre em vê-lo, sinto que ele estava com tanta saudade quanto qualquer um de nós. O deixo nos cuidados de sua família, agora que sei que ele estará completamente bem.

- Tenho que ir - digo
- Aleluia, faz nove meses que você não me deixa em paz. - brinca ele.

Dou um soco em seu braço como resposta.

- Mais respeito piãozinha - diz ele.

Aquela velha frase de babaca que ele vivia dizendo e o pior é que toda vez eu ria com ela.

- Fica mais amor vamos assistir um filme. - pede ele todo carinhoso.

- Eu volto amanhã e passo o dia com você, prometo. Mas hoje preciso ir, descansar e almoçar com minha familia que faz nove meses que não sei o que é isso.

Ele ri.

- Obrigado amor. - diz ele.

- Porque?

- Por não desistir de mim, por ficar nove meses do meu lado, eu te amo e agora acredito que me ama.

- Eu não amo ninguém, eu só fiquei lá por que não tinha nada melhor pra fazer. - brinco

Minha voz soa irônica e brincalhona e ele sorri.

- Eu te amo Amor. - fala.

Vou me despedir de sua mãe e ela me da um maravilhoso abraço.

Já no ônibus me pego pensando nele, mas também, eu não pensava mais em nada além dos seus sorrisos para mim que antes do acidente não eram comuns.

Me pergunto se depois de passar perto da morte e ficar meses sem poder andar , se mexer ou ao menos respirar sozinho ele havia perdido aquela ridícula vontade de morrer que vivia falando ter.

Regis. Idiota e bobalhão, Regis. Ele estava de volta e isso me fazia bem.

Cheguei em casa e tomei um longo banho, coisa que eu não fazia a um tempo. Depois de um delicioso almoço com minha família eu só queria me deitar e dormir profundamente por horas. Ponho meu pijama e vou até o espelho, no corre corre do dia a dia eu nem prestava muita atenção em mim, depois de me observar vejo como é evidente em mim o quanto esses nove meses me abalaram, emagreci e minha aparência é de quem está acabada.

Vou dormir acordo depois de deliciosas oito horas de sono, vou até o banheiro e passo alguns cremes, minha aparência havia de ser mudada, as 01h00min da madrugada eu estava assistindo um filme, quando meu celular vibra. Olho na tela e vejo seu nome brilhando na tela.

"Amor?" Escreve ele.

"Oi amor, não está dormind? É tarde já e você precisa descansar."

"Amor, descansei por nove meses, já estou cansado de descansar." Brinca.

Ele era contagiante.

"Está bem meu amor?" Pergunto.

"Estou sim amor, estou com saudades!"

"Eu não, não aguento mais ver essa tua cara." Brinco.
"Acho lindo suas tentativas forçadas de tentar esconder o quanto me ama. "

"Acho lindo a sua força de vontade para enganar a si próprio de que alguém te ama."

"Sei que não ama, afinal quem ama não fica nove meses tagarelando e lendo sem parar na cabeça de um doente."

"Vá a merda!" resmungo.

"Então quer dizer que a menina que roubava livros tinha uma mãe judia que deu ela para uma familia nazista para que ela não morresse junto a ela?"

"Exato!"

"E seu irmão morre na viagem, antes que chegue até a familia que os adotaria."

"Sim, notável que sua falta de interesse quando eu lia é absurda."

"Eu adorava, criatura."

"Melhor parte do livro?" Pergunto.

"Com certeza é o final quando todos morrem e ela é adota por aquela mulher rica, menina sortuda." Sorrio

"Queria ser rico meu bem?" Pergunto.

"Se eu uma família adulta pede para me adotar eu aceito com certeza, sem hesitar."

Enquanto converso com ele, penso em quando suas mãos estavam esparramadas ao lado de seu corpo e da primeira vez que ela apertou minha mão, um sorriso imediato aparece em meu rosto, eu estava feliz por sua recuperação e por suas mãos estarem tão ágeis para escrever e me fazer sorrir .

"Amor, vou dormir" envio.

"Vem pra cá, não da mais para dormir sem você do meu lado."

"Mas amor são três da madrugada."

"Então fica aqui só mais um pouco." Pede

"OK."

Mesmo que já estivesse com sono eu não queria deixá-lo , para mim também era difícil dormir sem ele ali.

***

Já eram cinco da manhã e eu já estava quase desmaiando de sono.

"Amor, vou dormir tá?"

"OK, meu amor, bom sono.

"Obrigado amor, beijos."

"Beijos, eu te amo!"

"Eu também te amo meu bem."

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⏰ Última atualização: Aug 26, 2015 ⏰

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