Presos e suspensos? O que mais pode dar errado?

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A mulher estacionou o carro no pátio da delegacia.

_Espere aqui. – disse ela para a garotinha sonolenta no banco de trás.

Ela entrou no estabelecimento já fervendo de raiva, nunca havia imaginado que teria que passar por uma situação daquelas, ela podia até tolerar alguns dos atos de rebeldia da filha, mas ser presa! Ela havia passado de todos os limites!

_Cláudia Belozzato? – perguntou um policial atrás do balcão lhe estendendo a mão.

_Sim. – ela apertou a mão do rapaz. “Novo demais para esse trabalho”, pensou – Onde está minha filha?

_Me acompanhe. – ele saiu de trás do balcão e a guiou até uma porta lateral lhe dando passagem.

Jéssica Belozzato estava sentada num banco com a cabeça entre as mãos já fazia cerca de meia hora. O choro da amiga, Lolla, do outro lado da sala, já a estava irritando, ela não podia simplesmente calar a boca? Ao menos o Diego, seu namorado, permanecia calado. Na verdade, o garoto não falara nada desde que os três foram pegos, sentado ao seu lado, ele simplesmente ficava encarando o teto, talvez estivesse pensando no que os esperava. Preocupada ela levantou os olhos para o garoto.

_Diego? O que acontece agora? - ele a puxou pra perto e passou o braço por seu pescoço.

_Não se preocupe gatinha. Vai dar tudo certo, não podem nos prender. – ele falava com uma convicção e segurança nada coerentes com a situação, mas mesmo assim Jessica se sentiu mais calma, afinal, o que poderia acontecer de tão ruim? Todos eram menores de idade.

A porta se abriu e Jessica viu sua mãe entrando, seguida por um policial, e bastou um olhar para ela saber o que de tão ruim poderia acontecer, ela estava mais do que furiosa, a mulher estava fervendo e só um milagre poderia salvá-la de toda aquela fúria.

_Jéssica Belozzato, você está liberada... – disse o policial, a mãe continuava em silencio.

Eles saíram da sala tão rápido quanto entraram, Jessica deu um rápido selinho no namorado e foi atrás deles. A mãe terminou de assinar alguns papeis, provavelmente para que ela fosse liberada, e as duas se dirigiram em silencio até o carro. Jessica já quase não suportava mais o silencio, era mais torturante do que se a ela estivesse gritando.

_Claudia... – ela nunca a chamava de mãe.

Nem uma palavra até chegarmos em casa. – disse a mulher rispidamente. – Sua irmã está no banco de trás, não vamos incomoda-la.

Elas entraram no veiculo e Claudia arrancou o carro para fora do estacionamento sem se preocupar com a velocidade, no banco ao lado, Jessica olhava pela janela os carros passarem, o tempo ameaçava chuva para a madrugada, era tarde e ela sabia que no dia seguinte iria ter que lidar com as consequências do que haviam feito. Pensou em Diego e Lolla, que ainda deviam estar na delegacia, a amiga teria alguns problemas com os avós, que eram bem rígidos, e odiavam que saísse com ela, mas Jessica duvidava que Diego arrumassem problemas, o pai dele, um importante senador, não se importava com o garoto, desde que a imprensa não ficasse sabendo de nada. O silencio reinava dentro do carro e o tempo até encostarem no estacionamento do prédio pareceu interminável. Emilly dormia profundamente no banco de trás e Jessica a pegou no colo.

_Jess? – a menina abriu lentamente os olhos. – Onde você estava?

_Não importa Milly, agora está tudo bem, já estamos quase em casa, pode dormir... – disse ela com doçura, a irmã era a única com quem Jessica conseguia demonstrar algum sentimento bom e amava a e pequena mais que a si mesma.

Enquanto subiam pelo elevador a menina caiu no sono novamente, os longos cabelos castanhos claros se misturando aos fios loiros da irmã mais velha. As duas contrastavam em tudo, os olhos de Milly eram castanho mel, enquanto Jess exibia lindos olhos verdes, talvez pela diferença de idade, o estilo de ambas era extremamente diferente no quesito roupas e também, é claro, a personalidade. Todos sempre faziam questão de comentar como Emilly era doce e educada e como Jessica era egoísta e grosseira, e as piores das criticas vinham sempre de sua mãe.

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