O Amor pode acontecer

Algumas coisas simplesmente não são como devem ser ...

Cláudia recebeu os papeis da suspensão no escritório, ela já imaginava que a filha não seria expulsa, mas um mês de suspensão, antes das férias, não seria um castigo e sim um presente para Jessica. Ela pensou na noite passada, ainda não sabia se era uma boa idéia, mas era a única opção, um tempo longe da cidade poderia fazer bem a filha, era a ultima chance da garota. Cláudia sentia que havia falhado como mãe, e agora devia passar adiante, deixar que ele tentasse. Pegou o telefone, mas não teve coragem de discar os números, ela sabia que se fizesse aquilo, toda a verdade teria que vir a tona.

A mulher olhou novamente para os papeis a sua frente e os assinou, ela iria pensar em algo, e se fosse necessário, faria o que fosse necessário, e tinha de pensar em Emilly também, ela era apenas uma criança, como poderia entender as complicações da vida quando mal entendia a razão do comportamento da irmã? Cláudia sabia o que fazer, pegou o telefone novamente e discou os números.

_Ocupada? – Marcos, seu chefe e melhor amigo entrou na sala.

_Não, estava só assinando uns documentos – ela pôs o telefone de volta na mesa e guardou os papeis da suspensão – Aconteceu alguma coisa?

_Você tem visita! – ele disse sorrindo e abriu a porta um pouco mais, para dar espaço a uma senhora e uma menina que juntas entraram na sala.

_Mãe, Milly! O que estão fazendo aqui? – disse ela se levantando para abraçá-las.

_Temos que conversar – disse Leonice – Milly porque não vai tomar um sorvete na cantina?

A menina saiu com Marcos, para deixar mãe e filha sozinhas. Leonice olhou para sua menina, já tão grande e imaginou como iria ter aquela conversa com a filha.

_Jessica não voltou pra casa ainda, você disse que ela estaria lá para o almoço, mas já são quase seis horas e ela ainda não apareceu... Acho que ela fugiu – disse a senhora preocupada

_Não, ela vai voltar, nunca fugiria, vamos pra casa e logo ela estará e teremos uma boa conversa, será que pode levar Milly pra sua casa? Não quero que ela escute o que vamos conversar.

_Vai contar a verdade a ela? Ela merece saber... – Cláudia olhou para a mãe como se ela fosse louca, nunca contaria a verdade, a filha nunca a perdoaria por aquilo.

_Não! Mas vou mandá-la mesmo assim, talvez ele mereça saber, nunca nos desamparou, mesmo sem saber de nada, vou pensar nisso mais tarde, agora, por favor, mãe, pode me deixar trabalhar? – em dias normais Cláudia daria a si mesma uma despensa, ela poderia fazer isso como gerente da financeira, e iria propor um passeio com as suas visitas. Mas naquele momento queria apenas ficar sozinha e pensar no que deveria fazer, não via mais outra solução para o problema da filha.

Estava tão perdida em seus pensamentos que mal viu quando a mãe saiu da sala e foi substituída por Marcos. O amigo se sentou na poltrona em frente à sua mesa e passou as mãos pelas suas, ela levantou os olhos preocupados e cansados.

_Não sei o que fazer com ela, Marcos. Ela está me deixando completamente louca, não tenho mais nenhum controle e agora ela foi suspensa, por um mês inteiro e não querem nem saber dela durantes as recuperações nas férias, são dois meses longe da escola e nessa cidade, e eu simplesmente não consigo pará-la, estou desesperada, devo ser terrível como mãe!

_Jess é uma garota complicada, mas no fundo é uma boa garota, e olhe só a Milly, definitivamente, você não falhou como mãe, só está um pouco embaralhada, além disso São Paulo é uma cidade gigante, e pode trazer sérios problemas para uma adolescente em formação, não se culpe tanto, dê a si mesma e a ela um tempo...

_Tem razão, vou ligar para o Carlos, ele saberá o que fazer, é tio dela... - Pela terceira vez no dia, Cláudia discou os números do antigo cunhado e escutou o telefonr chamar por três vezes até uma voz atender...