[Holmes Chapel, 2014, 5:43pm, Chegando das compras]
- Boa tarde menino Louis – Louis tirou sua atenção das sacolas que tirava de dentro do carro para poder olhar com um sorriso para seu vizinho. O homem, que aparentava estar nos setenta anos, estava regando as flores de sua falecida esposa. As rosas ficavam diante da longa cerca que dividia suas casas. Os Tomlinson's nunca planejaram reclamar sobre as rosas invadirem seu quintal, achavam um lindo ato o senhor continuar preservando as rosas como se fosse sua própria esposa. Louis achava que cada um lidava de uma forma diferente com a perda.
- Boa tarde – Louis disse fechando a porta do carro e equilibrando as sacolas nos braços – Está um belo dia não acha? – Louis era conhecido por todos pela sua simpatia. Desde pequeno, tão carinhoso e sorridente, talvez um pouco afeminado. Seus traços tão lindos e delicados. Ninguém nunca havia o julgado por isso. Mesmo por ser um garoto e agir assim, ele ganhava pontos por sua gentileza. Afinal, ele tinha muitos motivos para ser alguém amargurado e arrogante, mas era esse menino doce que encantava a todos.
- Sim, está um lindo dia – O senhor disse encarando as rosas e tentando se lembrar de algo. Ele estava com isso em mente desde manhã, mas sua cabeça já não era tão boa assim. Por fim, ele voltou a olhar para o menino com um sorriso – Oh é claro, é o seu aniversário certo?
Louis, que já havia voltado a andar e estava quase na varanda de sua casa, parou e o olhou acenando com a cabeça.
- Ah sim. Seu pai me disse isso de manhã e eu estava tentando lembrar. Você sabe como é... Cabeça de velho.
- Bom, na verdade, meu aniversário é apenas amanhã – Louis disse procurando pela chave dentro do bolso. Logo que achou se virou para o senhor com um sorriso largo – Mas obrigado mesmo assim. Fico feliz que tenha lembrado. O senhor precisa de ajuda com alguma coisa?
- Oh não – O senhor disse já recolhendo seu regador – Aproveite sua véspera de aniversário. – Louis já havia se virado quando o senhor lhe chamou novamente – Só mais uma coisa. Quantos anos está fazendo mesmo?
- Dezessete senhor – Louis disse e o senhor concordou com a cabeça.
- Quem me dera meus dezessete de novo – O senhor riu sonhador e se despediu entrando em sua casa.
Louis não conseguiu conter seu sorriso. Desde o mercado ele recebia parabéns pelo seu aniversário. Holmes sendo uma cidade pequena fazia ele ser conhecido em alguns lugares por ser alguém tão gentil e fácil de conversar. Seu pai havia o mandado fazer as compras cedo, mas ele sabia que seu velho aprontaria algo. Quando ele fez o pedido e Louis o olhou desconfiado ele logo desmentiu dizendo que não iria aprontar nada, apenas precisava de seus remédios que estavam acabando. Louis havia olhado para a receita, comprovando que precisava mesmo dos remédios e concordou saindo de casa. Não antes de lhe lançar um olhar desconfiado fazendo um sinal com a mão de quem está de olho. Seu pai apenas gargalhou enquanto o filho saia.
Louis tinha uma vida feliz. Ele amava seu pai mais do que tudo. Quando ele tinha apenas dois anos de idade seus pais se divorciaram, sua mãe estava apaixonada por outra pessoa, mas isso nunca o tornou um garoto com rancor dela. Ele visitava a mãe bem de vez em quando, quase nunca. Ela havia casado com o "advogado Robin" como seu pai dizia e se mudado para Nova York. O advogado Robin tinha um filho que havia perdido a mãe no parto. Louis o conhecia apenas de vista. Harry era dois anos mais velho do que ele e quase nunca estava em casa quando Louis ia visitar a mãe, mas Louis gostava da ideia de ter um irmão mas velho, mesmo sem o conhecer muito bem.
Seu pai Mark nunca teve um relacionamento ruim com sua ex-mulher Johannah. Louis achava que ele ainda a amava, mas eles apenas se evitavam de vez enquanto. Louis mora sozinho com o pai desde sempre e nunca ficou triste por isso, viviam de forma simples e feliz. Eles tinham um ótimo relacionamento e seu pai sempre o compreendia antes mesmo de ele saber o que iria acontecer.
Já fazia uns dois anos que seu pai havia o puxado para o sofá e feito a temerosa pergunta sobre sua sexualidade. Louis nunca tinha ficado tão sem reação. Ele nunca tinha reparado em ninguém, nunca tinha dado real importância para relacionamentos ou coisas do tipo, mas um menino na escola havia o beijado e isso tinha o deixado confuso por dias. Seu pai o puxou para um abraço e disse que o apoiaria acima de tudo, e isso foi muito mais além do que ele poderia sonhar.
Louis colocou as sacolas sobre a mesa já colocando tudo em seu devido lugar. Dentro da sacola vermelha ele pegou os remédios de seu pai e os colocou dentro do armário do banheiro do primeiro andar. O câncer de seu pai estava estável por muito tempo, esse era um dos motivos de ainda ter a guarda de seu filho, mas Louis sempre iria tremer ao ver todas aquelas caixas de remédio.
Ele terminou de guardar todas as coisas e ainda não tinha ouvido nem se quer um barulhinho pela casa. O que seu pai estava aprontando?
Louis o chamou e não recebeu nenhuma resposta. Ele teria saído? O garoto que completaria dezessete anos subiu as escadas temendo encontrar seu pai decorando seu quarto com balões ou algo do tipo. Não seria a primeira vez.
Ele sorriu com o pensamento.
Assim que chegou ao seu quarto ele o viu vazio. Franziu o cenho. Foi em direção ao quarto de seu pai e também o viu vazio. Ele deveria ter saído, pensou, mas seus pés o levaram em direção ao banheiro do quarto. Seu coração estava acelerado, seu corpo sabia que algo estava errado.
A porta do banheiro estava entreaberta. Louis negou com a cabeça e logo abriu a porta.
A visão que teve o fez sentir como se seu coração estivesse em chamas. Nenhuma dor seria pior do que a angustia que estava sentindo agora. Seu mundo estava desmoronando.
Seu pai parecia apenas estar desmaiado no chão do banheiro, mas Louis sabia que para um homem com uma doença como a dele, isso com certeza poderia significar o pior. Foi como se o mundo tivesse parado de girar por um segundo muito longo.
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Stepbrother
FanfictionLouis viveu toda sua infância e adolescência com seu pai Mark depois do divórcio dele com a sua mãe Johannah. Eles tinham o melhor relacionamento pai e filho que se pode imaginar, mesmo vivendo de forma humilde e tranquila no interior de Londres. Lo...