Jonathan

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John? John? A não, aquela voz de novo não.

Abro meus olhos sem acreditar que já é segunda. O único dia livre que tive depois de tanto tempo foi ontem e ele já havia acabado. Olho para a bela morena que está ao meu lado sorrindo tentando me acordar. Que porra de horas são?

-7 horas... - ela fala lendo meus pensamentos.

Me levanto apressadamente e começo a vestir minhas roupas, com certeza irei chegar atrasado no trabalho. Ma... ma...ma... qual era o nome dela?

-Marcella. - ela sorri e penso que talvez seja uma bruxa.

-Eu sabia. - vesti minha blusa e sai do quarto sem esperar que fale algo.

Eu já tinha estado com ela duas vezes - ou talvez três - mas não consigo de jeito nenhum memorizar seu nome. Pego minha chave e carteira em cima da mesa e me mando. Ela não vem atrás de mim, acho que sabe como funciona as coisas comigo.

Ando o mais rápido que consigo e chego no setor da indústria que fica a classe C: a dos operários.

-Mesma roupa de ontem? - pergunta Mirlon, meu melhor companheiro de farra.

-Dormi com a Marceli. - esse era o nome dela?

-Marcella! - me corrige sorrindo, bastardo.

-Tanto faz. - do de ombros e abro meu armário pegando meu macacão.

-Você não pode se apaixonar por alguém... - ele diz me fazendo rir - Estou falando sério.

-Cara. - começo a tirar minhas roupas para me trocar ali mesmo - Nem o nome dela eu sei.

-Cuidado - ele bate no meu ombro e sai após escutar a buzina que nos informa que o expediente está começando.

A cidade de Argon é a capital de Magda. Tudo gira em torno da exportação de ferro, aço, cobre, ouro e diamante. Nós somos o país mais influente do Mundo e tudo que fazemos logo é copiado por todo continente. O setor dos operários é o principal da fábrica e, por ironia, o menos valorizado.

Entro na sala de operação de máquina e começo a trabalhar com a manutenção de algumas peças. Semana passada consegui subir de nível e, agora, estou na categoria mais alta que um C pode chegar. Tudo na cidade é dividido em camadas sociais, divisão que foi feita pelo avô de nosso Rei que até hoje perpetua com essa invenção.

-Hoje tem reunião? - George pergunta enquanto divago em todas as minhas estratégias.

-Claro, tudo já deve ficar pronto no próximo mês. - falo convicto mostrando que não estamos para brincadeira.

Mês passado, minha irmã tinha sido julgada impura e decapitada na praça principal. Tudo porque se envolveu com um Senador que possuía esposa e 3 filhos. Eu não a defendo, mas quem deveria morrer seria ele, não ela. Toda a "apresentação" ocorreu como forma de mostrar quem está no poder e dar o velho "pão e circo" aos miseráveis que adoram uma boa carnificina.

-Quem está no controle hoje? - escuto aquela velha voz conhecida e odiada por mim.

-Jo... John, senhor - maldito idiota que não consegue falar sem tremer na voz.

Amim é o dono da fábrica e um dos mais importantes representantes da classe A. Seu cheiro sempre é de álcool e me da ânsia de vomito toda vez que se dirigi a mim.

-Não está me ouvido? - ouço seu grito perto do meu ouvido. Viro minha cabeça de lado e me deparo com um velho asqueroso.

-O que falou, senhor? - abaixo minha cabeça em sinal de reverencia e me sinto podre por ter fazer isso.

Desejo de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora