Uma musica antiga tocava no radio do carro em movimento. Não esquecida o suficiente para eu não saber a letra. Mamãe sempre fala que os gostos da minha geração são uma ameaça as musicas dela, então passei meus últimos 17 anos ouvindo os maiores cantores dos anos 60 dentro de casa. Da pra acreditar? A primeira vez que levei uma copia do cd da Selena Gomes mamãe faltou quebrar meu CD - player. Desde então, tento simplesmente não ouvir nada. Não porque sou uma adolescente conformada, e sim porque comprar um CD - player novo seria muito difícil.
Bom, agora nosso repertorio irá mudar um pouco, nada muito drástico, só iremos ter como despertador algumas galinhas, ou vacas barulhentas. Cortesia de Winterfall. Nossa mais nova cidadezinha. A qual estou tão animada para conhecer, que nem mesmo me levantei do banco para observar a paisagem na estrada. E a explicação para isso é simples.
Hoje, teoricamente era pra ser o dia mais programado da minha vida. Aquele em que eu iria para o baile de formatura, dançaria com algum garoto legal, comeria muito, depois voltaria pra casa bêbada. Mas essas eram coisas que estavam longe de acontecer. Eu seria a oradora do baile, e estava tudo indo como eu havia planejado, meus dias em estavam totalmente organizados em uma agenda, incluindo o baile, que eu mesma organizei para escola e era pra ser o dia mais perfeito do ano. você não faz ideia do que é andar em uma cidade enorme por horas atrás de lojas de ornamentação, varias vezes na semana!. porem agora estou deitada no banco de trás de um carro de viagens alugado indo para o fim do mundo, que é uma possível velha fazenda. Onde as únicas coisas que vou ver são fazendeiros suados, cavalos e gado.
A parte de ter que mudar não me deixaria tão intrigada se eu soubesse pra onde iria, só me disseram que era para uma fazenda, mas pelas horas que estamos viajando, parece que vamos atravessar o país inteiro. O pior de tudo é ter sido arrancada de lá em cima da hora, onde fica consideração com meu esforço? Como podem me tirar da cidade onde cresci do dia pra noite como se fossemos fugitivos? sentia como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada com muita pressa. Não sou apta a mudanças e prefiro tudo muito programado. O que as pessoas iriam pensar? Não tínhamos amigos nem nada, nem os vizinhos gostavam da gente, isso daria um bom tema de fofoca agora. Eu costumo ser uma pessoa muito complacente, mas não foi dessa vez. Não sei o que deu em mim, mas quando jogaram a bomba, eu simplesmente fugi de casa numa bela manhã de sábado. Quem nunca fugiu de casa? Acho que todo adolescente revoltado já fez. Não que eu seja revoltada. Até agora não acredito no que eu fiz. Uma baita decisão errada que me custou meu velho Ipod que só tinha musica velha por um mês. Mesmo que não pareça uma grande perda, pra mim foi horrível ter que suportar mamãe falando o tempo todo enquanto me levavam de volta depois de me acharem.
Minha antiga cidade não era um super centro que todos queiram visitar, nem de longe era um lugar que eu gostasse. Era aceitável pra se ter uma vida normal e tranquila, apesar da vizinhança um pouco irritante e a escola cheia de gente mesquinha, conseguia sobreviver. Descobri cedo que andar entre os corredores da escola despercebido era uma dadiva. até na sala de aula ninguém conversava comigo. no começo me sentia mal, mas depois percebi que sou melhor sozinha, e a presença de outra pessoa passou a não me fazer falta. Os psicólogos me achavam estranha e viviam dizendo que devia ter uma vida social melhor, mas se nem meus pais ligavam, não era eu que ia gastar meu tempo com isso. Apesar da vida difícil que levávamos, não conseguia ver motivo para sairmos com tanta urgência. Nossa casa não era perfeita mais era confortável e estávamos bem. Nos dias anteriores eles andavam diferentes e devia ter percebido que aprontavam algo. Mesmo tendo algumas complicações com os vizinhos, eles pareciam sempre com vontade de mudar os hábitos, não os faziam, mais antes era visível o inicio de uma tentativa de se socializarem sem parecer estranhos. Agora tudo que via era dois adultos com afobação pra largar a cidade, como se percebessem que finalmente estávamos ganhando progresso e isso fosse ruim. É contraditório ao que realmente deveria acontecer certo? que tipo de família nos somos afinal?.
-Alya?-mamãe berra abaixando o som do carro.
Viro a cabeça que estava apoiada em dois enormes travesseiros. Que eram meus únicos companheiros naquela viagem.
-O que foi?-respondo demonstrando meu total desinteresse.
-Você não pode dormir a viagem inteira, precisa comer alguma coisa.
-Não tenho fome- menti. A fome estava além de mim. Na verdade, estou sempre com fome - e não estava dormindo. Estava refletindo.
-Minha filha você pensa demais- papai murmurou preguiçosamente ao volante- Fazer greve de comida não vai mudar a rota da nossa viagem. Você sabe muito bem disso.
-Hum, que pena... – respondi - tinha esperanças de que desse certo.
Mamãe fez cara feia, mas queria que vissem o quanto estava chateada, e sou boa em fazer pirraça.
-Amor – falava com papai - acho que comprei pão de queijo demais. Sobrou um pacote inteiro! Acho que vou ter que jogar... -antes que ela terminasse a frase, me joguei no banco da frente peguei o pacote e voltei para o banco de trás. Ser durona com comida em jogo não é bem minha praia.
-golpe baixo - murmurei para mim mesma.
Pão de queijo? Meu ponto fraco número dois.
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Alya - Por quê não?
FantasyInconformada com as mudanças saindo dos trilhos, Alya começa a buscar respostas e acaba descobrindo coisas que nunca imaginaria conhecer. o que sera que a espera ? Não esqueçam de comentar o que acharam ...é muito importante para o progresso da his...