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 Mais uma sexta-feira que não sei o que fazer com essa minha vida entediante a não ser ficar deitado na minha cama assistindo minha série favorita, ficar no computador ou até mesmo checar meu celular inúmeras vezes para ver se haviam mensagens novas de alguns amigos. Era frustrante saber que a única mensagem que eu havia recebido era sobre um novo pacote de internet. 

Abafando minha cabeça nos lençóis da minha cama bagunçada, eu gritei contra o travesseiro, em uma tentativa falha de deixar toda a frustração e raiva sair. Por que eu não posso ser como todo mundo? Garotos da minha idade estão indo em festas e saindo com os amigos, e eu? Nada! De qualquer forma, eu até acharia compreensível já que essa não é minha natureza. Nasci e fui criado como cristão, fui ensinado a respeitar minhas morais e que Deus está vendo tudo o que eu faço.

Se os meus pais descobrissem que eu saio para fazer coisas que outros adolescentes fazem, eu ficaria trancado em meu quarto por semanas e como punição ficaria sem a televisão, computador e até mesmo meu celular, o que basicamente compõem minha ideia de como viver...  Se já foi um baque para minha família quando revelei sobre minha verdadeira sexualidade.

Tudo começou a muito tempo quando eu tinha seis ou sete anos de idade. Nunca fui um garoto muito sociável, mas com ele foi diferente, era meu segundo ano do pré-escolar, em uma escola completamente diferente e onde eu não conhecia ninguém. Thomas foi o único a se aproximar e me chamar para brincar, nossa amizade crescia mais a cada segundo que  passávamos juntos, tanto que ele frequentava minha casa e dormia lá as vezes. Até que, quando estávamos nos preparando para encontrar nossos pais e ir para casa aconteceu... Nos acidentalmente encostamos nossos lábios na hora que fomos nos despedir, tudo aconteceu muito rápido e quando me dei conta meu pai já estava me puxando pelo braço falando que aquilo era errado e que meninos bons não deveriam fazer aquilo. Desde então eu nunca mais vi Thomas, mas foi aquele beijo que me fez entender o que eu realmente sou.

Então minha única alternativa seria ficar aqui deitado na minha cama, me lamentando para o resto da minha vida. Vi uma luminosidade por debaixo da coberta, o que geralmente significava que eu havia recebido uma mensagem. Era como se os Deuses estivessem ouvindo todas as minhas lamentações, era uma mensagem dizendo: 

"Festa incrível hoje! Meia noite em Richmond. Todos estão convidados.

Apressando-me até o banheiro, eu rapidamente tirei minhas roupas enquanto deixava a água esquentar antes de entra e deixar que as pequenas gotículas de água atingissem minha pele. Depois disso, enrolei a toalha em minha cintura antes de tentar ir ao meu guarda-roupas, sem tropeçar em alguma meia, cueca ou até mesmo caixa de pizza espalhada pelo chão do meu quarto. Passando o olho por tudo que eu tinha, não conseguia acreditar que eu não possuía sequer uma roupa que poderia ficar pelo menos um pouco apresentável para ir para uma festa. Até que meus olhos pousaram sobre minha surrada skinny preta, uma blusa branca qualquer e minha tão inseparável jaqueta jeans . Deslizando um par de meias, calcei meu vans favorito. Eu estava incrível, se me permite dizer. 

Pegando meu celular, o guardei no bolso enquanto descia na ponta dos pés até o hall de entrada, conhecendo onde cada lugar faria barulho ao pisar até chegar em segurança ao ultimo degrau da escada e sair de casa antes de alguém descobrir que eu havia saído.

O vento noturno batendo contra minhas bochechas fez com que eu sentisse algo dentro de mim. O "novo eu" não poderia acreditar que iria sair da circunferência segura da minha casa para ir a alguma festa. Mas valia a pena, definitivamente valia a pena. 

Fazendo meu caminho pela rua, eu passei pelas ruelas, mantendo meus olhos no caminho. Richmond não era tão longe de onde eu moro, o que era um bônus. Quando eu estava prestes a virar a esquina na Rua Jefferson, meu celular começou a vibrar no meu bolso. 

THE DANGER || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora