Encontrei-a pela segunda vez numa manhã de inverno,numa
Dessas manhãzinhas de frio cinzento em que os garotos dos jornais
Andam pelas ruas aos pulinhos,como que repelidos pelas pedras.
Postados diante da montra de O Século,lia nao sei que artigo
De sensaçao na folha pegada ao vidro,quando me pareceu descobrir
Na mancha reflrectida nonespelho um contormo quase familiar.
Virei-me e era ela,com a boca do mesmo tamanho,as mesmas
Sardas,os mesmos olhos apenas levemente mais mortiços,tal duas
Folhan de árvore já com ferrugem dum Outono cedo.
Mais pálida também ,e mais suja.O sol deixara de lhe acentuar
as feiçoes de pele rasgada e de lhe encobrir a miseria agora bem
evidente nos chinelos de trança ,na blusa rota ,na saia com remendos
E nos cabelos endurecidos de porcaria.