Bommmm Diaaaaaa Amores!!!!
Como sabem estou indo ao RJ hoje para a Bienal \o/
Amanhã teremos a Sessão de autógrafos de Um Encontro Fatal (Espero vocês, rsr) e para comemorar esse último dia de espera, apresento a vocês este conto que escrevi para o Projeto Brasil em Prosa.
Espero que gostem ;)
Não deixem de votar e comentar, amo as opiniões de cada um ♥
Bjos
Uma ótima leitura e nos vemos na Bienal ♥
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−Não é elegante atrasar para cerimônia, Lavínia querida. – essa frase virou o mantra do meu pai. Ele a repetiu pelo menos vinte vezes nos últimos vinte minutos.
−Não vou me atrasar pai. Ainda faltam duas horas para o início da cerimônia. – digo calmamente, me admirando no espelho. Meu vestido é divino!
Entendo a preocupação do meu pai, acredito que todos os pais ficam nesse estado momentos antes de entregar sua filha no altar para outro homem. Também estou nervosa, afinal essa será a terceira tentativa de realizar os enlaces matrimoniais.
Isso mesmo. Três Igrejas, três vestidos, três decorações, o mesmo noivo. Você deve se perguntar o que aconteceu que impediu o casamento. Será que foi um caso extraconjugal? Uma mentira descoberta? Um rompimento repentino? Não foi nada disso. O que nos impediu de dizer o famoso sim diante de Deus e de todos, foi o cumprimento do dever. Vou explicar.
Sou noiva do Apolo Medina, um descendente de Grego, alto, moreno de olhos azuis penetrantes e encantadores. Conhecemos-nos há oito anos no evento em que fui empossada como Delegada da Divisão de Repressão ao Narcotráfico e ele assumiu o cargo de Delegado da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa. Éramos os mais novos da turma. Flertamos a noite inteira e algumas semanas depois, após longos momentos de paquera, engatamos um namoro e desde então, fazemos malabarismos para manter um relacionamento amoroso, ou algo assim.
–Você tem certeza que seu noivo essa noite não vai trabalhar em nenhuma operação suicida como a última rebelião? – estremeço com a lembrança, a operação que meu pai se refere foi um motim dos detentos reclusos na prisão de segurança máxima, os criminosos mais perigosos do país habitam cada centímetro quadrado do lugar. Na ocasião, Apolo sofreu múltiplas lesões oriundas de armas artesanais dos detentos. O que lhe rendeu dezessete dias de internamento.
–Ele está de férias, pai. – abraço-o, não para reconfortá-lo, mas para me tranquilizar. Ele tem esse poder. Papai tornou-se meu porto seguro após a morte precoce da minha mãe. – Hoje não haverá nenhum chamado.
–É, eu ouvi isso dá última vez.
–Mas pai o governador foi assassinado naquela noite. – digo tentando justificar, mas a minha voz tremula demonstra toda minha insatisfação por ter sido abandonada no altar. Mesmo que o motivo tenha sido de segurança nacional. Papai apenas acena com a cabeça, ele sabe exatamente o que estou pensando.
–Vou ligar para meu genro, quero saber se está tudo conforme planejado. – sorrio, era exatamente o que eu gostaria que ele fizesse.
Assim que ele sai me dedico em concluir a maquiagem, dessa vez não contratei um batalhão de cabeleireiras e maquiadoras, preferi algo mais simples, mais reservado, porque se algo der errado será menor a quantidade de pessoas que teremos que nos desculpar.
Restringi os padrinhos para apenas um casal, ninguém precisa mais que isso, os eleitos foram a Vitória e o Eduardo, nossos melhores amigos. Vitória é a parceira do Apolo na delegacia e o Eduardo técnico laboratorial especializado em drogas sintéticas, é comum nossos trabalhos se cruzarem, eles foram nossos maiores incentivadores e nossa amizade vai além do trabalho. Apesar de ainda não sermos casados, eu e o Apolo somos os padrinhos da pequena Melina, filha da Vi e do Edu.
Fora eles, receberemos os meus sogros, Dapheny – minha cunhada fútil – com o playboy da vez, uma dúzia de agentes de ambas as divisões dois ou três vizinhos. Nada comparada aos 300 convidados da última tentativa.
Gostaria que mamãe estivesse entre nós.
Arrumo uma mecha do cabelo que solta do coque, prendo as flores e o véu, respiro fundo. Estou pronta. Hoje vai. Vou me tornar a Sra Medina.
Uma hora depois estou na frente da Igreja onde será realizada a cerimônia religiosa. Apesar de ser pequena ela é muito charmosa e possui um lindo jardim anexo onde realizaremos a recepção.
–Pronta? – meu pai pergunta emocionado. Apenas aceno com a cabeça, tenho medo de estragar a maquiagem antes de chegar no altar. – Sua mãe ficaria muito orgulhosa. – Engulo seco e aceno mais uma vez, a emoção fazendo minha garganta ficar apertada.
Papai desce do carro e vem me ajudar a sair, arrumo o vestido, agarro o braço dele com força e dou o primeiro passo em direção ao tapete vermelho, é incrível a sensação. Estou a poucos passos de realizar um sonho.
Respiro fundo e coloco o pé direito no tapete e é exatamente quando o alcanço que ouço o primeiro disparo.
O restante do caminho é um borrão, lembro-me de chegar ao altar em tempo de rodear a cintura do Apolo antes dele despencar no chão. O terno cinza estava imaculadamente tingido de vermelho e um filete de sangue escorria de sua boca.
Meus gritos por socorro arranham a minha garganta, meu coração galopa no peito e as lágrimas embaçam a minha visão. Por favor, Deus, não permita que ele se vá.
−Eu te amo. – ele diz baixinho, engasgando com as palavras devido ao sangue que inunda a boca.
−Não se atreva a me deixar. – imploro, enchendo-o de beijos. – Você me deve um sim no altar e uma vida inteira de amor e companheirismo. –meu coração se despedaça com a certeza que já é tarde para nós.
−Padre. – Apolo chama baixinho, quase não ouço.
−Estou aqui.
−Seja rápido. – ele pede em meio a um acesso de tosse, o sangue respinga no meu rosto.
− Lavínia Brandão você aceita Apolo Medina como seu esposo...
−Sim. – digo interrompendo-o.
−Apolo você aceita Lavínia como sua esposa?
−Sim.
−Eu vos declaro marido e mulher.
Encaro os olhos azuis, do agora, meu marido, eles brilham com as lágrimas.
−Já pode beijar a noiva.
Permito-me olhá-lo por mais alguns segundos, na tentativa de gravar a imagem, como uma tatuagem na minha retina. Ele suspira e fecha os olhos, sem perder nem mais um segundo, colo meus lábios nos dele, nossas lágrimas se misturam com o sangue em algum tipo de pacto macabro, declaro meu amor sussurrando em seus lábios. Beijamos-nos mais uma vez e sinto o hálito doce e quente do seu último suspiro.
−Vou te amar por toda eternidade. – Prometo.
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Pacto Fatal - CONTO
RomancePacto Fatal - Conto Participante do Brasil em Prosa Lavínia é uma destemida delegada, prestes a realizar o sonho de toda mulher, seu casamento... Apolo é seu par perfeito, após três tentativas finalmente chega o grande dia, mas eles jamais imaginari...