Capítulo 01

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©Essa história foi escrita por Kaline Bogard sem fins lucrativos, feito de fã para fãs. Cópia parcial ou total, assim como o uso do enredo, está terminantemente proibido. Plágio é crime.

***

Há muito tempo atrás, supostamente, o mundo possuía vastas paisagens prósperas, exibindo a natureza exuberante. As cidades eram afortunadas e os seres humanos eram tantos que se espalhavam por todo o globo. Então o Grande Cataclismo aconteceu, e tudo mudou.

O que causara tal Cataclismo? As teorias eram as mais diversas: a destruição gradual da camada protetora de ozônio? Uma guerra nuclear entre as nações? Colapso das próprias forças da natureza, graças a interferência humana? Havia somente um ponto em comum: o próprio ser humano causara sua queda. Ações movidas pela ganância e egoísmo resultaram na quase extinção da humanidade.

Aos herdeiros das terras devastadas só restara uma opção a escolher: não se preocupar com teorias a respeito do Grande Cataclismo. Tudo o que podiam fazer era sobreviver.

D&T

— Falta pouco agora! — a voz, um tanto rouca, soou mais empolgada do que deveria. Os olhos se fixavam na paisagem a frente, ruínas inegavelmente. O objetivo da longa jornada a que haviam se proposto. Era a cidade de Tokyo, um pálido e assustador fantasma do que as conversas na fogueira diziam que havia sido. Uma das poucas aglomerações humanas que resistia as intempéries da nova vida. Visão ladeada pela paisagem que servira de companhia para a dupla: a estrada de chão batido e árido, em alguns pontos revelando pedaços do concreto que um dia a revestiu. Vegetação seca ladeando a estrada, destroços que reconheciam como veículos, prédios caídos, entulho. Destruição.

— Aa — foi a resposta que teve de volta. Seu companheiro de viagem não entendia como podia ter tanto fôlego ainda.

— Oe, Daiki! Você tá bem?

O rapaz rolou os olhos. Claro que estava bem. Só não tinha disposição para perder tempo com bate-papo. Andavam há muito tempo, queria acabar com a missão e voltar logo pra casa, pra segurança. Ao invés de conversar, preferia usar todos os sentidos para manter-se alerta no caminho. A viagem estava surpreendentemente tranqüila. Era atípico.

Diante do mau humor nada fora do comum, o segundo viajante preferiu calar-se. Ainda andariam um bom par de horas antes de chegar a Tokyo. Não negava que a mochila grande e velha que levava nas costas pesava demais. Sentia muito calor com aquelas roupas grossas que cobriam todo o seu corpo, forma parca de proteger-se do sol. Também usava um boné que já vira dias muito melhores, ainda que útil para proteger os cabelos ruivos e sombrear os olhos de rara íris avermelhada. Fixou o olhar no horizonte. A cidade devastada cada vez mais perto era uma esperança que animava-lhe os passos.

Daiki lançou um olhar de lado para seu companheiro. Surpreendeu-se que Taiga desistisse da conversa tão rápido, talvez estivesse cansado. Não o culpava. O sol fatigante batia sem piedade, os trajes serviam para ajudar no isolamento dos raios ultravioletas, mas eram quentes, abafados. Vestia-se basicamente igual a ele, com exceção do boné, já que usava uma tira de pano como um improvisado turbante para encobrir o pescoço, metade do rosto e cabelos. Os olhos azuis e estreitos iam protegidos por um par de óculos de lentes escuras. Levava uma mochila igualmente grande, fruto de meses de esquemas e pequenas aventuras reunindo bugigangas. Coisas que seriam úteis para alguém e podiam trocar por mantimentos.

Era a terceira ou quarta vez que faziam a viagem até Tokyo, naqueles dez anos que estavam juntos. Evitavam voltar ao mesmo lugar em um curto período de tempo. Não raro revezavam as viagens entre Tokyo, Kyoto. Foram à quase extinta Osaka uma vez. Uma viagem longa e quase fatal que nunca mais repetiram.

Survivors (AoKaga)Onde histórias criam vida. Descubra agora