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[Sasuke]

Posso sentir o cheiro da primavera, o sol calmo como se abençoasse meu corpo, a brisa fresca que por mim atravessa, como uma saudação. Como se eu fosse bem vindo, como se dissesse que aqui é onde eu deveria estar e que estavam a minha espera. E de fato desconfio que seja isso mesmo.

Mais a frente, em uma espécie de elevação coberta por grama, encontra-se alguns shinobis de Konoha. Pessoas que há tanto tentei quebrar todo e qualquer tipo de laço, que até mesmo tentei matar e destruir. Com essa má lembrança sinto meu corpo retraindo, será seguro se aproximar? Mesmo sabendo que os presentes tenham me perdoado, não tenho certeza se eu o fiz.

Posso ver o time 7, mais o Capitão Yamato e meu substituto, Sai. Passo o olhar por eles e então percebo. Volto o olhar para Naruto, que estampa um sorriso inquebrável, mas acima de tudo acolhedor, mas há um desfalque, Sakura não está.

Ao constatar isso meus pés fraquejam, meu então sorriso de canto desaparece, e por fim percebo meus punhos cerrados. Seria egoísmo a querer ali? Talvez. Seria compreensivo que ela tenha cansado de me esperar, ela talvez tenha seguido em frente. Contudo, há algo dentro de mim que não reage bem.

Olho para Naruto em busca de respostas, ele parece entender e abaixa a cabeça, Kakashi suspira. O que está acontecendo? Por que ninguém fala nada? E foi então que eu a vejo, primeiro sua cabeleira rosa aparece na colina, mas em vez de me sentir aliviado me sinto mais nervoso, algo está errado. Quando Sakura aparece por completo percebo o que há.

Meus olhos não podem acreditar no que estão vendo, meus batimentos aceleram, todo o sangue parece fugir do meu rosto, meus punhos voltam a cerrar, dessa vez com mais força.

Ela está grávida. Grávida.

Quando nossos olhares se cruzam, sinto algo estranho. É como se algo dentro de mim se destruísse. Não sei porque isso me afetou tanto, mas assim aconteceu. Ela se aproximou de Sai e segurou sua mão. Seus dedos se entrelaçaram. Ela o dirigiu um sorriso caloroso, e ele retribuiu a abraçando de lado, e assim eles ficaram. Engulo em seco.

Isso deveria ser comigo, não é? Por que raios continuo pensando assim? Mas simplesmente não acho isso certo, não era para ser o Sai. Olho para o Naruto novamente e ele está de mãos dadas com a Hinata.

E de repente é como se todos os presentes estivessem arranjado suas famílias. Sakura arranjou a sua.

Isso não é certo. Não é. Sinto minha vista escurecer por uns segundos e logo voltar ao normal. Ando incoscientemente em direção a Sakura, sinto lágrimas em meu rosto, mas não consigo segurar. Eu tento me aproximar, mas algo me impede, quando consigo olhar para o lado vejo Kakashi com a mão em meu ombro, e em seguida Naruto está na minha frente. Ninguém emite um único som, apenas se ouve o vento e os pássaros, algo bonito de se admirar há alguns minutos, e que agora se torna incômodo.

A dor que sinto agora é algo semelhante mas ao mesmo tempo totalmente diferente da que senti há muitos anos, quando meu clã foi distruído pelo meu irmão. Naquele momento senti ódio, agora é apenas a dor.

Uma dor em expansão, percebo, que ativa cantos da minha mente que eu não poderia prever. Sinto um futuro que meu subconsciente guardava a sete chaves se quebrando bem na minha frente, minhas esperanças serem destruídas, essas na qual achava que poderia guardar por mais um tempo no meu íntimo. Sim, seria mentira falar que nunca imaginei uma vida ao lado de Sakura, para ser sincero comigo pelo menos uma vez na vida, ela foi a única mulher na qual me imaginei.

Mas é tarde demais. E isso dói, que droga. E me engano ao achar que isso foi recente. Comecei a estragar nossas chances há muito tempo. Tiro a mão de Kakashi do meu ombro e me afasto, cambaleando. Torno a descer o pequeno morro, os pássaros cessaram, o clima ficou frio, meus batimentos continuam acelerados, estou totalmente atordoado!

A sky full of stars {sasusaku} PT-BROnde histórias criam vida. Descubra agora