Capítulo 2

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Olha que ironia, a chuva para no exato momento que chego numa pensão que está caindo os pedaços.

O lugar é horrível, mas aposto que não deve ser muito caro. Entro e vejo uma mulher sentada lendo uma revista.
O cabelo dela é horrível! Acho que não vê uma hidratação há meses!

Chego mais perto esperando ela me notar, mas ela continua lendo como se não estivesse me vendo.

- Hello! Será que não percebeu que chegou alguém! - digo e ela finalmente levanta a cabeça me notando.

Agora reparando de perto vejo as rugas de sua cara.

- O que deseja? - ela pergunta com a voz mais indiferente do mundo.

- Se estou aqui é por que desejo um quarto, não? - falo irritada com a indiferença da mulher.

- Ah, sim. - ela se levanta e vem até mim. - E tem dinheiro para pagar? - ela pergunta me olhando da cabeça aos pés.

Me sinto ultrajada, minha aparência está tão decadente a ponto dessa mulher me perguntar isso?

- Olha aqui minha senhora, eu acabo de ser expulsa de casa pelo meu pai maluco, descubro que minha melhor amiga na verdade é uma vaca, estou com uma aparência horrenda, e acabo de quebrar o salto e você vem me perguntar se tenho dinheiro? É claro que tenho!

Ela me olha mais uma vez então diz:

- O aluguel é 250 por mês, mas como não fui com a sua cara vai ser 300. - ela fala e abro a boca para reclamar, mas mudo de ideia na hora. Vai que ela aumenta o preço, preciso poupar. Quem diria eu poupando dinheiro! Isso é um pesadelo ou o apocalipse.

- Recebo adiantado. - ela fala me tirando do transe, enquanto pego o dinheiro na sacola xingo mentalmente todos os palavrões que eu conheço.

Entrego o dinheiro para ela e ela tem o a audácia de conferir o dinheiro na minha frente.

- Me acompanhe. - ela fala fingindo não notar o olhar mortal que estou enviando na sua direção.

Quando chego no quarto, sinto que vou desmaiar. É o lugar mais horroso que já vi, e ainda por cima cheira mofo.

Olho para a mulher e ela apenas continua olhando com indiferença.

- Bom,aí está. Pode me chamar de Greace. Você terá que pagar luz e água. A comida também é a parte. Como é seu nome mesmo? - Ainda olho chocada para aquele ambiente, como alguém consegue viver nesse lugar? Aposto que tem baratas e... Meu Deus! Com certeza deve ter ratos!! Eu tenho musofobia!

A mulher me encara esperando a resposta.

- Me chamo Nicolle. Nicolle Prency. Tem ratos aqui? - pergunto com tremor na voz

- Ah, até semana passada não. Vou deixá-la se familiarizar com o ambiente. - sinto uma leve pontada de sarcasmo na sua voz. Tenho vontade de mandá-la se f... Mas sou uma garota educada e não faço isso.

Ela sai, me deixando sozinha nesse... Como eu chamo um cubículo que só tem uma sala e uma cozinha? E um micro banheiro que nem quero ir ver a situação porque tenho certeza que não vou aguentar.

Me sento no sofá-cama e ele despenca com o meu peso. Pode piorar? Acho melhor parar de falar isso.
Levanto do chão e pego a sacola que meu "ex-pai" me entregou.

Dentro dela tem algumas roupas que eu nem me lembrava que tinha. Minha escova de dente, e mais alguns objetos meus. Vejo um envelope dentro, pego e o abro.
Estava escrito o seguinte:

Espero que você entenda, é para seu próprio bem. Sei que no fundo você é uma garota forte. Vai conseguir.

Com amor,papai.

Uma lágrima solitária escorrega, como ele pode fazer isso comigo?
Ele não me conhece? Amanhã mesmo de manhã, vou voltar até lá. Ele vai está com a cabeça mais fria vai me aceitar de volta!
Depois de saber o que passei por um dia vai se sensibilizar com a minha situação.

Penso nisso um pouco mais animada. Acho que nunca sofri tanto na minha vida.

Me deito no sofá, e acabo dormindo tão cansada que estou. Sonhando com um sapato que estava louca para comprar.
♥♥♥

Acordo no dia seguinte e vejo a hora. Preciso tomar um banho urgente.

Vou até o banheiro e quase caio para trás, era pior do que eu imaginava. Tento ignorar e sigo até o chuveiro.
Ligo e como era para ser, a água está um gelo.

Tomo um banho rápido querendo sair logo dali.
Pego a toalha e a sacola com roupas. Tantas roupas no meu closet e meu pai pega as piores que estava lá dentro.

Escolho um vestido pink, e encontro o único sapato que encontro, uma sapatilha rosa claro. Se a intenção do meu pai era me punir, ele conseguiu. Não vou conseguir viver sem meus vestidos e principalmente meus bêbes: sapatos.

Deixo de pensar um pouco nisso e vou me arrumar. Passo rímel, faço um rabo de cavalo e batom.

Enquanto caminho até a porta percebo que minha barriga está roncando.
Desço até a entrada e vejo a Graece. Está sentada da mesma maneira que a vi quando cheguei. E ela está do mesmo jeito, que mulher estranha!

Passo por ela, e sigo para a rua.
Como é ruim andar, minhas pernas estão doendo. Mas não posso gastar o pouco que me resta.

Chego em casa toda suada, me sentindo nojenta!
Entro pelos fundos e vejo Trudy, a mulher que cuidou de mim a vida toda, minha babá.

- Minha princesa! - ela corre emocionnada até mim. -O que faz aqui? - abraço ela e lágrimas saem dos meus olhos.

- Trudy...É horrível! Não posso viver mais um dia assim, sinto que terei um colapso nervoso!

- Oh, minha querida! - ela fala se lamentando. - É para seu próprio bem... - ela começa o discurso e fico irritada.

- Meu bem? É porque você não viu o lugar imundo que estou morando! E não conheceu a dona do lugar, ela me odeia!

- Nicolle! O que faz aqui? - meu pai entra assustando nós duas.

- Sr. Prency... - Trudy começa tentando me ajudar.

- Nem comece Trudy, nós dois sabemos que ela precisa desse choque de realidade.

- Papai, eu já fui punida! Estou dormindo num lugar que tenha certeza que tem ratos. E você sabe que tenho fobia!

- Nicolle, por favor! Chega de frescura e vire mulher! Você não é mais uma garotinha, tem que aprender a ser independente! Eu mimei você a vida toda, e me arrependo amargamente, pois tudo o que eu não queria era ver minha única filha se tornando uma mulher egoísta, fútil e sem coração! Sinceramente, me pergunto todos os dias onde foi que eu errei. - ele desabafa, e meu mundo para. Ele nunca falou desse jeito comigo.

Lágrimas saem dos meus olhos, e antes de sair correndo dali ne viro e falo:

- Desculpe não ser a filha perfeita... - falo com toda a mágoa que sinto na voz, ele tenta se aproximar, mas corro para longe.

Pensei que ele teria esquecido tudo, mas ele não quer uma filha, egoísta, fútil e sem coração!
Meu pai... Vou provar para ele que eu não sou nada disso.
Vou mostrar para ele que consigo sobreviver sem um centavo dele.

A partir de hoje minha vida mudou de verdade, e com licença, mas se o mundo não acabou agora, prepare-se pois Nicolle Prency vai arranjar um emprego.

****

Espero que tenham gostado!

Prevejo problemas, como será que Nicolle se sairá nessa busca por um emprego?

Estou até com medo de imaginar! Kkk

Enfim, posto outro capítulo o mais rápido possível.

Bjos :*

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⏰ Última atualização: Sep 10, 2015 ⏰

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