Excuse me

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Hey, pessoal, é um novo projeto, espero que curtam...

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Crítica.

Substantivo feminino. Análise avaliativa de alguma coisa; ação de julgar ou criticar.

Críticas se enquadram em diversos contextos. Existem as críticas positivas, as críticas negativas, as críticas construtivas e as críticas destrutivas, entre todos os outros tipos que puderem passar por sua mente. Mas, digam-me, qual de nós não está sujeito a elas? Qual de nós possui a tão amada carta de alforria para com ser criticado? Para com criticar?

Se você pudesse perguntar uma única coisa a alguém que, inevitavelmente, você terá que criticar, o que perguntaria? O que sua mente poderia bolar que viesse a valer por toda uma crítica necessariamente desenvolvida?

Digo, se uma única pergunta fosse a responsável por definir determinado assunto, pessoa, objeto ou situação, o que você perguntaria?

A maioria de nós pensaria por horas em algo decente e acabaria chegando a um lugar comum a tantos outros milhões, mas não ela. Não aquela garota estabanada e fora de qualquer órbita imposta pelas leias da física.

Não ela.

Óculos de grau pousados desajeitadamente sobre a ponta do nariz, cabelos presos e levemente desgrenhados pela, inesperada, corrida para chegar ao local marcado, caderno de anotações pousado nas pernas cruzadas e uma caneta esferográfica preta rabiscando rapidamente as folhas amareladas.

- Só temos tempo para mais uma pergunta. - o homem com uma pequena prancheta em seus braços e óculos fundos na lateral da sala avisou para a mulher sentada diante aos inúmeros jornalistas.

- Obrigada. - agradeceu e virou-se de frente para o rapaz, acenando com a cabeça e voltando sua atenção para os 30 ou 40 jornalistas. - Vocês ouviram, pessoal, última pergunta. - metade dos presentes ergueram seus braços, pedindo a palavra. Os olhos verdes correram por cada um e analisaram seus rostos. Alguns já haviam feito diversas perguntas naquela tarde, assim como outros não haviam tido sequer a necessidade de erguer suas mãos em busca da atenção da jovem escritora. - Voc...

- Eu compreendo! - uma voz feminina exclamou do fundo da sala, atraindo todos os olhares para a moça que acabara de ficar de pé, ajeitando seus óculos em seu rosto e encarando fixamente seu caderno de anotações. Os olhos cobertos pelas lentes se ergueram e sua cabeça girou quantos graus fossem possíveis pela anatomia corporal, constatando que, inacreditavelmente, tornara-se o centro das atenções. - Desculpe-me... - pediu tão baixo quanto pôde, acreditando que a jovem autora pudesse escuta-la.

Sentou-se em seu lugar novamente, abaixando o rosto e encarando atentamente suas anotações. Ela entendia. Ela entendia quando lia como o sol parecia a mais bela invenção do mundo para alguém que foi privado de senti-lo. Entendia quando lia como a sensação de estar sozinho poderia ser associada a tantos ruídos, cheiros, temperaturas e ambientes. Ela entendia.

- Como você se chama? - a voz suave e rouca cortou o silêncio constrangedor instaurado na ampla sala bem iluminada. - Você, a garota que compreende, como se chama? - prosseguiu ao não obter resposta ou atenção do alvo de suas palavras.

- Camila. - tornou a falar tão baixo quanto podia.

- Era a minha vez de perguntar e...

- Com licença. - pediu a escritora, ficando de pé e fazendo um gesto com a mão para que Camila se aproximasse.

Com muito custo e rubor em suas bochechas, Camila foi capaz de se aproximar duas fileiras de Lauren, encarando-a com expectativa.

- Você disse que compreende. - começou. - O que você compreende? - o interesse na atitude atrevida e espontânea de Camila estava evidente, ela gostaria de saber o que aquela garota poderia compreender que todos os outros presentes não tivessem a feito explicar ainda.

- Eu compreendo você. - simples e direta. Burburinhos se inciaram tão rápido quanto cessaram.

- Compreende a mim? - arqueou uma das sobrancelhas, sugerindo a possível baboseira a ponto de escapar dos labios da jornalista.

- Sim. - assentiu com a cabeça, reforçando sua fala.

- E como você fez isso? - apoiou as mãos debaixo do queixo e esperou por uma resposta bem elaborada.

- Eu li seu próximo grande sucesso. - deu de ombros e algumas risadas puderam ser ouvidas.

- Leu como todos os outros? - a jornalista negou com a cabeça rapidamente.

- Não, não como eles. - suspirou e encarou seu caderno de anotações. - Eles lêem o que você digita, eu leio o que você confessa.

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Críticas? Sugestões? Opiniões? Fiquem a vontade, sim?! Obrigada por lerem, logo estarei de volta.
TT: @lylasexual

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