Prólogo

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França, 1805

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á muito tempo atrás, no Sul da França, vivia uma nobre família, que era feliz com suas exportações. Estamos aqui falando da maior exportadora francesa da época, que viu os negócios ir à ruina de uma hora para outra. Nunca antes, em todos os séculos de existência, o dono do brasão de Granger tinha estado em tão maus lençóis. Sua família sempre havia sido muito conservadora, ainda tendo atitudes consideradas um tanto quanto ultrapassadas para o seu tempo.

Sendo assim, em um dia nublado, um homem bate à sua porta, dizendo que havia ficado sabendo da atual condição da família, oferecendo ajuda a eles. Não negaram nem por um minuto, nem quando ouviram atentamente a única condição do homem: em troca, teria que desposar sua filha mais velha. Óbvio que eles aceitaram, e foram contar a pequena Hermione Granger, que então tinha seus nove anos de idade.

A simples verdade era que o homem não havia como saber que o casal havia filhos, muito menos uma filha mais velha. Esta foi somente a história que contaram a menina, porém, a verdade, é que o casal estava à procura de alguém para desposar a garota, em troca de ajuda financeira. Ou seja, foi tudo armação deles.

Os anos se passaram, e agora, a jovem acabara de completar seus dezenove anos, e neste exato momento, estava no vestíbulo de seu quarto, com sua irmã mais nova a preparando para seu casamento. Incrível como estes dez anos passaram-se tão rápido.

-Ai, não me espete, Ginevra.- reclamou Hermione.

-Me desculpe minha senhora. Isto não irá se repetir.

-Ginevra, porque está falando desse jeito, irmã?

-Papai ordenou que eu me tornasse sua criada, agora que irá sair da família.

Uma coisa que muitos não sabiam era de que Ginevra era uma filha bastarda, ou seja, seu pai a teve fora do casamento, numa traição. Por mais que Hermione tivesse ficado espantada, não se havia muita coisa a fazer.

-Por favor, irmã, não me chame assim. E não me espete mais, como se já não bastasse ter que passar por isso sozinha.

-Hermione, você não irá estar sozinha nisso. Lembre-se que eu irei morar com vocês.

-Mas não irá se casar com ele. Céus, ele tem quase o dobro de minha idade! O que ele irá fazer comigo, Ginevra?- seu tom já era de súplica. A garota nunca havia estado tão desesperada assim em sua vida.

Seu noivo, Ronald Weasley, pertencia ao exército Napoleônico, e dali a poucas semanas iria sair para mais suma campanha militar. Era praticamente surreal para a garota um homem com seus trinta e oito anos casar-se com uma mulher de dezenove.

-Já estão prontas meninas?- sua mãe entrara no quarto sem elas perceberem.

-Mamãe... por favor, eu tenho mesmo que fazer isso?

-Não quero mais discutir isto com você, Hermione. À dez anos que a senhorita sabe que tem de cumprir seu dever. Agora, levante-se, deixe-me ver como você está.

Com relutância, a jovem levantou-se da cadeira que estava sentada, desamassando seu vestido de noiva que caía em cascatas. Nada mais era do que um presente de sua sogra, o vestido era de um branco meio dourado, justo na cintura, rodado na saia. Não possuía mangas, porém também não era tomara que caia. Seus cabelos estavam presos de forma que seus cachos castanhos caíssem em cascatas intencionais, numa meia trança. Não havia sido permitido o uso de maquiagem, porém, sua irmã havia dado uma disfarçada.

-Este espartilho não está apertado o suficiente.

Ao proferir estas palavras, a mãe da garota abriu seu vestido, ajeitando os pequenos seios da garota para quase para fora do espartilho, e os apertando forte, para dar a impressão de volume.

-Senhorita, ela não consegue respirar!

-Calada, bastarda! Já disse que não lhe dou o direito de dirigir uma palavra a mim!

-Mas... Senhora!

-Não diga mais nenhuma palavra! E se eu perceber que você afrouxou o espartilho de minha filha, você quem irá usá-lo!

Ginevra possuía um trauma onde, quando era pequena, com seus seis anos de idade, sua madrasta resolvera que iria trata-la bem. Uma mentira. Obrigava a garota a usar espartilhos, com a desculpa de que era para deixa-la bonita, quando na verdade, queria matá-la asfixiada, onde, a cada dia apertava mais e mais.

***

Quando o relógio soou onze e meia da manhã, todos na Igreja levantaram-se para receber a noiva. Seu pai a levava até o altar, onde Ronald os aguardava.

A partir do momento que Hermione avistou o homem, seu coração acelerou. Não por ansiedade, mas sim, por medo. Havia apenas algumas horas que sua mãe havia lhe explicado o que aconteceria em sua noite de núpcias, e ela estava apavorada.

" -Você não poderá reclamar querida, ele é seu marido, e você terá de satisfazer seus desejos e vontades.

-Como assim, mamãe?

-Se ele quiser, irá te tocar.

-Tocar?

-Sim. E por mais que você não queira, nunca feche suas pernas para ele e...

A partir deste momento, a compreensão invadiu sua mente, e o desespero começou"

-Papai, por favor...- sussurrou a jovem.

-Já conversamos sobre isso. Agora vá e cumpra seu dever.

Ao entrega-la para o homem, Hermone percebeu o quanto era velho. Fios brancos já começavam a aparecer, e uma barriga meio saliente marcava sua blusa.

-Hermione Granger, a senhorita aceita Ronald Weasley como seu esposo?- a voz do padre a acordou de seus devaneios. Ela havia estado tão distraída que nem ouviu os votos do homem.

-A-Aceito.-relutante, a garota respondeu.

-Então os declaro marido e mulher. Já pode beijar a noiva.

A senhorita gelou com essas palavras, e ao ver seu marido levantando o véu de seu rosto, quase desmaiou. Seu primeiro beijo estava sendo com um homem que ela odiava. Seu marido. Ao grudar sua boca na dela, a garota quis morrer. Ele era totalmente agressivo e velho. Quando se separaram, ele a tratou como insignificante, e não percebeu a lágrima solitária que saía de seu olho esquerdo.

Agora era oficial. Seu nome seria Hermione Weasley, e teria de aprender a ser uma boa esposa.

Afinal, será mesmo que é tão ruim assim?

Pelo olhar de sua irmã, e a vibração de sua alma, seria pior.

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Âme Sour-DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora