Capítulo 1

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Arrasto meus pés sobre a areia da praia sentindo a brisa entrelaçar-se pelos meus cabelos pretos e totalmente embaraçados.

Naquela tarde fria e tão angustiante sentia-me como se estivesse sendo seguida, mas como costumo ter essa sensação quase todas as vezes que venho andar na praia, resolvi deixar esse pensamento vagar pelo meu inconsciente.

Cruzo os braços para segurar a minha blusa que levanta-se com o vento forte vindo do mar junto com pequenas gotículas de água, sinto o arrepio vindo das minhas pernas até chegar na minha nuca. Sentei na pedra que particularmente era a minha melhor amiga, costumo conversar com ela todas as vezes em que venho aqui, e sim, ela é a única que me entende e não interfere nas decisões que eu, com 16 anos quero tomar e não posso por coisas tão incrédulas.

Estava anoitecendo, resolvi respirar fundo e voltar a minha velha rotina, as férias haviam acabado, e "dormir" cedo era uma das regras da casa. Fui correndo, atravessei a pista e mais duas ruas. Minha casa é a primeira do bairro, um casarão branco, com um lindo jardim na frente e uma pequena fonte onde ficavam os patos da Lina, a minha madrasta.

Mais a frente tinham 3 degraus até a porta de vidro onde dava até a entrada da casa. Coloquei a mão no bolso para pegar a chave quando percebo que estou sem as chaves.

- Droga, acho que deixei a chave cair, esqueci que a calça também tem os bolsos rasgados! - disse para mim mesma com muita raiva.

Com passos largos e bem calmos, o amigo do meu pai, apareceu na porta, ele fazia gestos, acho que estava perguntando o que eu estava fazendo lá fora, afinal, tava começando a cair uma tempestade.
Como ele não falava nada, só fazia mexer os dedos, resolvi apertar a campanhia.

Assim que apertei dava para ver meu pai andando apressado até a porta quando finalmente abriu.

- Maggie, o que está fazendo na rua com um tempo desses? Vamos, entre! Você pode ficar com resfriado! - ele disse com uma feição bastante preocupada.

- Oi pai, tava andando na praia, não adivinhei a previsão do tempo hoje, desculpa. Um a zero pra mim, haha!
Dei uma risada sínica e antes que ele saísse eu resmunguei.

- A propósito, porque seu amigo não abriu a porta, eu falei várias vezes pra ele abrir e ele parecia estar de brincadeira com minha cara. - disse um pouco irritara.

Ele me olhou com uma cara de susto, quando respondeu um tanto confuso.

- Esqueceu filha? O Frederick é surdo e mudo! Um a um, em? Empate! Vou voltar ao trabalho, trate de tomar banho e descer para tomar café, não esqueça que amanhã tem aula. - ele falou em um tom autamente zombadeiro.

Não acredito que tinha esquecido disso, sempre esqueço, deve ser pelas poucas vezes em que ele vem aqui, preciso desempatar com meu pai, ganhar pra mim não vai ser tão fácil.

Dei uma pequena risada e voltei-me rapidamente para a porta e fechei, fiquei olhando a mudança de tempo, confesso que me assustei um pouco, foi tudo tão rápido, questão de segundos até que tudo começasse a ficar negro, nem tinha a cor azul escura do anoitecer, era negro, totalmente negro.

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