Estrela noturna, que chega soturna a enveredar os anseios desta alma pedinte, vem, aparece e responde ao chamado que marca a despedida do calor vermelho sobre o campo.
Estrela esperança, dança pela lona escura feita de céu e afasta a vontade da próxima tempestade por amedrontar a todos com broncas de trovões irritadiços, sê boa conosco e nos absolve da saudade que dura da manhã até a chegada do anoitecer.
Estrela inocente, traz a verdade sem pejo, o desejo absoluto. Satisfaz este enamorado convencido de que o teu brilho é ímpar e a tua existência foi escolhida e acolhida pelo destino para encher os olhos com tal beleza que ofusca as damas da realeza, as camponesas da terra, as tecelãs no tear.
Quando o descaso for omisso, que eu possa apontar com orgulho na tua direção a fim de mostrar os feixes luminosos que indagam os poetas, amantes da vida, e que assim eu convença os musicistas a saírem dos seus lares já de instrumentos em mãos. A orquestra desconhecida que formaremos em festa aberta será esperta a entoar canções para pularmos sorridentes e rejuvenescermos as vontades guardadas nas sombras de nós mesmos.
Estrela, prospera acima da terra, além-mar, torna-te a cura das vidas vazias. Sê o oposto do fim. Se existe um último apelo que me impede calar, peço para ter a tua promessa de que a tua luz nunca irá se apagar.
(Marco de Moraes)