Prólogo
A guerra chegou ao Olimpo. Não houve aviso. Nenhuma pista de que algum inimigo desconhecido estava construindo um exército contra eles. Um exército cuja meta era a destruição completa. Em um momento havia paz; no outro, a luta por sua própria existência. A batalha foi sangrenta, brutal e totalmente inesperada, mas, para os Olímpicos, era a oportunidade perfeita de realizar um sonho.
Paelen se abaixou atrás de uma coluna e viu os melhores guerreiros Olímpicos se reunirem para lutar contra os invasores. Júpiter liderava o ataque, carregando seus raios e trovões nas mãos. Sua esposa, Juno, estava à esquerda, pronta e com o rosto sério. À direita, Hércules parecia forte e preparado, da mesma forma que Apolo e sua irmã gêmea, Diana, que trazia um arco na mão. Marte também estava lá, assim como Vulcano e seu arsenal de armas. Parado atrás deles, com suas sandálias aladas e seu elmo, estava Mercúrio, o mensageiro do Olimpo. Todos se preparavam para a batalha.
O olhar de Paelen alcançou Pegasus. Os olhos do garanhão faiscavam e suas asas tremiam enquanto seus cascos de ouro batiam no chão, com a expectativa da batalha que estava por vir. Mais atrás, outros Olímpicos se reuniam, todos preparados para defender sua casa.
Mas Paelen não pretendia lutar. Ele não era um guerreiro, e sim um ladrão com planos próprios que não envolviam ser morto em uma batalha que eles não poderiam ganhar. A guerra era problema dos outros. Ele estava muito ocupado se concentrando em como lucrar com tudo aquilo. Com os guardas preocupados em se defender dos Nirads, um ladrão poderia entrar no palácio de Júpiter e pegar o que quisesse, mas não eram os tesouros de Júpiter que interessavam a Paelen. Ele desejava as rédeas de ouro usadas por Pegasus.
Todos no Olimpo sabiam que as rédeas eram o maior tesouro de todos, pois eram a chave para conquistar o poderoso garanhão alado. Se controlasse Pegasus, Paelen poderia ir aonde quisesse e tomar o que quer que chamasse sua atenção, sem que ninguém pudesse se opor a ele. Isso sim era um verdadeiro prêmio, e não joias estúpidas ou moedas de ouro, que podiam ser encontradas no palácio abandonado.
Quando Júpiter chamou seus soldados à frente, Paelen se esgueirou mais para perto, a fim de ouvir seu discurso desesperado.
- Meus filhos - ele falou gravemente - estamos em nosso momento mais sombrio. Nunca antes em nossa história tivemos de enfrentar um perigo tão terrível. Os soldados Nirad invadiram nossas fronteiras e neste momento estão atrás do Fogo do Olimpo. Se conseguirem apagá-lo, todos os nossos poderes desaparecerão e tudo o que conhecemos estará perdido. Temos que detê-los! A Chama é a nossa própria existência. Não podemos deixar que saiam vitoriosos. Se não pudermos resistir a eles agora mesmo, tudo o que conhecemos será destruído!
Paelen ouviu os murmúrios da multidão e sentiu a tensão crescer. Seus olhos ainda estavam travados em Pegasus. O garanhão sacudiu a cabeça e bufou, fazendo com que suas rédeas douradas tilintassem encantadoramente, de um jeito que nenhum outro ouro forjado poderia fazer.
Ouvir o som das rédeas fez com que os dedos de Paelen coçassem de vontade de se esticar e agarrá-las, mas ele se controlou. Ainda não era a hora. Seus olhos escuros foram atraídos novamente para o líder desesperado.
- Nós, que nunca morremos, agora estamos diante de nossa destruição - Júpiter continuou. - Mas não é apenas o nosso mundo que precisamos defender. Todos os mundos que protegemos cairão se os Nirads nos derrotarem. Temos que lutar por eles!
Júpiter levantou seus raios e o som feroz de seus trovões ecoou por todo o Olimpo.
- Vocês estão comigo? - gritou. - Vão se levantar contra os invasores e fazer com que eles voltem para o lugar de onde vieram?
Os olhos de Paelen se arregalaram com a visão de todos os Olímpicos erguendo seus braços em direção a Júpiter. Pegasus se apoiou apenas em suas patas traseiras e abriu as asas em uma saudação. Os gritos de batalha tomaram o ambiente.
- Pelo Olimpo! - Júpiter gritou enquanto se virava e liderava seus guerreiros para a batalha.