A memória

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Tudo estava como realmente deveria ser, certo?

Minha mãe e meu pai estavam trabalhando, de novo. 

Esse trabalho deles no mesmo quartel não vai dar muito certo, entende? Minha mãe é muito mandona; e o meu pai, é muito orgulhoso para obedecer a mulher. - Pelo menos na frente dos outros.

Então, sim. Essa era a manhã mais normal do mundo, ao meu critério.

[ . . . ]

Levantei, escovei os dentes, tomei meu banho. Me arrumei, e fui pra escola.

O caminho estava realmente calmo pelas ruas de Camden: Os muros com várias pichações bonitas, - que expressavam a arte do ser humano como deveria - E fora as casas todas coloridas, seguidas de um lago perto ao campo de rosas, que eu particularmente, amava.

E por fim, a escola, que ficava láá na pontinha do riacho dos córregos.

A escola era igualmente as casas: Toda colorida, cheia de vida por dentro e por fora. E por ser a única escola pública de Camden, eu tenho que estudar bastante por lá, só pra ter um bom ensino e poder ir pra faculdade dos meus sonhos: Ciências Linguísticas.

E sim, eu amo ler. Desde que eu tive a oportunidade de ler, eu lia. Sempre, sempre foi assim.

Eu lembro de quando eu tinha exatamente doze anos, e minha mãe me implorava para que eu fosse para o computador e parasse de ler pelo menos por uma hora que fosse. Estranho, não é? Mas mesmo assim, eu vou continuar lendo.

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Mal entrei na escola, e já veio Teodor falar comigo. Teodor é meu namorado desde o ano passado, e sinceramente, meu sentimento por ele não é tão forte de uns meses pra cá. Mas mesmo assim, eu vou ter que continuar a ficar com ele. Afinal, é isso que vai me ajudar:

- Chloooe, minha princesaaa!! - Disse ele, me puxando pela cintura.

- Oi, Teo. - Eu disse, um pouco seca.

- O que houve? Estou te apertando? - Ele dizia um tanto quanto preocupado.

- Imagina, amor. Eu não tive tempo de acordar direito, ainda estou com um pouco de sono. Logo passa, você verá. 

Ele sorriu, e me soltou:

- Pois então vamos para a sala. Estão todos nos esperando. - Ele me puxou pelo pulso, mas eu fiquei confusa.

- Por que estão todos nos esperando? 

- Você verá.

"Mas que droga é essa?!" - Era a única coisa que rodeava a minha mente bagunçada. O que ele iria fazer? Espero que não ameça se suicidar novamente.

[ . . . ]

Quando chegamos na sala de aula, estavam todos sentados, mas com algo na mão. Era como cartazes, uma coisa muito diferente do que eu imaginava:

- Parabéns, Chloe e Teo!! - Gritavam todos.

- O que está acontecendo? - Eu disse.

- Tome. Desculpe, não fui capaz de resisti, eu abri. - Teo me entregou uma carta com uma pétala de rosa por cima. 

- O que é isso? 

- Abra. - Indicou Teo.

Eu rompi o fecho da carta, e foi disparado um holograma de uma mulher um tanto quanto... bizarra.

- Chloe? É você dessa vez, não é? - A mulher dentro do holograma me chamava mais de perto, dando zoom em seus olhos.

- Sim, sou eu. Quem é você? - Perguntei.

- Oh, Chloe! É um prazer, pequenina!! - Ela disse.

- O que quer? - Perguntei, com um tom de voz ríspido e arrogante, não que fosse minha intenção.

- É você mesma. Vamos, venha conversar. - A porta da sala foi aberta, e um caminho de pétalas azuis seguiam os corredores da escola.

- Onde isso vai dar? - Perguntei. 

- É só seguir. - Coloquei a cartinha na frente de meu busto, enquanto eu passava pelo corredor. 

Depois de um tempo de silêncio, cheguei até a sala do Diretor Roberto, que ficava olhando fixamente para a janela, provavelmente pensando em algo:

- Pronto, querida. Converse com ele. Te vejo mais tarde!! - A mulher misteriosa desligou o feixe que nos mantinha conectadas.

- Sente-se, Chloe. - Disse o Diretor.

Obedeci seu comando, e me sentei na poltrona, que ficava em frente de sua estante.

- Você sabe que sempre foi uma boa aluna, não é mesmo? - Ele disse.

- Sim, eu tento. - Eu disse.

- Pois, como fica ao saber dessa notícia, Senhorita? 

- Ninguém me contou absolutamente nada, Diretor. - Resmunguei, um pouco rancorosa com o segredinho sobre mim.

- Pois bem, minha pequena. - Ele disse, se sentando.

- Pode falar, estou ouvindo.

- Parabéns, você irá regressar na Academy of Roses. É uma honra saber que uma de nossas alunas tinha um dom tão especial, e ninguém nunca notou. - Ele disse, com um ar de reprovação, ou talvez, só cansaço.

- Que Academia é essa, Diretor? - Perguntei, confusa.

- É simplesmente a Academia para pessoas com algo a mais do que humanos normais, me entende? Lá só entra pessoas desse porta. E, felizmente, você é uma delas. Parabéns. A moça que estava falando contigo já vai lhe explicar tudo quanto você chegar lá, pois eles não me disseram nada além disso. Seus pais já estão totalmente cientes sobre isso, e autorizaram a sua ida. Você irá amanhã de manhã, e por isso, irá dormir aqui na escola. - Ele dizia tudo muito rápido, como se tivesse decorado aquilo.




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