Prólogo - O Faraó.

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Meu poder se estende do norte ao sul, do leste ao oeste. Sou o próprio Horus vivo, e meu povo, me obedece como tal. O único defeito, é meu tio, que vive aos cochichos, me atormentando com seus lamentos e seus pedidos inóspitos. Não sei o que fazer para agradar esse velho, afinal, assumi o trono a pouco tempo, e até um pequeno harém eu possuo. Sei que ainda não tenho herdeiros, mas precisa-se esperar um pouco mais, não é assim que os filhos vem. Crianças são inesperadas. Mas então, em meio a uma de nossas conversas, ele finalmente revelou o motivo de suas chatices:

Uma rainha.

Ele quer que eu tenha uma esposa principal, alguém que vá dominar os afazeres do palácio, e preparar minhas concubinas para o leito. Essa coisa me deixou um tanto animado até, só que, infelizmente, era preciso controlar a felicidade perto de Kenny, pois nunca, em toda a face da terra, houve um parente tão exigente e resmungão. Vigio-o em silêncio, com descrição, cada um de seus motivos e seus movimentos, pois não confio em ninguém. Ninguém, além de meu general, Erwin. Ele é um excelente amigo e conselheiro, me dá as melhores explicações e palavras amigas. É absolutamente incrível. Todavia, nem ele é de ferro, e também acabou concordando com o velho, para que o mesmo calasse a boca, e agora estou aqui. Sendo obrigado a procurar uma pessoa, que seja digna de dividir o trono comigo.

Tsc, malditos agitadores.

Em minhas andanças pela cidade, disfarçado, obviamente, encontrei um garoto delicado, sujo, que parecia velar o corpo de sua mãe, amiga...não sei, o que me deixou compadecido, e resolvi ir lhe estender a mão. Pois sei o que é a dor dar perda, assisti minha mãe definhando para uma peste sem nome, e ainda criança, tive que ser adulto. Não foi nada fácil, e provavelmente nunca será.

— Ei, acho melhor pedir para alguém vir lhe ajudar a preparar o corpo. É muito quente aqui, logo ela começará a feder.

— M-Me desculpe...m-mas eu não conheço ninguém aqui. — Seus olhos se erguem, e posso enxergar as lágrimas do mesmo — Um monstro, foi um monstro que fez isso com ela.

— Criança, não fique desse jeito, vamos, eu te ajudo a encontrar algum guarda.

— Eu não sou criança! Eu sou maior que você!

Ele acaba por se levantar, e se aproximando de mim, pude perceber que o corpo realmente não era mais de criança, e pelo jeito, ele possuía algo mais...como meus concubinos.

— Você, já tem suas regras, não tem?

— Tenho. Mas...ei, espera, você não vai me abusar diante do corpo da minha amiga morta, vai? — Ele me olha enojado, se afastando-se aos poucos — Seu pervertido! Socorro, guardas, alguém!

— Ei, ei, ei, calma. — Tive que segura-lo com delicadeza, suspirando fundo — Sem exaltações, eu só quero te ajudar. E vou te levar a um lugar ótimo, mas antes, vamos cuidar da sua amiga.

Provavelmente ouvindo os escândalos, um dos guardas se aproximou, e ao me reconhecer, ficou emudecido, abaixando o olhar.

— Senhor, Horus vivo, o que houve?

— Nada, apenas, leve o corpo dessa mulher, e lhe prepare o funeral mais digno de todos. Esse jovenzinho vai comigo para o palácio.

— Horus vivo? Palácio? Você...— Ele fica boquiaberto, antes de encolher os ombros e se curvar todo atrapalhado — M-me perdoe, por favor. Estava cego de raiva senhor, não me castigue, nunca mais o tocarei.

— Não, que isso. Você vai precisar me tocar, e muito. Fará parte do meu harém.

— O que? Mas assim, do nada? Eu sou virgem, não sei fazer nada de especial, como suas outras esposas.

— Eu sei. — Dou um sorriso de lado, estendendo minha mão — Será ensinado, não se preocupe.

Ele segurou minha mão com delicadeza, entrelaçando nossos dedos, o que me fez erguer a sobrancelha, mas guia-lo junto a mim, deixando que os guardas cuidassem daquilo.
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— General, o Faraó pediu para que cuidassemos do corpo dessa moça. Parece que ele quer conquistar mais uma concubina.

— Hm? Como assim?

— Não sei, ele simplesmente estava disfarçado, encontrou um garoto e essa moça falecida. Pediu para que cuidasse disso, e levou o garoto consigo para o palácio.

— Espera — Ergui a sobrancelha, me aproximando — O garoto foi, simples assim?

— Sim, general Erwin.

— Ele simplesmente foi, e acabou?

— É.

Franzi a testa, assentindo algumas poucas vezes seguidas, antes de colocar a mão na boca, tapando a mesma, e dispensando o soldado, que me pareceu confuso. Céus, não pode ser...será que é quem estou pensando? Não, Eren não teria coragem.

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