Cap. 1

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Assim que coloquei os pés em meu palácio, fiz questão de guiar o pobre garoto ao harém. Todos nos olhavam esquisito, deixando o garoto um tanto quanto acanhado e quietinho. Então, simplesmente resolvi abraça-lo de lado, para ver se o acalmava. E todos sabiam, que não era lá a pessoa que mais ligava para sentimentos, mas era uma pessoa que ligava para um cuzinho guloso. Talvez eu seja ruim, mas isso é a vida. Mal toco os pés no harém, e o eunuco se aproxima, fazendo a maior cara de "cruzes".

- Mas que jóia rara temos aqui, faraó?

- Um pobre garoto, que testemunhou a morte de sua amiga. Está sujo de sangue, o pobrezinho.

Analisando a situação do menino, ele segura em sua mão com cuidado, analisando as vezes, o cabelo, o cheiro que exalava seu corpo, completamente tudo o que tinha nele.

- Precisa de banho, precisa de vestes, precisa arrumar o cabelo, e provavelmente precisa fazer as unhas. - Ele diz, me fazendo cruzar os braços, assentindo - Mas antes, como se chama?

- Eren. Me chamo Eren, senhor.

- Bom, Eren, vou cuidar de você, e tratar para que fique desejável diante de todos os homens do Egito.

- Não, apenas para mim, é o suficiente.

Digo, saindo em passos lentos dali, indo me arrumar, pois ainda tinha treino com espadas, tinha coisas para se tratar sobre o reino, tinha o banquete de noivado de minha irmã e do general Erwin, tsc, tantas coisas, e eu não tenho vontade de nada! Eu só queria continuar sendo um soldado, porque me dava melhor no calor da batalha, do que em cima de um carro, observando os meus soldados e os soldados adversários se matarem. E pra piorar minha situação, vira e mexe tinha meu tio, fazendo suas exigências. Ele foi um exímio lobo de guerra, minha mãe o adorava com força, o que me deixa pior ainda, porque se ela soubesse como ele "cuidou" de mim, morreria, só que dessa vez, por desgosto. Apenas desgosto e ódio. Enfim, nada de lamentos, eu preciso governar, e preciso agora! Chega de lamento e murmúrio.

- Faraó Levi.

- General Erwin - Fui tirando as roupas pobres, dobrando com cuidado e colocando sobre meus ombros. Céus, odeio essa sujeira, esse cheiro, essa...pobreza. - Novidades sobre os fenícios?

- Não, não é isso. - Ele diz, acompanhando meus passos - É verdade que arrumou um novo concubino?

- Sim, o nome dele é Eren.

Digo, sem olhar um instante se quer para o general, mas seu breve silêncio me incomodou um pouco, deixando minha atenção ainda mais forte e aguçada que o normal. Adentrei meu aposento, ainda sendo seguido por aquele homem, e já gritei para as servas trazerem tudo novo, tudo limpo, tudo o que me livrasse desse cheiro de pó, de sujeira, de imundisse. Mas principalmente, que preparassem um banho digno.

- O que houve, Erwin, emudeceu?

- Não, é só que...não deveria aceitar qualquer um como seu concubino ou esposo, horus vivo. Ele pode ser um bandido, um maluco.

- É? Eren por acaso tem alguma "fichinha" conhecida?

- Não, mas-

- Então saia do meu aposento! Tenho coisas demais para me preocupar, depois de dormir com ele, decido se quero ou não ligar para suas palavras.

Acho que foi a primeira vez que gritei com Erwin, mas por Rá, agora deu de perseguir concubino meu? Era só o que me faltava. Ainda perplexo com minhas palavras, ele saiu, e como estava precisando do meu sagrado banho, dei prioridade a ele.

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Após um dia extremamente exaustivo, ainda precisava encarar o jantar de noivado de minha irmãzinha querida. Só que estar sozinho, de vela, não era de meu costume. Eu sempre chamava uma de minhas esposas para que ficasse em meu colo, ou pudesse dançar para me entreter. Dessa vez, quis algo diferente, quis...o novato aqui comigo. O jovem Eren. Aos olhos assustados do eunuco, exigi a presença do rapaz, para que ele estivesse ainda mais limpo que o chão desse palácio, mais perfumado que o jardim, e delicado como a seda fenícia. Obedecendo minhas exigências, Jean preparou Eren, e eu fui direto para a sala do trono, reparando cada canto do palácio, para verificar a limpeza do mesmo. Entrando na sala do trono, fui direto para meu lugar, onde fiquei e suspirei fundo, aguardando para que meu novo "esposo" chegasse logo. E ao meu lado, minha irmãzinha, olhando com carinho para seu marido, ao qual estava agarrada. Ao meu sinal, o jantar começou a ser servido, e os nobres em fofocas, davam um ar nada de classe baixíssima.

Odeio gente que fala demais.

Suspiro, xingando um tanto quanto mentalmente, antes de erguer o olhar para a porta principal. Os murmúrios se calaram, e ficaram com um ar de fascinação. Bem devagar, foi se aproximando de mim, o jovem Eren. Um vestido vermelho sangue, os cabelos bem penteados, um perfume delicioso, as coxas fartas para fora, os detalhes perfeitos. Uma dama no corpo de homem. Delicado, mas homem. Me levantei do trono, e estendi minha mão, enquanto ia busca-lo, tentando encontrar o rosto triste, em meio a maquiagem que realçou seu olhar, sua beleza.

- Está, magnífico. E que perfume.

- Obrigado, horus vivo. Agradeça a Jean, ele me esfregou tanto que quase saiu minha pele, e me jogou um mar de perfume.

- Desculpe, eu que pedi isso a ele.

Sussurro, vendo ele sorrir, dando também, uma risadinha doce e delicada.

E naquele momento, meu coração me traiu.

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⏰ Última atualização: Jun 09, 2019 ⏰

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