Hiro-senpai

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Mal acordei e já me sentia um pouco melancólico, mesmo que me sentisse quase sempre feliz. Deve ser por causa dele...Por causa do senpai.
Hiro-senpai.
Um aluno modelo. Inteligente, educado, cdf, sério...Sempre que estava com ele, Hiroto era gentil comigo como não era com ninguém. Eu o admirava muito e ainda o admiro. E ele sempre estava preocupado comigo. Esses são alguns dos motivos para eu ter...me apaixonado pelo senpai.
Eu ia vê-lo de novo hoje e passar por mais um ano de tortura sem poder dizer-lhe o que sinto. Não há nada que eu possa fazer, acredito.
Dirigi-me ao banheiro, lavei meu rosto e escovei os dentes; meus cachos louros tomavam um pequeno volume, dando-me tal aparência "angelical". Um olho azul e outro verde, que contrastavam-se em meio a minha pele branca, causando uma espécie de beleza "adorável" e peculiar.
Na verdade, nunca gostei de ser apenas um rostinho bonito. Sempre fui gentil com todos; mesmo os que parecem nào merecer, tinham de mim ao menos minha compaixão, paciência e compreensão. Fico feliz quando gostam de mim pelo que sou por dentro, não por fora. Mas também não gosto de ser assim só para as pessoas gostarem de mim. Ajo dessa forma porque acredito que gentileza gera gentileza. As vezes eu queria saber porque o senpai tende a ser "dócil" apenas com os mais próximos. Por que não com todos?
Droga. Novamente, ele invade meus pensamentos. Falando nisso, tenho que correr, antes que me atrase.
Me arrumei e corri para a estação de metrô. Enquanto não chegava ao meu destino, peguei meu celular e fiquei vendo algumas fotos do senpai. Do festival de fim de ano. Passamos juntos com nossos colegas. Foi muito divertido. Mesmo tão sério, senpai passou boa parte do tempo sorrindo e rindo.
Tenho que parar de pensar no senpai. Sem chances.
Terminei o resto do caminho para a escola a pé. Chrgando lá, sinto uma brisa leve e gentil, assim como as pétalas de sakura pelo ar. Parece outono, Mas não sei que época do ano é. Não ando sabendo de nada.
Depais de passar pelo portão, cumprimento alguns veteranos e sigo para a árvore depois da entrada, que fica a direita. É meu lugar favorito de todo o colégio. Senpai era o mais próximo de mim e ainda é. Desde que percebeu que quando estamos fora de sala, é lá que me alojo, ele costuma estar lá antes mesmo de mim. Acredito sermos melhores amigos, de tão próximos que ficamos em tão pouco tempo. No ano passado, ele sempre me esperava no banco a sombra da minha querida árvore, e passávamos o tempo escolar livre lá, conversando ou lanchando juntos. Acredito que esse ano não será diferente, pois quem visualizo assim que chego a minha árvore não é ninguém mais que ele.
Meu coração disparou. Quase não nos vimos depois do fim do ano letivo anterior. Eu estava tão feliz. Queria abraçá-lo. Eu estava levemente corado, expondo uma expressão de espanto, como se estivesse surpreso, mas para o senpai era uma expressão meio boba, "inocente e adorável", como ele mesmo já dissera certq vez.
-Senpai! - gritei, quando me aproximava, acenando com uma mão, enquanto fazia uma corridinha breve e boba.
-Yo, Kai-kun! - ele sorria calmamente. Aquele era um de seus mais belos sorrisos.
-Senpai... - balbuciei, em tom baixo desta vez, quando fiquei de frente para ele.
Novamente, eu estava com aquela expressão, ainda corado.
-Kai-kun! - ele sorriu, agradavelmente, levando a mão a meus cabelos, afagando-os, enquanto terminava de se levantar. Ele era bem mais alto que eu, talvez uns 10 cm. Na verdade, eu que era mais baixo que todos. Ele ria, de olhos fechados, enquanto ainda afagava meus cachos, fazendo-me corar mais. De rosadas, minhas bochechas puseram-se vermelhas. Quando eu fico envergonhado, tenho mania de levar a mão fechada a frente da boca, como que querendo me esconder, e ainda fazia uma expressão acanhada. Como ele sabia, pôs-se a rir mais.
-Kai-kun...Parece mais fofo. Como foram suas férias? Se divertiu? - disse, tirando a mão de meus cabelos, em seguida esboçando um sorriso leve enquanto falava, acompanhado de um olhar sério e penetrante. Eu sorri, de um jeito doce e um pouco "feminino", Mas incontrolável para mim.
-Na verdade foi um pouco tedioso,Mas foi tudo bem. E você, senpai? - soltei um sorriso.
-Tudo bem, também. Me diverti um pouco...Hey, vamos. Logo a cerimônia vai começar.
Apenas assenti e o acompanhei.
Assim que deu-se início a aula, houve apenas apresentações, tanto de alunos quanto de professores. Assim que me apresentei como outros, retornei ao meu lugar e pus-me a desenhar, uma das coisas que mais gosto de fazer. Eu comecei a desenhar Hiro-senpai. Seus traçosdelicados, ainda que firmes. Seus cabelos lisos, negros e escorridos. Negros assim como seus olhos, tão escuros que eu me perdia naquela imensidão. E claro, seu característico par de óculos, que usava apenas na escola, e fora dela só quando exercia leitura. Agora ele passara a usar o uniforme de colarinho duto frequentemente, o que caia-lhe muito bem.
Meus pensamentos logo foram interrompidos pelo sinal do intevalo, Mas já havia terminado meu desenho, felizmente. O tempo havia passado bem rápido por não ter tido aula. Nisso, corri para a árvore para almoçar com o senpai. Como esperado lá estava ele.
-Senpai! - supreendi-o, acenando.
-Olá novamente, Kai-kun.
Respondi com um sorriso. Nos sentamos e começamos a comer. Quando terminávamos, ficávamos conversando sobre coisas aleatórias. Ou algumas vezes, quando o senpai saia para jogar cartas com outros amigos, eu ficava lendo ou jogando rpg sozinho. Sou o amigo mais próximo do senpai, podemos dizer até que somos melhores amigos, só não temos muita intimidade e liberdade um com o outro. E eu cultivo esperanças de que um dia issi mude.
Hoje Hiro-senpai ia ficar um pouco comigo e depois ir jogar cartas. Mesmo que um cdf, aquele tabu idiota de "nerd" não se aplica ao Hiro-senpai, porque ele é na verdade bem popular, entre as garotas, principalmente. É por causa delas que fico um pouco incomodado quando ele vai jogar cartas. Boa parte das garotas do 2° e 3° ano - que são veteranas e já conhecem tal "monumento" - estão presentes no intervalo jogando também. Eu diria que ele era um dos garotos mais encantadores e populares no ano passado, só perdendo para outros dois; Harui, um atleta do time de basebol, e Tatomi-senpai, o presidente do grêmio, sendo Hiro-senpai o vice. Ao final, é simplesmente uma tortura emocional ver o senpai jogando com aquelas garotas e sempre sendo assediado por elas. Mas é a vida dele, não a minha. Não tenho nada a ver com isso.
-O pesdoal está me esperando. Estou indo.
-Certo...Até mais, Hiro-senpai.
-Ah..! Já ia me esquecendo...Que tal irmos àquela cafeteria, ao invés da casa de chá? Quase não saimos nas férias. Hoje, depois da aula. Já tem algo para fazer?
-Hiro-senpai...Ahn! Não! Digo, nunca tenho nada pra fazer, você sabe! - tentava disfarçar minha euforia descaradamente.
-Então, certo. Até o fim da aula. - ele sorriu, Mas rapidamente voltou a seriedade e saiu andando.
Fiquei surpreso, porém satisfeito. Hiro-senpai geralmente ia com seus colegas para o Karaokê, ao fim das aulas. Algumas raras vezes me chamava para uma casa casa de châ tradicional ou uma cafeteria que gostava, ao invés de sair com os colegas. E outras vezes, menos raras, ia a minha casa depois do Karaokê, para estudarmos ou jogarmos rpg juntos.
Comecei a ler um livro, porém me desviava dos parágrafos e centrava-me no sorriso mais belo de senpai, tendo que reler.
Novamente, o tempo passou rápido e logo as aulas acabaram. Estava ansioso. Provavelmente, o senpai ia me apresentar mais um livro que descobriu. Talvez...fosse um bom momento para me declarar. Ou não...
Eu descia as escadas, que agora pareciam mais longas que nunca. Quando finalmente cheguei a saída, avistei de longe Hiro-senpai e caminhei animadamente em sua direção. Como de costume, estava sério.
-Vamos. - disse, e nos despedimos de outros estudantes.
Seguimos conversando rumo a cafeteria, até que enfim chegamos. Quase não havia pessoas, apenas um casal e um senhor, em mesas distintas. Nos sentamos na mesa do fundo, como de costume. Fizemos um pedido e em seguida senpai disparara a falar de um livro recém-lançado, como eu previa. Eu quase não prestava atenção, pois estava arquitetando uma possível declaração, o que me encheu de angústia e aflição.
-Kai-kun...Tudo bem? Você parece preocupado.
-Ah, não é nada. Desculpe. Me distraí.
-Tudo bem. Se tiver algo que queira dizer, vá em frente.
Ele deve ter percebido a minha inquietação. Hiro-senpai é impressionantemente observador e atencioso.
-Ahn...Bem, é que tem algo dentro de mim...que eu sinto... - eu disse, sem saber ao certo como falar aquilo.
-Acho que estou entendendo. Continue.
-Senpai... - eu sentia que começava aa corar - Eu estou apaixonado por você. Eu gosto de estar com você, mas eu
anseio por mais...Eu...eu quero poder tocá-lo, abraçá-lo, beijá-lo, fazer-lhe promessas de amor. Não precisa ter uma resposta pra isso, eu só queria tirar esse peso das minhas costas, porque achei que devia falar. - disse, começando a lacrimejar, por nervosismo.
-Na verdade, eu que estou aliviado. Eu já havia percebido, só estava esperando você falar. - quando ouvi isso, fiquei boquiaberto.
-Senpai...O-obrigado pela compreensão - eu disse, ainda nervoso.
-Mas não é só compreensão que você deseja, não é..? - nesse momento, ele pousou sua mão sob a minha, o que me assustou, porém me fez transbordar de alegria por dentro. - Sabe, a sua compania também me agrada.muito. Você é a minha pessoa preferida neste mundo. Nunca tive um olhar, como o que você tem para mim, para com ninguém, mas quando comecei a perceber seus a perceber seus sentimentos por mim, comecei a sentir algo por você também. A possibilidade de ter um relacionamento com você não tem nada de ruim, na verdade, me faria mais feliz do que eu já sou. Eu também me apaixonei por você, Kaioru.
-Senpai... - aquela expressão "inocente e adorável" provavelmente se formou de novo em meu rosto, agora com certa supresa e felicidade.
Ele sorriu calmamente, transmitindo-me cumplicidade e segurança. Em seguida, levantou-se e inclinou-se para dar-me um beijo na testa.
-Vamos embora, está ficando tarde. Vou te levar em casa. - ele sorriu, desta vez parecendo muito feliz, cerrando os olhos.
Quando já nos aproximávamos da rua da minha casa, ele levou sua mão até a minha e sorriu. Respondi, também com um sorriso.
Ao chegarmos no potão, nos despedimos. Eu já me virava, quando ele segurou meu braço e me puxou para um abraço. Seus braços me contornavam, entrelaçando-me. Correspondi. Ele sussurrou meu nome em meu ouvido e em seguida pediu que me virasse.
-Me beije. - ele disse, corado, porém sério e firme.
-Sim, eu o farei. - eu lhe respondi, quase que intorpecido pelo nosso desejo.
Devagar, ele se aproximou seus lábios dos meus. Rapidamente lembrei-me que nunca havia beijado. Ignorei e segui como o momento exigia. O calor de Hiro-senpai estava me envolvendo, trazendo-me uma agradável sensação. Sua língua entrelaçava-se à minha, de forma lenta e gentil, o que prolongava ainda mais aquela doce sensação. Sua pele macia em contato com a minha; seu suave aroma natural; seu toque; seu carinho. Aquilo tudo fazia-me atrair por Hiroto, luxuriosamente. E me levava a apaixonar-me mais por ele. Cessamos o beijo assim que o ar se fez necessário. Ofegávamos, com nossos rostos ainda próximos; ambos sorrimos. Nossos lábios se encontraram mais uma vez, Mas esta, fora um beijo breve. Ele me abraçou e eu lhe retribuí.
-Tenho que ir, boa noite. - ele disse, acariciando minha bochecha com o polegar. Em seguida deu-me um beijo na testa e sorriu de forma encantadora - Não se esqueça, estamos apaixonados. - ele findou sua fala, como se quisesse passar-me confiança e carinho.
-Não há como esquecer. - eu disse e sorri. Eu estava muito feliz. Os sentimentos e leves sensações que senpai me proporcionou com certeza eu não esqueceria. - Senpai...Até amanhã.
Sorrimos juntos e ele pôs-se a andar. Eu ainda o olhava ir, sem acreditar naquilo tudo. Ele olhou para trás, já um pouco distante, e sorriu.
Entrei, jantei com minha família e logo após isso subi para meu quarto. Depois de tomar um banho, deitei-me pensando em Hiroto.
Fechei meus olhos e ri um pouco sozinho, bem baixo. Estava com sono, mas involuntariamente sussurrei como um segredo para mim mesmo:
-Obrigado, senpai.

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⏰ Última atualização: Sep 28, 2015 ⏰

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