1- Primeiros Anos

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A você nobre leitor, que inicia a leitura desse livro, eu devo alertar, isso não é um conto de fadas. Talvez esteja acostumado com romances impossíveis e leia tantos desses por não conseguir viver algo assim na sua vida, mas isso não vem ao caso agora. Então agora deve estar se perguntando, se existe algum motivo real para a leitura íntegra dessa história, assim vos digo, existe.

Meu nome é Ben Turner, tenho cinquenta e três anos e prometi a mim mesmo que contaria ao mundo sobre a pessoa mais extraordinária que eu já conheci.

O nome dela era Anna. Conhecemo-nos quando eu tinha cinco anos. Havia mudado do Brasil para a cidade de Los Angeles nos Estados Unidos com meu pai e minha mãe. Ela era minha vizinha e foi minha primeira amiga em território norte americano. Nós morávamos em um bairro de classe média e estudávamos na mesma escola. Todos os dias eu ficava em frente a casa dela esperando-a para irmos juntos para aula. Lembro-me como se fosse ontem, ela usava uns óculos bem feios que escondiam seu olhar infinito e azul, também estava sempre com o cabelo amarrado com rabo de cavalo que a mãe fazia.

Uma vez por semana na aula de educação física jogávamos queimada e eu era uma criança sem muitas habilidades esportivas, diga-se de passagem, (isso só mudou anos depois) e ela era tão boa na queimada quanto era teimosa e mandona. Os meninos adoravam acertar minha cara, isso mesmo, no centro da minha face gordinha. A Anna queria me defender e um dia acertou todos os meninos por mim. Ela era do tipo de pessoa que não media esforços para me defender. O que fazia com que os meninos pegassem no meu pé, diziam que ela era minha segurança e que eu não sabia me defender sozinho. O que era uma imensa verdade! Eu era um bobão e ela incrivelmente esperta. Por essas e outras éramos inseparáveis.

Estudamos até os quatorze anos nesse mesmo colégio e no ano seguinte fomos estudar em um colégio enorme. Algumas coisas mudaram nesses dez anos que não podem ser ignoradas: coisas boas e ruins. Podemos começar pelas boas. Eu parei um pouco de me dedicar ao videogame e descobri duas paixões, o basquetebol e a música. Joguei quatro anos no time da escola e me tornei um ótimo ala, modéstia parte. O esporte ajudou-me a emagrecer e eu, me tornei um rapaz alto assim como meu pai. Quanto à música, eu aprendi a tocar violão com o pai de Anna e depois aprendi a tocar guitarra sozinho. Se você leitor, pensa que essas mudanças melhoraram minha vida social, está totalmente correto. Eu namorei todas as meninas que quis durante esses anos. E a Anna? Bom, ela a cada dia estava mais linda, tocava e cantava perfeitamente. Substituiu os óculos estilo fundo de garrafa, por lentes de contato e decidiu usar outros penteados, que enalteciam a beleza do seu rosto. Apesar de todos gostarem e quererem ser amigos dela, permanecia a mesma Anna de sempre, teimosa, bravinha e simples. Não fazia questão de sentar com as líderes de torcida e frequentar as festinhas, permanecia minha melhor amiga, no entanto agora, namorava o Arthur. Ele era meu amigo também e jogávamos juntos no time, também era irmão da melhor amiga da Anna, a Sophia.

Quanto aos acontecimentos negativos, posso dizer que puderam ser revertidos posteriormente. O que mudou foi principalmente meu modo de agir com as pessoas, pois depois de tanto tempo sendo mal tratado e ridicularizado me dediquei totalmente a um objetivo: ser respeitado. Perdoe meu caro leitor, eu era um garoto novo e não sabia nada da vida.

Depois que entrei no time e me tornei mais atraente, passei a namorar muitas garotas, traí e magoei muitas meninas maravilhosas e caso você seja uma delas, perdoe aquele jovem tolo que fui. Além disso, passei a me relacionar principalmente, com os meninos que condiziam com aquela condição social que eu me propunha a fazer parte. Ou seja, me tornei um adolescente completamente babaca, esta é a melhor definição.


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