A noite estava fria e escura, totalmente propensa ao crime.
Julie e Aaron entraram no banco primeiro, o garoto se agarrava ao pacote como se dependesse da vida dele, enquanto a garota tentava acalmá-lo com todo o bom humor possível.
Depois, Jennifer e Beatrice, ambas vestidas com o que se tinha de mais fino em seus guarda-roupas, portando colares que valiam o mesmo que um carro econômico. Elas conversavam entre si, mal parecendo prestar atenção ao que ocorria em volta.
Ao mesmo tempo, Lucas e Emma entravam pela porta de vidro, de mãos dadas. Livres de qualquer suspeita.
O último a entrar foi Cameron, que trazia uma arma escondida na cintura do terno caro. Todo de preto: camisa, colete e gravata, mas parecia um empresário famoso.
Ninguém jamais desconfiaria do que estava prestes a acontecer.
Os seguranças estavam nos seus postos, e Cameron estava prestes a por seu plano em ação. Ele andou, sem levantar suspeitas, pelos longos corredores que levavam aos cofres. Ao mesmo tempo, Aaron e Julie distraiam o banqueiro com um papo qualquer de guardar um colar, para uma das companheiras se esgueirar pelo corredor.
Os guardas estavam combinados, Nathan Maloley as levaria até os cofres depois apagaria as fitas, mas isso não foi necessário. As câmeras estavam todas desligadas.
Simples assim, silenciosamente e rápido, da forma que eles mais gostavam.
Cameron entrou nos corredores e as câmeras giravam para ele, mas naquele momento Nathan já fazia o seu trabalho cortando as imagens nos monitores. Cameron estava livre, mas por pouco tempo.
Beatrice foi, em busca daquilo do que queria, foi irônico ter encontrado ele no lugar.
Entrou na sala tão silenciosamente que quase podia ouvir os próprios pensamentos, e então, ela se assustou.
Havia um garoto, de terno e gravata, parecendo meio perdido.
Cameron acabara de ouvir que a senha estava errada quando notou a presença da garota, e também ficou espantado. Estava tudo muito bom para ser verdade.
- O que você faz aqui? - Ela disse, desconfiando que ele era da gangue rival à dela.
- O que VOCÊ faz aqui, é a pergunta.-analisou-a da cabeça aos pés. -Não me diga que também está atrás dos documentos.
- Sim, e pelo visto, temos um problema aqui.
"Bea, temos pouco tempo"
Ela escutou Jennifer falar no seu fone. Ótimo.
- Temos duas opções - Cameron fala, olhando-a com atenção.
- Fale de uma vez.- cruzou os braços, estava impaciente.
- Ou brigamos e disputamos os arquivos,- não era uma boa ideia, ele era muito maior que ela e não valia a pena atirar no cofre, só chamaria atenção demais.- ou dividimos.
-Dividir, sério?- zombou.- Tem certeza que quer dizer isso para o seu chefe?
- Tenho, ou você prefere arrumar uma briga para conseguir? - ele disse, rindo em desafio e indo para o fundo do cofre.
A garota o seguiu, e assim eles começaram a trabalhar pela primeira vez, juntos.
-Você pode, por favor, checar o cofre pra mim?- ele pediu, olhando-a de canto enquanto caminhavam.
Ela apertou o ponto eletrônico com uma unha pintada de um azul quase preto e chamou seu contato.
-Jenn? o número do cofre.- pediu, e quase pode ver a irmã virar os olhos.
-537-B, já era para você estar lá.
Ela olhou para Cameron com os olhos infinitamente negros, censurando-o.
-Houve um imprevisto, chame o Aaron e a Julie e ganhe tempo.
Jenn, alguns metros dali, se perguntava o que diabos poderia dar errado pra irmã pedir mais tempo, mas não questionou. Esbarrou, de propósito, em Aaron e o fez derrubar a caixa que segurava.
Arrumavam uma grande confusão, enquanto Beatrice e Cameron andavam pelo labirinto de cofres que era o banco.
-Qual é o seu nome, pequena ladra?- Cameron perguntou.
-Não acho que meu nome seja algo que interesse.- respondeu, com os olhos fixos a numeração do cofre.- Johnson vai querer me matar só por eu ter cogitado dividir os lucros com a sua laia.
Cameron riu sem humor. As duas gangues sabiam conviver muito bem, obrigada, mas sempre faziam aquelas brincadeiras.
-Tudo bem, garotinha, vamos aos negócios.
O cofre número 537-B era um dos menores, quase uma gaveta, mas o sistema de segurança era tudo o que eles imaginavam.
-Bom, você faz as honras?
A menina virou os olhos, um tanto irritada, e conectou um iPod com o programa de criptografia no painel.
Mal deu tempo para o programa terminar de baixar, um guarda apareceu, com a luz da lanterna refletindo no metal das portas.
Nem um dos dois pretendia se preso, mas também não queriam deixar o prêmio para trás.
Um segundo.
Foi o tempo de Cameron puxar a menina pelo braço e se enfiar num espaço vazio entre os cofres. Era muito apertado, tanto que o rosto de Beatrice foi amassado contra o peito dele. Cheirava bem.
-Religaram as câmeras.- Cameron murmurou, segurando o pulso da desconhecida.
-Não diga?!
Eles escutando os passos ficarem distantes, e logo saiem do esconderijo. Voltam para o cofre, e Beatrice volta sua atenção para o ipod. Cameron a apressava e passava um informação para seus parceiros. Pedia para desligarem o sistema de câmeras, enquanto isso, ela tinha sucesso em desativar o sistema de segurança.
-Beatrice.- disse, enquanto digitava os doze números da senha.- Meu nome é Beatrice.
Ele sorriu de lado e tirou o paletó, satisfeito.
-Cameron.
O cofre emitiu um bip baixo, que deu acesso a ambos. Na gaveta, a maior grana que ambas as gangues teriam acesso, mesmo dividindo no meio.
Mas, o que eles jamais pensaram que aconteceria, aconteceu.
O cofre estava vazio, a única coisa restante era um pedaço de envelope, com uma letra rabiscada em caneta vermelha.
"Tarde demais, otários."
Cameron olhou para Beatrice, com preocupação estampada no rosto: aquilo só podia significar uma coisa.
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Ultraviolence
FanfictionNew York parece calma quando vista de cima, mas quando se entra nos becos, nos prédios e nas ruas sem saída, pode-se ver as coisas que se escondem. Duas gangues familiares, especialistas em roubo de dados e tráfico de armas, duas gangues totalmente...