A chuva caía em uma estrada deserta. Meus pés descalços estão gelados, minhas mãos tremulas estão sangrando e segurando um medalhão em formato de lua crescente. Entro em uma floresta, e alguns arbustos arranham meu braço, causando cortes. O vento ficava cada vez mais forte, até que encontro um pequeno casebre rústico de madeira com as luzes acesas, e parece ser um lugar aconchegante.
Ando cambaleando, e bato na porta. Uma idosa atende a porta, e logo reconheço aqueles olhos enrugados e verdes como um limão. A minha avó. Ela sorri para mim, e estende o braço para dentro do casebre, dando passagem para eu passar.
O pequeno casebre é quente e aconchegante. O chão de madeira velha range a cada passo meu, o teto de madeira, parece prestes a desabar. Ando cuidadosamente até uma cadeira de pele de urso. Algumas mulheres, sentadas formalmente no tapete perto da lareira estão todas olhando para mim, sendo impossível não conseguir ver os sorrisos estampados nos seus rostos.
- Está chegando o dia, minha jovem! - Uma mulher alta de pele negra, vestida em um manto preto, toca em meu ombro.
Minha visão começa a borrar e apenas consigo distinguir o fogo queimando a lenha na lareira. Tudo fica escuro e começo a cair, não sei aonde estou, mas sei apenas de uma coisa, estou caindo.
Acordo assustada, os lençóis da cama estão todos enrolados ao meu corpo, e meu corpo todo está molhado de suor. Foi um sonho estranho e assustador, eu nunca havia sonhado com algo parecido. Meus pés ainda estão gelados como no sonho, mas meus braços não têm nenhum corte.
Vou até o banheiro e tomo um bom banho, para tentar esquecer aquele sonho esquisito. Escolho um vestido branco bem a cinturado que cobre as minhas coxas, e vai até o joelho. Coloco um casaco cinza e uma bota marrom.
Desço até a cozinha para comer alguma coisa, depois deste sonho eu fiquei meio atordoada e preciso ao menos me alimentar. A cozinha da minha casa é um grande, as paredes são revestidas de ladrilhos azuis. E perto do fogão há um enorme balcão com uma fruteira no meio.
- Oi mãe - Ela vira-se para mim com um breve lampejo.
- Oi filha, acordou cedo hoje! - Admirou-se ela.
- É, foi outro pesadelo - Seu olhar muda, ela fica com um olhar meio sombrio.
- E aí, já arrumou suas malas? - Pergunta ela, mudando imediatamente de assunto. E essa não é a primeira vez que acontece isso.
-Não, nós precisamos mesmo ir mãe? - Pergunto fazendo careta.
- Sim filha, você sabe que sim. Sua avó pediu para irmos lá ficar só as férias de verão. E além do mais, ela está um pouco doente e não tem ninguém para cuidar dela. Então, é melhor você arrumar a mala, ou então nós iremos com ou sem suas coisas. - Ela me dá uma tapinha sorrindo e volta para o fogão.
Minha mãe sempre foi atenciosa comigo, meu pai ao contrário, nos abandonou quando eu era ainda um bebezinho. Não entendo o motivo de ele ter nos deixado, mas quando falo nesse assunto minha mãe sempre protege meu pai. Seus cabelos ruivos são quase da mesma coloração que os meus, menos pelos cabelos grisalhos, e suas rugas estão cada vez mais visíveis.
Após arrumar as minhas malas, e coloca-las no carro, eu fico olhando para minha casa. O jardim da frente nunca esteve tão lindo, com tulipas, margaridas e rosas. Colho algumas tulipas brancas e as coloco em um vaso com água para dar a vovó, só tenho que torcer para que as rosas não murchem quando chegarmos lá.
* * *
Peabody não é nada do que eu imaginei, ela é uma cidade pacata. Depois de algumas horas de viagem, o carro finalmente para em frente a uma casa cor de vinho, com um jardim deslumbrante na frente da casa. Eu e minha mãe andamos pela passarela de pedras até a porta, aquele parece ser o lugar perfeito para passar três meses.
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Marcada pelo Mal
General FictionO primeiro livro da Trilogia, Marcada pelo Mal conta a história de Sally Underwood, uma jovem que vê sua vida mudar completamente quando descobre que vem de uma linhagem de bruxas altamente poderosas, onde terá que fazer uma escolha que mudará o seu...