Capítulo 2

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Acordo com o som estridente do despertador. As luzes do sol atravessam as enormes janelas do quarto. Coloco a mão no rosto, mas logo consigo me acostumar com a iluminação forte. Desligo a televisão, que provavelmente passou a noite toda ligada e me dirijo até o banheiro para tomar um bom banho. A água morna da banheira me faz relaxar e ao som de uma música ambiente, eu fecho os olhos e mergulho na banheira.

O vejo a fumaça se espalhando, o ar me faz respirar com dificuldade. Meus olhos ardem, e consigo enxergar uma multidão de pessoas, com roupas antiquadas. Meus pulsos doloridos estão amarrados nas minhas costas, e vejo a fogueira abaixo de mim. Alguém coloca um capuz preto na minha cabeça, o que me faz sufocar um pouco e não conseguir enxergar mais nada.

Está ficando cada vez mais difícil de respirar, e sinto meu pé queimar, logo sobe para as pernas, a dor insuportável, queima por todo o meu corpo.

Grito.

Meus gritos aumentam à medida que o fogo engole meu corpo, minha pele arde. Tento com todas as minhas forças me soltar da corda que amarra meu pulso, mas falho. Sentindo-me inútil, só o que me resta é esperar pelo pior.

Sento-me na banheira com falta de ar pelo tempo que fiquei debaixo da água. Levo a mão aos meus cabelos para checar se tudo isso que eu acabei de ver e sentir, foi verdade. Felizmente, meus cabelos e minha pele ainda permanecem os mesmos, sinal de que o que quer que fosse aquilo que acabei de ver, não era real, devia ser apenas do meu subconsciente. Mas no fundo, eu sabia que aquilo era estranho demais. Eu precisava saber o que aquilo significava e sabia quem teria as respostas.

* * *

Minha avó me abraçou quando cheguei a cozinha, onde ela e minha mãe estavam preparando um bolo de cenoura que parecia delicioso. Não sentei na mesa, fiquei olhando as fotografias com molduras antigas que estavam na parede. Em uma das fotos, vi uma criança com um vestido antiquado e ao lado de outra criança que segurava um urso. Lauren Underwood e Nora Blake, 1990. Achei estranho de princípio, mas acredito que minha mãe devia ser muito próxima da mãe do Nicholas. Sentamos para o café da manhã e minha mãe nos serve.

- Por que não está comendo filha? - Fala calmamente minha mãe, mas com um tom um pouco preocupado, ao perceber que apenas fico mexendo o garfo, mas sem comer nem um pedaço do bolo.

- Estou sem fome - Falo friamente.

Depois de um silêncio desconfortável, eu levanto e aviso que está na hora de ir para a escola. Minha avó me abraça e minha mãe desvia o olhar do meu.

O caminho até a escola não é tão longe como eu pensava. Ela é grande e um pouco velha, mas paredes brancas dão um ar mais jovial. Estaciono o meu jipe em uma das vagas, passo pelo portão principal e começo a andar no corredor extenso.

Fico andando a procura de algum mural, que possa ter algum mapa da escola pois não faço a mínima ideia de onde fica a sala de Matemática, mas só o que encontro são papéis informativos. Dou meia volta para ir direto para a sala do diretor para poder pedir informações, quando esbarro com alguém.

Levanto ainda com a cabeça girando e vejo que meus livros caíram todos no chão. Olho para cima e vejo um garoto alto, cabelos um pouco bagunçados.

- Desculpe.... Eu estava tão apressado que não te vi – Ele ia continuar, mas eu o interrompo.

- Tudo bem – Ele me ajuda a pegar os livros caídos no chão e eu levanto.

- Algum problema? – Fala ele olhando para mim com aqueles seus olhos verdes intensos.

- Não.... Sim, na verdade – Continuo – Eu estou um pouco perdida, não sei onde fica a sala de Matemática.

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⏰ Última atualização: Dec 05, 2015 ⏰

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Marcada pelo MalOnde histórias criam vida. Descubra agora