Dia dos namorados, um casal e o cotidiano de um amor

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Carolina acorda às cinco horas da matina, toma seu banho matinal, veste seu uniforme, penteia seu Black Power bem pro alto, passa seu perfume de rosas e vai pra escola.

Garota da zona sul, Carolina pega o busão lotado pra chegar ao centro. Sua mãe diz que os estudos muito importam se ela quiser se tornar alguém na vida.

Sete e quarenta e cinco a negrita já está na sala pronta para as três primeiras aulas. Química, física, filosofia mesmo sendo suas matérias preferidas parece que o tempo não passa... A garota passa o intervalo e a aula vaga ouvindo o som de Karol Conká e sentindo o corpo remexer-se na batida da música que fazia seu corpo se libertar.

Do outro lado João Ricardo acorda as nove, se apruma, passa o perfume que a sua pretinha tanto gosta. Saí do morro do Horácio e vai caminhando até a joalheria da Beira-mar. A vendedora repara no rapaz do morro, vestido com sua camiseta do 2pac e seu jeans surrado.

"Um garoto bom, sonhador, fazedor de rimas, um poeta, um apaixonado" – É assim que a comunidade de Joãozinho o julga, mas não foi assim que a vendedora o julgou.

"Pobretão" – A infeliz pensou. O sentimento de inveja a dominou, até o pobretão presentearia alguém naquele dia, mas e ela? Quem ela presentearia? Quem a presentearia?

Alianças compradas e rosas também. João Ricardo botou pra tocar o som do Emicida no iphone 4s pago em 12 vezes. Caminhou até Lauro Muller onde sua pretinha o esperava.

Sinal tocou.

- 11h45min, finalmente – Carolina pensou.

Com sua mochila nas costas ela saiu na frente de seus colegas de classes.

João Ricardo esperava sua pretinha no portão da escola, chamando atenção com o buquê de rosas. Ele não ligava aquilo tudo era pra negâ que ele tanto amava e respeitava.

João não escondia o tamanho do seu amor.

Carolina sorriu ao ver seu pretinho a esperando e lhe beijou apaixonadamente quando enfim se aproximou.

- Feliz dia dos namorados, amor. – João tirou do bolso da calça a aliança e colocou no dedo esquerdo da namorada.

- Eu sabia que você viria, meu eterno príncipe. – Carolina sorriu e o abraçou com tanto carinho e afeto que afetavam todos aqueles carentes de amor.

O casal foi embora de mãos dados, transbordando no mundo todo o seu amor e deixando para trás os que invejavam o casal negô.


Vários clichês e um cotidianoOnde histórias criam vida. Descubra agora