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Laís narrando

O silêncio predominava o meu quarto, o que acabava gerando um desconforto ainda maior.

- O que aconteceu quando foi embora? Naquela noite? - sabia que seria necessário contar cada detalhe desde o primeiro dia do meu desaparecimento.

- Havia ido ao banheiro e quando sai lembrei de comprar uma bebida, até comentei com a senhora no balcão. - iniciei contando. - Quando estava saindo para ir até onde vocês estavam, senti mãos me puxarem e logo algo tampando a minha boca.

Arthur estava sério, um pouco bravo por sinal.

- Quando percebi que era o Hugo achei que não seria nada demais, até acordar em uma cama amarrada por cordas. - expliquei. - Assim que ele teve a chance embarcamos em um avião para o Canadá. - contei. - Ele já havia planejado tudo, só não esperava que fosse dessa maneira, sabe? Sequestrando-me.

- Ele fez algo com você? - procurou algum sinal de machucados em meu corpo, mas é claro, nos últimos meses estávamos preocupados demais com o bebê.

- Na verdade sim. Desde o primeiro momento que chegamos na casa. - era difícil lembrar, mas precisava desabafar. Senti meus olhos queimarem, porém ignorei.

- Se não quiser falar... - lhe interrompi.

- Eu preciso.

Respirei fundo mais uma vez.

- Usou-me de todas as formas possíveis. Ele estava possessivo demais. Chegava bêbada de noite, queria fazer você sabe, caso eu negasse ele me batia. Qualquer motivo era sinal para violência. - tentei decifrar o seu olhar, porém Arthur havia mudado.

- Como se sente com esse bebê? - perguntou, apontando para a minha barriga.

- Não sei como ele ou ela está. Não tive nenhuma consulta. - contei. - Mas pretendo recomeçar a minha vida, já o amo incondicionalmente.

Ele olhou para frente. Respirou fundo. Seus olhos brilhavam, podia apostar que estava a ponto de chorar.

- Não acredito que deixei isso acontecer. - sussurrou baixo.

- Ei, a culpa não é sua se o Hugo agiu como um louco. - toquei sua mão e senti uma corrente elétrica, ele também sentiu, olhou-me com os olhos arregalados.

- Se eu tivesse ido com você ao banheiro naquele dia... - lamentou-se.

- Nós não poderíamos saber o que iria acontecer. - beijei sua bochecha.

Bocejei sem jeito. Como estava gravida, quase sempre estava com vontade de dormir e também pelo fato do meu corpo estar doendo.

- Está cansada? Você precisa descansar. - levantou preocupado.

- É por causa do bebê. - sorri sem jeito.

- Quer ajuda? - ofereceu.

- Irei aceitar. - pisquei.

Arthur ajudou-me a deitar na cama e em seguida cobriu-me com a coberta fina. Analisou-me por um tempo sem dizer uma palavra sequer, isso realmente me deixava constrangida.

- Qualquer coisa você pode ligar. - comentou.

- Obrigada. - agradeci.

Quando Arthur estava chegando na porta, lembrei-me de falar algo.

- Arthur? - chamei.

- Sim?

- Ela parece ser uma mulher maravilhosa. - pisquei, senti os meus olhos embaçarem, talvez eu estivesse precisando ficar sozinha.

02 - O que é que tem? - O Reencontro (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora