Sabe aquele momento que olhamos em direção ao nada e a nossa vida passa diante de nossos olhos? Bem, Navarre sabia bem como era essa sensação.
Embora Jack não calasse a boca dentro do carro enquanto fumava seu meio charuto fedido e seboso que rolava de um lado pro outro da sua boca, Navarre não estava ali, pelo menos seus pensamentos não estavam...
-Navarre venha aqui!- disse a senhora de cabelos tão loiros que até pareciam ser brancos- Onde diabos está esse menino?
-Já estou indo mamãe!- respondeu uma voz fina e frágil vinda de trás do que parecia ser uma casa de brinquedo- Estou aqui mamãe, estava brincando com a Sam!
Finalmente o dono da frágil voz se mostrou, um garoto pequeno e esguio, de olhos fundos e cabelos loiros, andava apressado com suas finas canelas cobertas por arranhões de todos os tamanhos, ele tinha nos olhos alguma coisa diferente dos outros garotos, olhava para sua mãe como se procurasse muito algo.
A mãe por sua vez mostrava que era realmente mãe já que os cabelos loiros e a pele estranhamente branca, era uma perfeita cópia da de seu filho, ela parecia cansada e com pouca paciência e estava com visíveis olheiras estampadas em sua face.-Navarre, eu quero que me escute dessa vez!- disse em tom severo- Não quero mais receber reclamações sobre o seu comportamento! Está me ouvindo?
-Sim mamãe.
-Então agora cuide de ir limpar o seu quarto e depois...
De repente um enorme estrondo faz todas as luzes se apagarem, o que era bem complicado já que eles estavam num jardim ao ar livre. O frágil Navarre sente o seu corpo dormente e algo viscoso escorrendo por seu rosto, um grito "FILHO DA PUTA! !", Navarre lembrou que sua mãe havia proibido aquele tipo de palavra e sentiu medo da raiva que ela sentiria depois de ouvir aquilo, infelizmente Navarre não conseguia enxergar nada e só ouvia uma risada e gritos de ódio cheios de xingamentos, então ele pode abrir os olhos.
Ao ver que estava banhado em sangue e pequenas particulas de carne ele sentiu que algo estava muito errado, e ele teve certeza pois a próxima imagem que ele viu ele nunca mais esqueceria, e no lugar onde estava a cabeça de sua mãe só um enorme buraco vermelho e estraçalhado numa tenebrosa mistura de sangue e miolos, os restos de cérebro estava por toda a parte e Navarre não se manifestou, estava lá... parado.. em choque.
Ele sentiu algo grande e com tantos músculos que seus mebros superiores pareciam ser feitos de granito, os risos não paravam, até que em um estalo Navarre estava deitado em uma maca dentro de um enorme quarto branco, um hospital.
A porta se abre, uma enfermeira com uniforme branco e prancheta em mão entra no quarto e pergunta como Navarre está se sentindo, ele sente náuseas e dores no corpo a ponto de sentir suas vertebras latejando, a enfermeira sai e tudo escurece novamente...
-Nav? Como você tá? Nav fala comigo!- disse uma voz feminina, doce e preocupada
De imediato ele sabia quem era a única pessoa no mundo a quem ele permitiu chama lo por um apelido 'Nav', sim era ela o grande amor de sua infância Sam. Samanta Lewis, era finha de um rico casal das redondezas e vivia colada em Navarre, eles faziam de tudo juntos eram melhores amigos, e Nav escondia o ainda inocente amor por ela. Sam estava bonita como sempre, com seu cabelo caindo sobre o rosto, Nav o ajeitou como sempre fazia, ela estava abatida e parecia ter chorado muito nas últimas noites, um momento... noites? O que aconteceu? A quanto tempo ele estava lá? E... a sua mãe...
-Sam... a minha mãe...- ele não conseguiu terminar
-Nav... ela..- uma voz firme e grossa interrompeu.
-Jovem Navarre, a sua mãe não está mais entre nós.- o Sr.Lewis estava no fundo da sala, longe demais pra um garoto de 13 anos e fraco ver com clareza, mas estava sério, muito sério.Tal seriedade impediu que Navarre chorasse como um bebê, mas uma pergunta vinha em sua mente porém ele perguntou antes de concluir o pensamento:
-E agora?- engoliu o choro.
-Agora você mora comigo e minha família, e eu quero que você seja forte meu jovem, quero que você... chore.O Sr.Lewis não precisou nem terminar a frase, Navarre já chorava nos braços de Sam, um choque e um choro que o fez desmaiar logo em seguida. Quando acordou novamente estava num quarto que lhe era estranho, mas sabia que estava na casa dos Lewis, principalmente pelo cheiro de incenso sempre acompanhando a sra.Lewis de cômodo em cômodo da casa, Navarre sentiu um aperto no peito, sua mãe. . morta na sua frente.. e ele coberto de sangue e restos do que um dia foi o rosto dela.. essas imagens, essas sensações horríveis o perturbariam por toda a sua vida, e seus pensamentos não mudaram por muitos anos, mesmo aprendendo Tai-chi com o Sr.Lewis e sempre com sam do seu lado, ele ainda sofria e chorava todas as noites.
Com a maior idade e a decisão de se tornar detetive ele pegou o dinheiro que tinha agradeceu todos os anos de acolhimento por parte dos Lewis, e foi embora pra nunca mais voltar...-NAVARRE!!- gritou Jack fedendo mais do que nunca- Nós chegamos seu merda, para de sonhar feito uma menininha e estaciona a porra do carro, esse civis desgraçados não param de fazer tumulto.
Navarre parou o carro a uma quadra de distância do lugar indicado pelo GPS, não era possível ir mais adiante com um carro, os curiosos fecharam a rua.
Abrir espaço entre a multidão era fácil com o fedido charuto de Jack ainda acesso e o cheiro de carniça do mesmo só ajudaram a abrir caminho entre a multidão de pessoas após caminhar cerca de 100m e virar a esquina Navarre pode olhar pra cima e avisar um gande letreiro que mesmo as 10 da manhã ainda brilha, nele podia se ler CASINO LOTÚS DO ORIENTE, o bloqueio policial era bem preparado, e após mostrarem os distintivos entraram na recepção do casino que parecia incrivelmente normal, fora é claro os mais de 40 investigadores e policiais que perambulavam de um lado pro outro, enfim Navarre chegou na cena do crime e que sensação estranha era aquela?...
Acho que pela primeira vez era... medo.Oi pessoal! Obrigado por estarem acompanhando, finalmente terminei o cap.4
Estou tentando fazer capítulos maiores, e finalmente Navarre está prestes a desejar não ter levantado da cama essa manhã.
Bjs e até o próximo capítulo.
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Lotús do Oriente
RandomFicção polícial com um toque que horror, Navarre perdeu sua mãe bem cedo, e agora é um detetive "especial" de uma cidade grande, criado por um mestre de tai-chi, terá que desvendar o misterioso assassino do Lotús do Oriente, enquanto os fantasmas de...