Part 1

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Flashback on

Suspirei fundo uma última vez antes de pular o muro. Era a primeira vez que eu cometia um crime sozinha. Sim, no fundo eu sabia que não era o certo, e sabia que consequências poderia vir a ter, mas não me importava. Eu realmente havia sofrido muito, e eu só queria que eles passassem pelo que passei. Mataram minha mãe. A minha mãe; Por um simples divertimento. Há mais de um mês acontecia uma série de assassinatos em minha família, por conta da maldita dívida que minha mãe herdou da família. Já não era o bastante tirarem meu pai de mim, e agora, eu teria de viver sem a mulher que me deu a vida. Eu tinha que pôr um fim nisso. Nas mortes, no sofrimento, na dor. E só tinha um jeito de saciar minha dor: causar a mesma em cada um deles, um por um.
Já no terreno, procuro alguma passagem aberta. Tento primeiro a porta da frente, mas paro antes de tentar girar a maçaneta. "Porta da frente é óbvio, idiota" penso comigo mesma. Dou a volta no terreno, avistando uma janela com uma fresta aberta no segundo piso, e uma árvore perto da mesma. Ponho meu revólver no cós da calça, e então começo a subir a árvore, sem emitir som algum. Já na extremidade, estico o braço direito, e com ele, abro o resto da janela. Antes de entrar, olho atentamente o local. Era justamente onde eu queria chegar; no quarto de Klaus Rodríguez, um dos caras envolvidos no assassinato. Pego minha touca, prendo os cabelos e em seguida a coloco. Adentro o local, calmamente. Olho com desdém para o homem de meia idade que estava dormindo na cama king. "Esse filho da puta não merece uma morte silenciosa" penso, rolando os olhos.
Procuro em minha bolsa de lado algo que me fosse útil no momento, e então resolvo optar por uma simples fita "silver tape". Meço um pequeno tamanho e o corto com os dentes. Me aproximo do homem, colocando a fita em sua boca, para abafar os gritos.
O certo seria atar seus braços e pernas, Mas Rebecca não estava ali pra me ajudar nisso, e eu não poderia correr o risco de deixá-lo acordar antes do tempo.
Me aproximo da cama, indo para o lado onde o homem dormia, e me agacho, ficando cara a cara com ele. Puxo seu travesseiro com força, para que sentisse o puxão. Ajeito–me de joelhos no chão, agora com o travesseiro em baixo dos braços, e a arma um pouco escondida. Ao ver o homem acordar aos poucos, alargo um sorriso calmo. O mesmo sai do transe e tenta se levantar, me encarando com os olhos arregalados. Dou uma piscadela e levanto a arma, para que ele pudesse enxergá–la. Ele dá um grito, o que só me faz ter mais vontade de fazer o que eu queria. Sibilo um "shh", levando o indicador até minha boca. Ele faz menção de gritar, e então percebe que algo o impede, e tenta arrancar a fita de seu rosto. Mas eu sou mais rápida. Antes de qualquer movimento seu, encosto a arma no travesseiro, mirando para seu pênis, e aperto o gatilho. Klaus grita e se contorce de dor, o que me faz rir, instantaneamente. Assim que recupera um pouco do fôlego, ele tenta se levantar, mas sem sucesso. Subo na cama, ficando em pé. Faço o mesmo ritual novamente, só que agora, apontado para sua cabeça, e puxo o gatilho. O homem volta, na mesma hora para seu lugar na cama, parando de gritar, pois agora tinha um buraco atravessado em seu crânio. Sinto respingos de seu sangue em meu rosto e os limpo com desdém.
– Por Jasminne.

Flashback off

Assim que eu acordo, me espreguiço e levanto da cama. Avisto Rebecca jogada na poltrona tocando alguns acordes de uma música de rock qualquer na guitarra, coisa que ela fazia enquanto estava entediada. A observo, sorrindo.
– Bom dia. – falo, indo até ela e lhe dando um selinho demorado. A garota sorri em retribuição. Vou até a mesa de jantar e tiro uma maçã vermelha de lá, lavando a mesma na torneira que não ficava muito longe, e em seguida, mordendo um pedaço da fruta.
– Quem é a vítima, e quanto vamos ganhar por isso? – pergunto, dentro da normalidade. Nos conhecemos no reformatório, quando ambas foram levadas pra lá depois da morte de nossos pais. Ao sair de lá, Rebecca me ensinou tudo o que sabia sobre a... arte de matar, digamos assim. Tecnicamente, tudo o que sei hoje, aprendi com ela.
Rebecca pegou uma ficha ao seu lado, sem sair do sofá, e posicionou a guitarra escorada na parede. Começou a folhear os papéis, e abriu um sorriso.
– Willian Hanks, 35 anos, milionário. Sua mulher nos procurou. Aparentemente, o cara tem um seguro de vida da porra. – Ao dizer isso, Rebecca solta um riso nasal.
– É impressionante o que as pessoas fazem por dinheiro. – Mordo a maçã mais uma vez, e então troco o peso do corpo de um pé ao outro. – Eu nem sei o que seria capaz de fazer se eu soubesse que você está forjando minha morte só pra ficar com minha grana. – brinco, dando de ombros, a encarando com um sorriso malicioso no rosto. Vejo a menina rolar os olhos, sorrindo, e então, caminha em minha direção.
– Nem se eu quisesse eu teria coragem de matar você. – Ela diz, segurando meu rosto com as duas mãos, em seguida me beijando. Um beijo cheio de desejo, porém calmo e provocante. Sorrio, e então levo as mãos na altura de seus ombros, a afastando. Mordo o lábio inferior, olhando em seus olhos.
– E não tente. Ao passar dos anos, aprendi melhor que ninguém a ser uma matadora profissional.
Rebecca mantinha um olhar provocativo, e apenas assentia, inocente, com a cabeça.
– E então, Becky , o que acha de sairmos para nos divertir um pouco? – perguntei sorrindo para ela de maneira maliciosa, ela retribuiu e depositou um beijo estalado em meu rosto.
– Sinto muito, gata, mas eu tenho um compromisso. – ela respondeu, passando por mim e pegando sua jaqueta em cima da cama. Revirei os olhos.
– Posso saber aonde é que você vai praticamente todos os dias, Rebecca? – perguntei frustrada, ela franziu o cenho e cruzou os braços.
– E desde quando você decidiu que tem que saber sobre isso?
– Desde que percebi que a única que realmente trabalha nessa droga sou eu. Sou eu quem se envolve com o perigo e é você quem vive cheia de compromissos. – Insisti cruzando os braços também.
– Ah, fala sério, Rosalie , eu não devo satisfações a você. – ela disse vestindo a jaqueta e virando–se de costas para mim indo em direção à porta. – Não precisa me esperar. Devo voltar tarde. – Revirei os olhos ao ver a loira saindo do quarto.
Andei até a cama novamente e me atirei sobre ela. Eu detestava quando Rebecca e eu discutíamos, mas eu realmente ficava zangada com o fato de ela sempre estar saindo sem me dar satisfações. Corríamos perigo o tempo todo. Ela sabia disso.
Além do quê, a história, era muito mal contada. Ela passava dias fora dizendo que eram trabalhos pessoais, e logo depois voltava sem nenhum tostão. Falava que o dinheiro ia pra conta no banco, mas é óbvio que ela não possuía uma. Por meses eu não engolia a história, e estava prestes a descobrir sobre o passado dela.

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⏰ Última atualização: Oct 11, 2015 ⏰

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