Conhecendo Ashley

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Ashley ajeitou a bolsa no ombro e respirou fundo. Estava acabando, seu último ano na faculdade, uma oportunidade única que estava vivendo. Seu pai havia pago todos os seus estudos e agora o que ela mais queria era dedicar seu sucesso ao seu pai, a quem amava tanto.

Ashley era uma mulher linda. Seus cabelos ruivos naturais e olhos verdes não passavam despercebidos, sem falar no seu apelo sexual fortíssimo. Mas era um fato: Ashley não era muito adepta a relacionamentos. Primeiro, porque achava uma perda de tempo e segundo, porque seu pai pegava no pé quando começava a sair com alguém. Gostava de sair pra tomar cerveja em um bar no centro da cidade, que seu amigo da faculdade era dono. Não tinha muitos amigos, e os que tinha, a maioria eram homens, sendo que tinha apenas Luisa como amiga.

— Pai? - disse ao abrir a porta. — Paaaii! - cantarolou como sempre quando ele não lhe respondia.

— Filha, finamente! - disse seu pai ao vê-la. — Esses são Martins, Shultz e White. - apresentou os três homens que estavam sentados no sofá.

— Muito prazer. - Ashley apertou a mão de cada um. — Posso saber o motivo da reunião? – cruzou os braços.

— Sente-se querida. Eles têm uma proposta. - ela obedeceu seu pai, sentando-se ao seu lado. Os homens a encaravam com muito interesse.

— Nós trabalhamos para o FBI. - disse um deles mostrando o distintivo, e ela então arqueou a sobrancelha.

— É, da pra perceber. – Ashley disse.

— Você está sendo convocada por Gerard Sanderson a trabalhar conosco, senhorita Smith. - ela riu.

— Me diz que não foi ideia sua! – virou-se para seu pai.

— Não foi seu pai. Nós sabemos tudo a seu respeito, sabemos dos seus talentos especiais. - Martins respondeu firme.

— Talentos especiais? – Ashley não estava entendendo a razão de três agentes federais estarem em sua casa.

— Quer um resumo? Você aprendeu artes de defesa pessoal aos 12 anos de idade, foi criada dentro da corporação do FBI, aprendeu vários truques com seu pai. Aos 18 anos ganhou sua primeira arma, formou-se no mesmo ano. Sabemos que surrou seu ex namorado após uma traição na frente dos amigos. Está cursando o último ano da faculdade de Psicologia. Quer mais alguma informação? - Martins disse tudo como se realmente a conhecesse.

— Nossa, quer aplausos agente? Quanta invasão! – seu pai lhe olhou feio.

— Nos empenhamos em buscar informações quando nos interessa. - White falou chamando sua atenção. — Sabemos tudo sobre você. É um fato! - ela ficou tensa de repente.

— Então, já que me conhecem tão bem, nem deveriam ter se dado ao trabalho. Já sabem que eu não vou trabalhar para o governo. Foi por causa disso que minha mãe não está mais aqui. Mas acho que isso vocês também já sabem!

— Filha, posso falar com você? - seu pai apontou a cozinha com a cabeça. Ashley o seguiu ainda com a cara fechada.  — Olha, eu sei que você disse que jamais faria isso.

— E eu vou continuar com minha decisão! - ela disse mais baixo.

— Ashley, é um ótimo trabalho! E você sabe de tantas coisas. Seria um desperdício não usar isso. Você é tudo o que eu tenho, eu já não estou mais na ativa. - Ashley bufou.

— Pai, eu não posso! A mamãe não está mais aqui por causa disso! -sentiu os olhos queimarem. Este era o único motivo que a fazia chorar.

— Ashley, o trabalho de um agente federal é perigoso meu amor, sabemos dos riscos. - ela rolou os olhos. — E o salário é excelente! Quando se aposentar... - John arriscou uma risada.

— Você sabe que apesar de eu ter crescido nesse meio, nunca quis fazer parte. Por esse motivo eu me meti na faculdade papai. - Ashley falou.

— Mas não é o que você quer! Você sempre disse que queira ser uma agente igual a mim. É a sua chance! - ela respirou fundo.

— As coisas mudam, papai. - mentiu. Sabia que lá no fundo, ela queria seguir os passos do pai. Mas ver sua mãe morrer por descuido do governo a fez mudar de ideia.

— Olha, eu sei que lá no fundo você só sente aversão por causa da morte da sua mãe. Mas é o que você ama, Ash! Eu via em seus olhos quando eu te treinava. Eu via sua dedicação. - ela cruzou os braços. — Pelo menos tente. Se não for o que você realmente quer, não precisa ficar.

— Eu ainda não sei do que se trata. Vamos ver o que eles tem a dizer. – Ashley disse e voltou para a sala. — E então, qual a proposta?

— Você será uma das nossas agentes secretas. Sabemos que é a área que você mais gosta, e você possui excelentes habilidades de disfarce. – Martins disse.

— Me pergunto o que mais vocês sabem! - Respirou fundo. — Eu terei que ficar o dia inteiro na corporação? Porque eu ainda preciso terminar minha faculdade.

— Não será necessário, poderá continuar sua vida normalmente. Você pode terminar seus estudos. - explicou Shultz. — Precisamos que compareça amanhã ao nosso centro de treinamento. Vamos lhe apresentar sua equipe.

— Ah não, eu não trabalho em equipe! - ela disse.

— Ninguém trabalha sozinho, senhorita Smith. Você até pode agir sozinha, mas sempre vai haver uma equipe por trás te dando suporte. - Martins disse.

— Veremos! - Ashley disse desafiadora.

— Muito bem. Esperamos você amanhã. - Martins ficou de pé e apertou sua mão. — Smith! - apertou a mão de John.

— Martins! - disse.

— Sempre um prazer, Smith. - Shultz apertou sua mão. — Até mais, Ashley. Espero ouvir sobre você. - disse simpático apertando sua mão.

Ashley e seu pai assistiram os três homens entrarem em um carro preto e partirem. Ashley esperou seu pai fechar a porta.

— Eu não acredito que vou fazer isso! - disse se jogando no sofá.

— Você vai ser uma das melhores, Ash. Você vai ver. - John falou animado. — Apenas tome cuidado. Você é tudo o que eu tenho. - ela fez bico.

— Pai, não me faça chorar! Eu já sou bem grandinha e sei me cuidar. Sem contar que eu aprendi os melhores truques com o melhor agente. - beijou seu rosto.

— Eu posso estar velho, mas ainda dou conta do recado. – John disse rindo.

— Eu sei que sim, pai. Mas você já trabalhou muito, está na hora de descansar. Eu vou tomar banho e estudar um pouco. – Ashley disse e sumiu pela casa.

Lá no fundo Ashley sabia que queria aquilo, mesmo que jamais tivesse imaginado que entraria para o FBI um dia. Esse era o meio que ela havia crescido e parece que nunca vai se livrar disso.

Por tantas vezes se perguntou por que escolheu fazer Psicologia. Queria entender como as pessoas faziam suas escolhas sem muitas vezes pensar nas consequências. Gostava do que estudava, mas seu interior gritava por ação. Talvez fosse interessante trabalhar com o FBI.

A Super Agente (DESGUSTAÇAO)Onde histórias criam vida. Descubra agora