Marshall Sullivan era o típico modelo de excelência estudantil: assídua, centrada, recordista de notas A+ e extremamente passiva. Sua rotina baseava-se numa dieta escassa de carboidratos, maratonas sutis até a biblioteca local e, nas horas vagas, um programa saudável de rotulação de equipamentos. Tudo na sua vida possuía uma etiqueta: desde suas roupas íntimas semanais até seu almoço diário. Seu passatempo favorito poderia ser confundido com seu tempo de qualidade ouvindo Chopin. Já sua colega de quarto, tão experiente na excentricidade da ruiva, acreditava que Marshall gostava mesmo era de torrar sua paciência durante a noite. Aparentemente, a garota tinha uma mania irritante de dormir apenas sob a influência de barulhos da natureza (daí surgiu toda a teoria de conspiração contra seus ruídos de baleia acasalando). Marshall, embora possuísse a genética dos fios vermelhos, não tinha a chama ardente do temperamento que corrobora para tantos estereótipos. Ela era complacente, conivente e equilibrada. Mesmo assim, à parte de tanta bondade e mesura, ainda reservava alguma ferocidade, em momentos únicos onde conseguia manifestar o que sentia, no doce tom das suas palavras.
Mason Cooper, ou, como as más línguas teimam em chamá-lo, M.C., acompanhava a loucura da colega de classe com desinteresse. O que um garoto rico e descolado teria em comum com uma nerd cheia de manias? Absolutamente nada. Mason era o que poderíamos nomear como popular. Participava de cervejadas, reinava entre as garotas, recheava a carteira com a herança familiar, e, além de tudo, escapava da grade curricular do seu curso de jornalismo com uma média quase enforcada. Não tinha nada de diferente dos tantos outros caras ricos, boçais e infelizes do campus, mas, ainda assim, destacava-se... Tinha certa obsessão por cigarros de menta e uma ligeira impressão de que sua vida era um anacronismo (tinha essa ideia ilusória de que sua vida havia estacionado nos anos oitenta). Sempre andava com uma caneta esferográfica e uma caderneta no bolso da calça jeans surrada para seus momentos efêmeros de inspiração. Era fã das palavras de Schopenhauer e Kerouac, amante de gaitas e um pouco solitário. Tinha alma de poeta, mas transparecia vazio. Seguia o mantra de Kerouac e estava constantemente em busca da sua própria "Estrada".
Embora dividissem a mesma turma, Marshall e Mason nunca haviam se falado. Ele a achava uma perdedora paranoica, enquanto ela o achava um completo desperdício de matéria orgânica (e não vamos nem tocar em seu estudo de caso a respeito do pulmão condenado devido ao uso descontrolado de cigarros do garoto). Mas todo mundo já cansou de especular sobre como o destino move suas cartas. E, para nosso casal inesperado, o convívio era inevitável.
Então, certo dia, durante uma pequena confissão equivocada, um acaba tropeçando na vida do outro. Desde então, era apenas uma questão de tempo para que a amizade inusitada surgisse.
E assim foi durante os cinco anos da faculdade - uma amizade nascida da adversidade e cultivada na esperança de algo mais -, até que, infelizmente, não foi mais.
Quase oito anos depois do primeiro contato estabelecido, Marshall agora é uma jornalista prestigiada numa editora famosa de New York. Mason está para sempre perdido na imensidão do mundo (ou isso é o que a mente da ruiva alimenta como conforto).
Mesmo assim, os dois corações estão ligados a uma emoção inexplorada durante os oito anos em que passaram evitando seus sentimentos.
Será que o destino, mais uma vez, conseguirá juntar esse par ímpar?
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Marshall & Mason - 2920 dias
RomanceMarshall Sullivan era o típico modelo de excelência estudantil: assídua, recordista de notas A+ e extremamente passiva. Sua rotina baseava-se numa dieta escassa de carboidratos, maratonas sutis até a biblioteca local e, nas horas vagas, um programa...