PRELÚDIO - TRAGÉDIA NA CABANA

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TRAGÉDIA NA CABANA

26 de Abril de 2007

John Löhnhoff,médico cirurgião respeitado na cidade de Raygrove, está trancado por uma nevasca em sua cabana de caça a muitas milhas de sua casa com a esposa e filha. Juntos próximos a lareira John e a esposa Michelle guardavam o sono tranquilo da pequena Sophia enquanto esperam a tempestade passar jogando damas com um tabuleiro já desbotado. Fora da cabana o vento se torna um choro incessante. O senhor Löhnhoff é o primeiro a ficar em estado de alerta. Ergue a cabeça, preocupado e se concentra no som aterrorizante que se comparava a gritos de desespero, causados pelo forte vento contra as velhas madeiras da cabana. É apenas o vento,tenta se convencer. Sua esposa o observa com os olhos esbugalhados.

―John?―Ela sussurra com a voz trêmula. Em uma tentativa de acalmar Michelle ele acaricia a pele macia e aquecida de seu lindo rosto.

―Apenas o vento, querida. ―Mas o vento entra por fendas, não pode arranhar portas... tentando entrar. Pode ser um vira-lata perdido, imagina ele, perdido e a procura de algum local seco para se aquecer. Talvez fosse desumano demais deixá-lo la fora, John. Sua consciência lhe diz... Mas ele permanece imóvel. A pequena cidade de Raygrove tem passado por uma época difícil; toda a região está tomada por mau agouro, muitas pessoas desaparecidas um bocado de corpos encontrados mutilados na floresta,e o senhor Löhnhoff naquele momento pode sentir as garras frias do medo espetando seu peito, afinal ele não estava só, bem que havia dito para a esposa ficar em casa com Sophia e o filho mais velho do casal, Jason que havia ficado na cidade, seria uma viagem rápida a negócios,se estivesse sozinho no carro naquela noite certamente não teria parado por conta da forte tempestade. Ouve claramente as mesmas garras que alfinetavam seu coração agora na porta mais uma vez, mas com mais força. Antes que ele tivesse a oportunidade de decidir o que fazer, aquele som, mais parecido com um gemido rancoroso, se tornou um uivo. Em seguida há um barulho estrondoso como se algo inacreditavelmente grande e pesado acertasse a porta...houve um vacilar... e avançou novamente, mais uma vez. John Löhnhoff olha ao redor, sua esposa estava pálida junto de sua filha que ameaçava acordar com o barulho ensurdecedor que vinha da porta. Procurando algo para reforçar a porta anda ágil de um lado para o outro, mas não acha nada. Ouve o ser caminhando lá fora, como se pensando em qual seria seu próximo movimento, e do nada apenas se ouve o vento soprando sem tanta euforia. John sabia que a besta atacaria novamente, mas, antes que ele pudesse esconder a esposa e a filha, aquilo ataca novamente, desta vez deixando a porta resumida a palitos no chão. Dentre todos os lobos que John Löhnhoff já vira em sua vida,sabia que naquele momento estava frente a frente com o maior de todos. Seus grunhidos eram de uma forma terrivelmente assustadora e de longe levemente semelhantes a palavras humanas. John não havia levado seu equipamento de caça, afinal estava tentando voltar de uma reunião de negócios, se tivesse sido um bom filho e escutado o que seu pai sempre lhe dizia, agora provavelmente teria uma arma para defender a família. Aquela aberração avança, os olhos vermelhos exalando maldade e sede por sangue faiscavam em direção a Michelle e Sophia, ambas encurraladas em frente a lareira, o som da madeira estalando no fogo se tornou um relógio, John sabia que se não fizesse nada perderia a esposa e a filha, o animal estava com suas orelhas eriçadas como triângulos peludos. Sua língua agitada,ondulava com o forte som de seu rosnar. As enormes presas brilhavam assustadoramente. A neve e o vento frio enchiam a sala e ameaçavam apagar a lareira a qualquer momento. A pequena Sophia que estava no colo da mãe, abriu os olhos ainda sonolenta e um grito ardido de desespero saiu de sua delicada garganta quando se deparou com aqueles olhos flamejantes e demoníacos. O animal atacou. Michelle protegeu a filha pequena, que sangrava por conta de um corte causado pelo animal. John correu em direção a besta e o acertou com o um ferro que usava para acender o fogo da lareira. O lobo, desviou o ataque para John que no exato momento correu para fora da cabana,deixando para trás a esposa e a filha desacordadas no chão ensanguentado. Sabia que valeria a pena, as duas estavam vivas. O ruido dos gritos do homem, ecoaram por entre as árvores e foi abafado pela fúria da impiedosa tempestade.


SOB A PELE - A Hospedeira da BestaOnde histórias criam vida. Descubra agora